Humpty Dumpty sat on a wall.
Humpty Dumpy had a great fall.
All the king’s horses and all the king’s men
Couldn’t put Humpty together again.
Humpty Dumpty, o ovo com rosto, braços e pernas, sentava muito pimpão no muro alto, apesar dos conselhos para que não o fizesse, dada sua fragilidade.
Mas, teimoso e arrogante, não havia meio de o bom senso ocupar por um átimo que fosse sua cabeça. E deu no que deu: caiu, espatifou-se e nem todos os cavalos do rei e nem todos os homens do rei puderam juntar seus pedaços outra vez.
Quem já leu Alice no País das Maravilhas com certeza sabe que Humpty era presunçoso e, certamente, procura não copiar seus malfeitos. Mas há quem tenha lido e sofra do mesmo mal, teimosia misturada com arrogância. Esses certamente cairão do muro.
Já em Lula no Brasil das Maravilhas quem foi colocada no alto do muro foi a Petrobrás: inesquecível a cena de Lula com as mãos sujas de óleo a dizer ao Brasil que daquele momento em diante seríamos auto-suficientes em petróleo.
E o pré-sal? Que Lula anunciou como se fosse tão simples retirá-lo do fundo do oceano que os estados e municípios “pre-saleiros” quase entraram em guerra para saber quem ficaria mais rico?
A essa altura não cabia a Graça Foster refutar o presidente da República, mas quando Dona Dilma assumiu a Presidência da República e a nomeou para a presidência do Conselho da Petrobras, aí ela passou a ser responsável por todos os comunicados que se referissem à empresa e devia ter explicado por que não somos auto-suficientes em petróleo e por que o pré-sal ainda é sonho distante.
A Imprensa, tratada como inimiga da hora, quando foi ela que fez o Lula, passou a ser vista como a aloprada que precisa ser regulada. É sempre assim: os nossos defeitos são dos outros.
Agora, com o perigo rondando o muro, resolveram falar mais claramente.
Anteontem (17/12), a presidente da empresa, Graça Foster, conversou com jornalistas convidados para um café da manhã na empresa e confirmou o que corre à boca pequena: que pusera o cargo à disposição de Dona Dilma, não uma, mas três vezes.
O que, por três vezes, foi recusado. E como, segundo Graça Foster, a demissão coletiva é inviável, já que ela não conseguiria ficar sem seus colegas de diretoria, não sai ninguém. Quer dizer, eles não estão aferrolhados ao muro, saem se quiserem. Pelo visto, não querem. E lá continuam.
A entrevista é toda ela muito reveladora. Quem não leu, não perca.
Quando vejo ministros de Estado sair em defesa da presidente da Petrobrás com muita ênfase, e leio que é o Governo blindando Graça Foster, minha leitura é outra: creio que Graça Foster é quem blinda, com lealdade, os governos Lula e Dilma e que sua saída espatifaria, em mil pedaços, nossa antes formidável Petrobras.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 19/12/2014.
FALANDO EM BLINDAGEM.
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