Que venham as flechadas…

Em 1964, uma das canções que explorava nosso ufanismo e tentava cativar os cidadãos para a política dos milicos dizia “Este é um país que vai pra frente!… rô, rô, rô, rô, rô…”.

Em 2014, se não abrirmos o olho, a canção subliminar dirá “Este é um país que vai pra trás!… ka ka,ka,ka,ka…”.

Leiam o que diz no Facebook Vamos Ocupar o Governo

18 de junho às 15:00 a 19 de junho às 18:00
Tá decretado! Td@s os brasileir@s têm o direito de ocupar o Governo e ajudar na tomada de decisões!
Chega de exercer a democracia só na hora de votar! Nós queremos Participar! Queremos dar opiniões sobre a criação de novas políticas públicas, sobre a aplicação de recursos e TUDO MAIS!
O Governo é nosso!

Leram? E então? Digam se não tenho razão!

Todos querem palpitar, ajudar na tomada de decisões, governar! Votar só é pouco. Têm que participar!

Vamos pensar juntos?

Nas famílias minimamente organizadas, os pais conversam a sós, decidem qual a orientação que vão dar aos pequenos e evitam debater as decisões na frente deles.

Nas empresas de sucesso, o princípio é o mesmo. O organograma é decidido, votado por poucos e seguido por todos.

Nos governos de países civilizados, o Legislativo decide, o Executivo executa e o Judiciário verifica se tudo correu como devia ter corrido.

Mas o Brasil quer descobrir outra pólvora. Todos mandando, todos participando, todos decidindo. Todos no comando!

As pessoas com quem falo a respeito dizem que não me preocupe, que a idéia dos sovietes tupiniquins não tem a mínima chance. Sei não…

Não existe pecado do lado de baixo do Equador e, pelo visto, também não existe bom-senso. E eu confesso: tenho medo de que a alienação seja muito grande e que os nossos políticos, distraídos com a Copa, com as Festas juninas em julho, com as campanhas eleitorais, topem se suicidar.

Sim, porque isso seria a morte do Legislativo e do Judiciário, talvez restando apenas os capos dos sovietes no Executivo. Já dizia Rosa Luxemburgo: “O prestígio dos chefes aumenta proporcionalmente à sua capacidade de desfazer-se de sua própria qualidade de chefes. A direção às massas e a função de executivos aos chefes”.

Bonitas palavras, não são? Sonoras?

Na verdade, há algumas vantagens: olha a economia que o Tesouro faria! Qual é a soma total de senadores, deputados federais e estaduais, vereadores, prefeitos, juízes, etc. etc? Vocês sabem? Pois esses estariam desempregados.

E nos sovietes, aqui chamados de conselhos, quantos seriam os chefes? Uns 50, sendo muito generosa?

As massas não receberiam nada, governariam de graça, fariam tudo pelo amor ao país, não é?

E como não teríamos Imprensa, só as redes sociais dominadas pelas ditas massas, que evidentemente não teriam em seu meio nenhum cheirosinho, em breve o Brasil estaria de novo como nasceu: de tanga!

Só cantando De tanto levar flechada do teu olhar!…

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 20/6/2014.

4 Comentários para “Que venham as flechadas…”

  1. Por desconhecimento histórico, muitos estão tomando como moderno mecanismo democrático um velho instrumento de ditaduras: os soviets (conselhos, em russo), que eram totalmente controlados pelo Partido Comunista da URSS, como o PT controla hoje seus “movimentos sociais”. Obedeciam cegamente ao partido, como os militantes petistas de hoje, e, principalmente, serviam de pretexto para proibir a existência de oposição, eleições livres e liberdade de pensamento. A ditadura comunista argumentava, ou melhor, sofismava que, com os soviets, o povo já estava no poder. Portanto, qualquer oposição somente poderia ser contra o povo. Representantes do povo devem ser eleitos pelo voto, e não por um decreto presidencial, para servir a um partido. Como se já não bastassem os senadores biônicos da ditadura militar. Trata-se de mais um ataque à democracia, no estilo cubano e chavista, que vem se somar às tentativas de censurar a imprensa, controlar o judiciário e aparelhar órgãos públicos e estatais. O PT também costuma dourar a pílula, usando termos como, por exemplo, regulamentação, no lugar de censura, para impor velhos e conhecidos mecanismos ditatoriais. Ou dourar o supositório, expressão mais adequada para o caso desses soviets. Se conseguirem impor esses soviets, o próximo passo poderá ser mudar o nome do País para República Democrática do Brasil, a exemplo da antiga República Democrática da Alemanha Oriental e outros países da cortina de ferro. Acho que já estou ficando velho demais para sair por aí pulando muros.

  2. Não conseguirão! Os amigos norte americanos não deixarão. Lembrem-se de 1964 os comunistas foram para as masmorras, para o fundo dos rios e mares por tentarem as tais reformas de base. Os comunistas estão de volta querendo reformas políticas através de constituintes específicas e implantação de conselhos populares. Nossa imprensa não deixou que vencessem, e está desta vez atenta e denunciando a tentativa de “sovietizar” nossa amada e democrática república. O vice do Obama já está por estas bandas, nossos amigos guardiães da democracia participativa não nos deixarão na mão, nem que para isto precisemos de mais 20 anos de chumbo!

  3. A democracia participativa mostrou-se incompetente para reduzir a desigualdade entre NÓS e ELES. Eles foram as ruas em 13 de junho de 2013 exigindo respostas imediatas e eficientes. O legislativo se omitiu, o executivo trouxe propostas que desagradaram o judiciário. Veio a copa FIFA e restou o odioso vai tomar no cú de uma parte de NÓS sejamos justos. Outra parte condenou o excesso de má educação. O candidato Aécio ainda tentou surfar nas vaias, arregou, afinal seu telhado é de vidro, é um dos representantes do povo que menos honra a república representativa, vide sua freqüência no plenário do senado. Nossa imprensa tem consequido vitórias, vide as pesquisas que indicam a queda da candidata a reeleição. É claro que a imprensa é tendenciosa e omite a verdade, mas como diria e velhinha da piada, guerra é guerra.
    Porém sovietizar e ver comunistas embaixo da cama é um pouco demais. Querer que ELES fiquem fora da participação é mostrar nosso caráter elitista e vontade de manter a desigualdade. NÓS não devemos ter medo dos conselhos populares, temos mais que participar, afinal somos mais cultos, mais preparados, formados , estudados , politizados e ainda contamos com a imprensa livre e democrática do nosso lado.
    Vamos dialogar, vamos expor idéias, vamos dar nossas flechadas…democraticameente como sempre pregamos.

  4. A MARY DYLAN esqueceu que os fascistas europeus, que amavam os anos de chumbo, também foram cabalmente derrotados e eram apontados nas ruas, por desejarem as reformas – não reformas de base, mas as reformas raciais do Himmler.

    É bom confirmar se ela sabe o que foram as reformas de base. Reclama dos engarrafamentos nas cidades grandes?

    Nossas cidades estariam menos cheias, se as reformas de base ocorressem. Haveria terra para as pessoas, que, sendo apoiadas pelo Banco do Brasil, não seriam obrigadas a pegar uma miserável trouxinha e ir às cidades, em desespero.

    O Brasil é uma porcaria de país, principalmente, porque as reformas de base não saíram. O Brasil optou pela pobreza eterna em 1964.

    A MARY DYLAN tem que estudar muito mais. Ou abdicar de ser mal-intencionada.

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *