Tivemos 51 milhões de votos

É assim: não dá para venezuelar, argentinizar, bolivarizar.
Eles tiveram 54,4 milhões de votos.

Nós tivemos 51,0 milhões.

A diferença é pequena demais para eles quererem cantar de galo.

De 140 milhões de eleitores, eles têm o apoio de 54,0 milhões. Pouco mais de um terço.

É bom o Lula maneirar nos perdigotos dele!

Meu amigo Carlos Marchi reuniu outros números. Transcrevo: “O que em 2010 foi uma diferença de 12 milhões de votos agora se reduziu para apenas 3,5 milhões de votos. Dilma perdeu 1,2 milhão de votos absolutos em relação a 2010. E a oposição ganhou 8,5 milhões.”

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Vejo nas redes um mapa impressionante. Impressionante. Impressionante.

zzmapadilmanovo

Para que não paire dúvida, deixo claro: ao colocar aqui esses mapas, não quero, de forma alguma, incentivar qualquer tipo de idéia separatista. De superioridade de uma região em relação a outra. De jeito nenhum.  Só quis apontar que os mapas realçam e deixam muito nítido o fato óbvio: o PT vence nos locais mais dependentes do Bolsa Família. As exceções são pouquíssimas: Acre e Rondônia, que dependem do Bolsa Família mas deram vitória a Aécio, e, do outro lado, o Estado do Rio, em que menos de 25% da população recebe a ajuda do governo, mas deu vitória a Dilma.

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Gostaria imensamente de ter escrito o que Eliane Cantanhêde escreveu na Folha de S. Paulo, poucas horas depois do anúncio dos resultados da eleição. Um brilho absoluto:

“A presidente Dilma Rousseff tem um imenso desafio no segundo mandato: depois de vencer a eleição, ela precisa vencer ela mesma, a sua teimosia, o seu excesso de certezas, o seu autoritarismo.

Fim da campanha, é hora de Dilma anunciar seu ministro da Fazenda, escolher sua equipe, traçar a estratégia para tirar a economia do profundo buraco que ela própria abriu.

Só depois disso ela poderá reconstituir os laços e tentar recuperar a confiança dos setores produtivos, financeiros e acadêmicos. Negociar com partidos é exaustivo, mas sabe-se o preço. Atrair e segurar investimentos é bem mais complicado, e sabe-se o resultado.

No primeiro mandato, Dilma foi ministra da Fazenda, do Desenvolvimento, das Relações Exteriores, da Defesa, das Minas e Energia, além de presidente do Banco Central. Cercada de ministros obscuros, inseguros, ela pôde exercitar à vontade sua autoridade e imprimir sua visão de mundo no governo, uma visão sobretudo intervencionista.

Ninguém muda na idade de Dilma e com o poder de Dilma, mas se ela continuar exatamente como foi, a economia não vai sair do lugar, o crescimento continuará um vexame, as contas públicas fora de controle, a inflação no teto da meta ou até acima dele, as contas externas desequilibradas.

Quem sofre com isso não são os mais ricos, os mais escolarizados. Não são as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Não é São Paulo, onde ela perdeu feio. Quem sofre são os mais pobres, que Dilma julga salvar com programas pontuais. O buraco da economia e a estagflação tragam primeiro os mais vulneráveis.”

26/10/2014

8 Comentários para “Tivemos 51 milhões de votos”

  1. CONTAGEM REGRESSIVA
    FALTAM APENAS 1527 DIAS PARA O FIM DAS MÁS NOTICIAS,se ela continuar exatamente como foi, a economia não vai sair do lugar, o crescimento continuará um vexame, as contas públicas fora de controle, a inflação no teto da meta ou até acima dele, as contas externas desequilibradas.

    O que os tucanos não perceberam é que abstençoes. brancos e nulos somam 30 milhões de votos. Não batam em revoada, não debandem, não dispersem, não contem com golpe como o de 1964, militem, vão às ruas.

  2. O GRÁFICO DE MARCHI.

    Mostra a derrota dos INFORMADOS para os DESIFORMADOS.

    O PRÍNCIPE DOS SOCIOLOGOS ajudou o PT e reeleger a DILMA. Como no voleibol, levantou cortou, sebe de nada o inocente.

    Vamos caminhar vovô!

    Marina neles.

  3. “Os nordestinos que votam no PT não votam porque são pobres, mas porque são menos informados”.

    Devemos todos nos curvar à sabedoria do príncipe. E, mais uma vez, sermos gratos a ele.

  4. O discurso dos ultra conservadores e neoliberais transgrediu todos os limites da ofensa nesta disputa eleitoral. Não houve pudor em se fazer apologia ao extermínio, a opressão, e hostilização a grupos sociais. O ódio nunca me assustou tanto. Cuidemos pela manutenção do Estado Democrático de Direito.

    Essa radicalização em curso são sinais claros de que os senhores da casa grande, não podendo ganhar no voto, vão novamente apelar para a violência. É essa a maneira que sempre se comportaram historicamente. Porque agora seria diferente?

    No PT e no PSDB não vão encontrar um projeto de país, nem em nenhum outro partido de médio ou grande representação.A elite continuará se distanciando financeiramente e o PT mentindo às massas até onde puder.

    E por muito tempo ainda será assim, porque alguns indivíduos se julgam mais indivíduos do que outros.

    Nessas eleições eu pude perceber o quanto as pessoas são mesquinhas. O discurso contra os pobres foram os mais contundentes, essa desqualificação pela condição social me deixou simplesmente atônito.

    E algo que me surpreendeu, foram pessoas que no decorrer da história da humanidade também foram marginalizadas, mas agora repetem o discurso de quem as oprimiu em determinado período.

    No fim, essa eleição serviu para rever algumas amizades e iniciar um processo de afastamento de pessoas que são no mínimo egoístas.

  5. Esse mapa realmente impressiona, impressiona demais, pelo motivo que você citou.
    Realmente, os brancos, nulos e abstenções foram milhões, gente que podia ter feito a diferença e não fez (em compensação, conheço quem voltou correndo de viagem e quem viajou quilômetros para votar no tucano). Só não entendi o porquê da contagem regressiva do Nosso Medo, se a dona Dentuça ganhou?
    Enfim, mais que isso não consigo dizer, estou de ressaca moral.

  6. Jussara,a contagem regressiva indica os dias que faltam para o PT deixar o poder. Neste tempo nosso medo é a ameaça dos golpistas representados pela imprensa reacionária e que hipocritamente fala em democracia.
    A esperança é que em 2018 possamos pelo voto, democraticamente, eleger uma alternativa melhor e diferente de PT/PSDB.
    Devemos continuar acreditando no Brasil.
    Marina neles.

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