A teoria e a prática

Era de se esperar que a tragédia que matou o cinegrafista da Band, o jornalista Santiago Andrade, produzisse uma enxurrada de análises e considerações de todo tipo.

Nem a sincera tristeza que se abateu sobre o Rio calaria os adeptos das abstrações teóricas. Que são citados e repetidos à exaustão pelos não acadêmicos em êxtase.

Exatamente o contrário do que acontece com quem ousa escapar da teoria para a prática, caso do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.

Morei em Londres em meados do século passado. E desde então tive um sonho: que pudéssemos ter em nossas esquinas ‘bobbies’ como os londrinos, educados, corteses, intransigentes com a ordem e a disciplina. Creio que esse dia se aproxima.

Gostaria de pedir a todos que refletissem sobre a entrevista coletiva dada anteontem (quarta-feira, 12\2) pelo chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro e o delegado Maurício Luciano, na 17ª DP.

Vocês não se sentiram confiantes?

Dela – da Polícia Civil – depende a possibilidade de as ruas e praças do Rio voltarem a ser nossas e de quem nos visitar. Como não moramos no Paraíso, sempre haverá necessidade de contar com a Polícia.

Em novembro de 2013, Beltrame apresentou ao ministro da Justiça um projeto para estabelecer regras que possam nortear seu caminho diante das manifestações e seus desdobramentos. Sem resposta.

Ansioso para ter em mãos as guias que delimitarão os passos da Polícia, ele anteontem foi ao Congresso entregar o mesmo projeto.

O que ele quer é o que todos deveríamos querer: que a Polícia Civil tenha limites para agir, mas que no momento em que ela tome uma decisão não apareça do nada um pretenso defensor de vagos e absurdos direitos e questione sua legitimidade.

Quase que em coro muitas pessoas se apressaram em declarar que já temos leis suficientes, que não é a criação de outras leis que irá solucionar o problema da violência nas manifestações.

Concordo. Sobretudo em relação ao anteprojeto do senador Romero Jucá que fala em terrorismo. Não é o caso do Dr. Beltrame. O que ele pleiteia é o preenchimento de lacunas entre o que diz nossa Constituição e o que está previsto em nosso Código Penal. Ele quer que esses dois documentos rezem pela mesma cartilha.

E aqui entram a teoria e a prática. Vamos deixar a teoria e suas lindas palavras para as salas de aula e para os salões da Academia.

Na prática, já se sabe, a teoria é outra. Quem vai para as ruas lutar por nós e nossas cidades e moradores é a Polícia. Quem vai oferecer a vida por nós são eles.

E mais: em artigos e entrevistas, nestes últimos dias, o secretário Beltrame defendeu as manifestações populares que considera legítimas e que ele acredita não devam ser criminalizadas.

Em suma e em bom português: vamos deixar o assunto com quem põe a mão na massa.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 14\2\2014.

2 Comentários para “A teoria e a prática”

  1. Mais polícia, mais polícia, mais seguraça, mais segurança. A polícia entende da massa, afinal é ela que bate e faz a massa da massa. É que nos protege dos vândalos, dos rolêzinhos, dos agitadores, dos terroristas, dos blacks blocs. dos MCs. Queremos paz nos shopings centers e nas esquinas, tal com Londres. Viva à polícia!

  2. NA PRÁTICA A TEORIA!
    O fardado que apertou o gatilho será comemorado e ganhará mais status em sua corporação.

    E logo virão as cenas do próximo capítulo…

    E a poesia dos Racionais… cada dia mais sentido faz!

    “Recebe o mérito, a farda, que pratica o mal.

    Me vê , pobre, preso ou morto, Já é cultural”.

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