Porteiro, não. Controlador de acesso

Tenho procurado o filme O Controlador de Acesso da Noite, mas não consigo achar.  Talvez tenha a ver com entrevista que fiz semana passada, na Avenida Paulista. O entrevistado me diz que trabalha no Fran’s Café.

– E o que você faz, lá?

– Sou controlador de acesso.

– O quê?

– Porteiro.

A matéria era sobre a tensão deixada pelo quebra-quebra durante as manifestações na cidade. A assessora de um banco me diz:

– Nenhum de nossos colaboradores teve problemas.

– Colabor..?

– Sim, nossos funcionários.

Lembrei de entrevistas que fiz há tempo com gerentes de Departamento do Pessoal, digo, RH. Também chamavam os empregados da empresa de colaboradores. Já contei, aqui, que meu mecânico virou reparador automotivo, e vendedor de loja agora é agente de negócios.

Não demora vou entrar no elevador e pedir o andar ao comandante de cabine ascensora. Furou o cano? Telefono para o especialista em articulações hidráulicas. Pintor de parede por certo será artista plástico vertical. Faxineiro, recuperador de assepsia.

Repórter? Talvez venha a ser colhedor de realidades frescas. Sindicato dos Colhedores de Realidades Frescas do Estado de São Paulo. Filiado à Fenaj, Federação Nacional dos Jardineiros.

Agosto de 2013

5 Comentários para “Porteiro, não. Controlador de acesso”

  1. Brilho puro. Rolei de rir, e até me arvorei em mais alguns. Veja se você aprova, Valdir.
    1. Empregada doméstica: assessora do lar;
    2. lixeiro: recolhedor de detritos sólidos;
    3. motorista: condutor automotivo
    Bjs.

  2. Bicheiro: corretor zoológico
    Puta: recreadora de adultos
    Jornalista: formador de opinião
    Professor: técnico em educação
    Técnico de futebol: professor

  3. Mary, Lilyane, Miltinho. As colaborações para a lista são ótimas. Mas, como as que estão no texto, perdem para a revelada hoje na Folha. Como o aeroporto de Guarulhos passou para a iniciativa privada, foi preciso realocar a cupinchada em Congonhas. Assim, surgiu o vigía de refeitório. O sujeito fica na porta, vendo as pessoas entrar e sair.

  4. Acabo de receber um releases cultural em que debate com a platéia virou “troca reflexiva”. Pode?

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