“Não fecha não…”

“… aqui quem está é a Educação”, era o grito que se ouvia nas ruas anteontem, 14 de agosto, durante o protesto dos professores da rede municipal de ensino aqui do Rio, em greve desde a semana passada.

Em O Globo de ontem fiquei sabendo da passeata ordeira, sem mascarados, sem bombas de qualquer tipo, cerca de sete mil professores que tentavam ser recebidos pelo prefeito Eduardo Paes, no Palácio da Cidade, em Botafogo. Vinham das Laranjeiras, seu ponto de encontro.

Por que o grito? Simples, os comerciantes, escaldados com a violência e o quebra-quebra que não levam a nada, só ao prejuízo dos pagadores de impostos, ao perceberem a aproximação da multidão, corriam para fechar e trancar seus estabelecimentos. Mas era a Educação que passava! O cuidado era desnecessário, como foi.

Perturbaram o trânsito? Naturalmente que sim, não se faz um bolo sem quebrar ovos. E se há um motivo nobre para uma passeata é a Educação. Enquanto o Brasil não se der conta que isso é o que mais importa, não sairemos deste mesmo lugar.

O que eles pediam? Reajuste de 19%, autonomia pedagógica, direito a empregar 1/3 da carga horária em planejamento de aulas e um plano de carreira unificado.

(Eles não foram recebidos. A greve continua).

Essas eram as reivindicações do protesto. Mas nas conversas entre si e no papo com os repórteres, os manifestantes falavam da situação das escolas onde lecionam ou trabalham. Salas com infiltração e goteiras; falta de material básico, inclusive papel higiênico, lâmpadas, sabão. Ora, esses luxos, só se o professor pagar de seu bolso!

Giz, massinha, guache, papel? Mas se em algumas escolas não há cadeiras ou mesas para todos os alunos, é na base do “quem chega primeiro se acomoda”, pra que material para Artes? Na cabeça de um burocrata isso não é material de ensino, é coisa para se fazer em casa…

Esse caos vergonhoso é só no Rio? Ou acontece em outras cidades, inclusive na periferia de Brasília, a capital do PT?

O que é que o PT e seus ministros da área fizeram pela Educação no Brasil? Ah! lembrei! Inauguraram não sei quantas universidades! Eu mesma já falei sobre isso. Estou me repetindo. Querem ver como estou sempre a bater na mesma tecla? Leiam meu artigo publicado aqui em 17/11/2005, A E I O U.

Começa mais ou menos assim: “(…) Será que nunca teremos um governo que pense na Educação e não em eleitores? O universitário vota; o negro que entrou para a Universidade graças à cor de sua pele vota. O ex- aluno daquela escola pública em estado lastimável, onde não havia nem giz, nem lâmpadas, nem papel higiênico, e muito menos professores, esse não sabemos se chegará a ser eleitor…”

Dá imensa tristeza ver como está atual esse artigo escrito há oito (8) anos…

E antes que eu me esqueça, Viva a Imprensa Livre! Sem ela, estamos fritos!

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 16/8/2013.

“… aqui quem está é a Educação”, era o grito que se ouvia nas ruas anteontem, 14 de agosto, durante o protesto dos professores da rede municipal de ensino aqui do Rio, em greve desde a semana passada.

Em O Globo de ontem fiquei sabendo da passeata ordeira, sem mascarados, sem bombas de qualquer tipo, cerca de sete mil professores que tentavam ser recebidos pelo prefeito Eduardo Paes, no Palácio da Cidade, em Botafogo. Vinham das Laranjeiras, seu ponto de encontro.

Por que o grito? Simples, os comerciantes, escaldados com a violência e o quebra-quebra que não levam a nada, só ao prejuízo dos pagadores de impostos, ao perceberem a aproximação da multidão, corriam para fechar e trancar seus estabelecimentos. Mas era a Educação que passava! O cuidado era desnecessário, como foi.

Perturbaram o trânsito? Naturalmente que sim, não se faz um bolo sem quebrar ovos. E se há um motivo nobre para uma passeata é a Educação. Enquanto o Brasil não se der conta que isso é o que mais importa, não sairemos deste mesmo lugar.

O que eles pediam? Reajuste de 19%, autonomia pedagógica, direito a empregar 1/3 da carga horária em planejamento de aulas e um plano de carreira unificado.

(Eles não foram recebidos. A greve continua).

Essas eram as reivindicações do protesto. Mas nas conversas entre si e no papo com os repórteres, os manifestantes falavam da situação das escolas onde lecionam ou trabalham. Salas com infiltração e goteiras; falta de material básico, inclusive papel higiênico, lâmpadas, sabão. Ora, esses luxos, só se o professor pagar de seu bolso!

Giz, massinha, guache, papel? Mas se em algumas escolas não há cadeiras ou mesas para todos os alunos, é na base do “quem chega primeiro se acomoda”, pra que material para Artes? Na cabeça de um burocrata isso não é material de ensino, é coisa para se fazer em casa…

Esse caos vergonhoso é só no Rio? Ou acontece em outras cidades, inclusive na periferia de Brasília, a capital do PT?

 

O que é que o PT e seus ministros da área fizeram pela Educação no Brasil? Ah! lembrei! Inauguraram não sei quantas universidades! Eu mesma já falei sobre isso. Estou me repetindo. Querem ver como estou sempre a bater na mesma tecla? Leiam meu artigo publicado aqui em 17/11/2005, A E I O U.

Começa mais ou menos assim: “(…) Será que nunca teremos um Governo que pense na Educação e não em eleitores? O universitário vota; o negro que entrou para a Universidade graças à cor de sua pele, vota. O ex- aluno daquela escola pública em estado lastimável, onde não havia nem giz, nem lâmpadas, nem papel higiênico, e muito menos professores, esse não sabemos se chegará a ser eleitor…”

Dá imensa tristeza ver como está atual esse artigo escrito há oito (8) anos…

E antes que eu me esqueça, Viva a Imprensa Livre! Sem ela, estamos fritos!

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 16/8/2013. 

3 Comentários para ““Não fecha não…””

  1. Por quantos anos uma montanha pode existir
    Antes de ser lavada pelos oceanos?

    Por quantos anos algumas pessoas devem existir antes de poderem ser livres?

    E quantas vezes um homem pode virar a cabeça
    e fingir que ele não vê?

    A resposta, amiga, está soprando no vento
    A resposta está soprando no vento!

  2. Boa frase: “não se faz um bolo sem quebrar ovos”.

    Lembra-me outra frase: “Revoluções, meu caro, não podem ser feitas com água de rosas”. Assim disse o jurista Danton, quando perguntado sobre a violência e os sofrimentos da França revolucionária.

    Talvez a Maria Helena RR (e o Danton) queira referir-se à Venezuela atual, com os seus sofrimentos e as sabotagens econômico-bélicas, semelhantes às quais passou a França revolucionária, a Rússia, Cuba e outros.

    A Revolução Bolivariana é bem menos violenta do que a Revolução Francesa jacobina. Quem demoniza o bolivarianismo está, lato sensu, detonando o espírito de 1789. Eu, no caso, tenho visto o sofrimento do povo venezuelano como uma fase inevitável do seu processo de independência.

    Seria fantástico a Venezuela tornar-se o quarto país independente do continente – junto com EUA, Canadá e Cuba. Seria extraordinário.

  3. Bem, a Revolução Francesa é bem mais nobre que a Bolivariana. Mas há semelhanças entre elas, tanto na violência quanto na necessidade de um país esmagado mudar.

    Isto também vale para a “classe docente” brasileira.

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