Da agenda do vô:
Tudo, tudo, tudo. Todo mundo.
Marina tem dito isso, nos últimos dias. Marina é uma coletivista – quer tudo amplo, irrestrito, pleno, plural, geral.
O jovem Caetano queria a geral, a geral na matinê do Cinema Olympia. Marina quer tudo, tudo, tudo, todo mundo.
Coisa mais gracinha, mais delícia.
Ontem, Fernanda postou um filmetinho de Marina, bem curtinho. Acho que foi o primeiro filmetinho de Marina que minha filha botou no Facebook – ao contrário do pai dela, Fernanda é cuidadosa, ponderada, ajuizada, sucinta, manêra. Fernanda manera – enquanto o pai é prolixo, insistente, contumaz.
Mandou para nós a versão mais longa. No filmetinho, Marina primeiro tira todos os lápis de cor de dentro de uma pequena sacolinha. Depois ela recoloca todos os lápis dentro da sacolinha – para depois tirar todos de novo. É uma brincadeira que ela adora fazer – tirar e colocar, tirar e pôr de volta. A novidade é que agora, com 1 ano e 8 meses, Marina fala o que está fazendo. Marina irradia-se a si mesma:
– “Mamãe, Marina tira tudo, tudo, tudo.”
– “Papai, Marina tira tudo, tudo, tudo.”
E depois:
– “Marina gada tudo. Tudo, tudo, tudo.”
Gada, do verbo gadar, que daqui a alguns meses vai virar guardar. Mas “tira” ela fala direitinho.
A voz dela é lindíssima, faz meu coração velho acelerar, doer de paixão. Não sei como será quando ela crescer, mas a voz dela bem criança é grave, quase rouca. Uma espécie assim mais ou menos da voz de Kathleen Turner. De Jessica Rabbit. Lindíssima.
Ontem, quando vi os filmetinhos – a versão que foi exibida, e a director’s cut -, me deu uma saudade brava. Hoje, depois de três dias inteiros sem Marina, fui vê-la.
E, lá pelas tantas, ela me deu uma nova versão do tudo, tudo, tudo.
Primeiro, fez questão de posar para uma foto junto com vários dos amiguinhos. Colocou-os na poltrona da sala, dizendo o nome de cada um, e aí falou: “Marina!” – e sentou-se no cantinho, junto com os amiguinhos, segurando o Elmo no colo.
Depois, resolveu botar todos eles dentro do berço. Não contei quantos eram, mas eram muitos. Deixe ver se me lembro: Elmo, Elza, João, Babu, Pluto, macaquinho Chico azul, a cobra, a Miúda, a Cachinhos Dourados, o piu-piu gigante, o sapo, a arara.
Quando estavam todos dentro do berço, pediu para que eu a colocasse lá, no meio deles. E, com ar de imensa satisfação, exclamou: “Todo mundo!”
Em seguida, começou a jogar os brinquedinhos no chão. Um a um. Até ficar todo mundo junto de novo no chão.
E aí começou a levar todo mundo pra sala. E de lá de volta pro quarto. Entre uma e outro, no caminho, no corredor, saltitava feliz.
A mãe chegou do trabalho quando ela estava nessa tarefa, alegre, faceira, saltitante.
Sei como a mãe se sente quando chega em casa e vê Marina contente que nem pinto no lixo. Sei muito bem. Lembro de como ela me fazia feliz quando era do tamanho de Marina. Ela me faz feliz desde que existe, a mãe de Marina.
10/12/2014
Legal, Servaz fazendo a pauta, mostrando ao seu velho e fiel seguidor que o mundo não é só de más notícias.
Gostei dos amigos da Marina.
Essa fase é ótima, eles têm energia à beça! (alguém ainda escreve ‘à beça’, além de mim?).
Haja pique para acompanhá-los…
A Marina é muito gracinha, e está muito fofa na foto com os amigos (desses só conheço o Elmo).