Dilma deixa todo o Febeapá no chinelo

zzzzzzzmissaA presidente da República fez um discurso em que afirma que o Ceará inaugurou o Brasil. O Ceará foi onde o Brasil começou, disse ela.

Atenção, MEC: reimprimam-se todos os livros escolares: a primeira capital do Brasil foi Fortaleza.

O discurso foi feito em abril. Há uns quatro meses. Só fiquei sabendo dele agora, esta semana. Augusto Nunes colocou o vídeo no blog dele.

Há tanta notícia fantástica, incrível, extraordinária, que esta daí passou despercebida.

Não deveria.

É absurda demais.

Sérgio Porto, o grande jornalista que se assinava Stanislau Ponte Preta, e reuniu em três volumes (se não me engano) fatos incríveis, fantásticos, absurdos da política brasileira nos anos 1960, no seu Festival de Besteiras que Assola o País, Feabeapá, deve seguramente estar se revirando no túmulo: nenhuma das dezenas, centenas de histórias que ele recolheu é tão escandalosamente besta quanto esta de Dilma.

Dilma conseguiu ser mais doida que o crioulo do “Samba do Crioulo Doido” que Sérgio Porto compôs.

Tadinho do Victor Meirelles, que em 1861 pintou o quadro “A Primeira Missa do Brasil” achando que tinha sido na Bahia.

Fiquei aqui pensando em como foi inútil a briga já antiga de Porto Seguro e Cabrália pela primazia de ter sido o local do desembarque. Em como eu fui bobão ao me emocionar tanto e tirar tantas fotos de Cabrália e da Cidade Alta de Porto Seguro nos anos 1970, antes que aquilo ali virasse uma nova Copacabana.

Em como fui imbecil em admirar tanto o Monte Pascoal, em viagem ao Sul de Trancoso, imaginando que aquela havia sido a primeira terra brasileira avistada das caravelas de Vasco da Gama.

O quê? Não foi Vasco da Gama que descobriu o Brasil? Ah, verdade, verdade: foi o Flamengo.

Ué, mas o companheiro Cabral não é vascaíno?

***

Para quem não se lembra, para quem se lembra, aí vai a letra do “Samba do Crioulo Doido”. (Quem canta no clip do YouTube é o Quarteto em Cy.)

Tudo fichinha, coisa pouca, comparado ao festival de besteiras que sai da boca da presidente da República.

(Introdução)

Este é o samba do crioulo doido.
A história de um compositor que durante muitos anos obedeceu o regulamento,
E só fez samba sobre a História do Brasil.
E tome de Incofidência, abolição, proclamação, Chica da Silva, e o coitado
do crioulo tendo que aprender tudo isso para o enredo da escola.
Até que no ano passado escolheram um tema complicado: a atual conjuntura.
Aí o crioulo endoidou de vez, e saiu este samba:

(O samba)
Foi em Diamantina onde nasceu JK.
E a Princesa Leopoldina lá resolveu se casar
Mas Chica da Silva tinha outros pretendentes
E obrigou a Princesa a se casar com Tiradentes
Laiá, laiá, laiá, o bode que deu vou te contar

Joaquim josé, que também é da Silva Xavier
Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro Segundo
Das estradas de Minas, seguiu prá São Paulo
E falou com Anchieta
O vigário dos índios
Aliou-se a dom pedro
E acabou com a falseta
Da união deles dois ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão

Assim se conta essa história
Que é dos dois a maior glória
A Leopoldina virou trem
E Dom Pedro é uma estação também
Oô, oô, oô, o trem té atrasado ou já passou

31 de julho de 2013

Um comentário para “Dilma deixa todo o Febeapá no chinelo”

  1. Discurso da presidenta.

    “Eu queria iniciar comprimentando aqui todos os presentes, comprimentando a mulher cearense, os companheiros homens e dizer do meu imenso prazer de tá aqui, mais uma vez, no Ceará. […] O Nordeste e a seca são um problema. Jamais houve uma atitude correta em relação a essa situação ao longo dus…dus…dus anos sobre essa situação, que é a questão da existência dum fenômeno climático nessa região do país. […] E de um lado é um desafio e de outro, é um direito do cidadão que aqui veio, aqui povoou e aqui… não só fez tudo isso, mas inaugurou o Brasil. Num vamos esquecê aonde o Brasil cumeçô. […] Por isso, nós todos sabemos que hoje todo mundo olha pra essa região e num vê mais o chamado primo pobre da nação”.

    A oradora Dilma Rousseff não cumprimenta ninguém. “Comprimenta” meio mundo, começando pelos companheiros homens e pelas companheiras mulheres. Raros erres dos verbos do infinitivo escapam da guilhotina. Todo onde vira aonde. Platitudes de jardim da infância convivem com frases sem pé nem cabeça e tropeçam em pausas que denunciam a exaustão do neurônio solitário.

    A maior seca dos últimos 50 anos pode ficar tranquila. Combatida por uma presidente capaz de dizer o que se leu acima, pode durar mais 50″.

    Como diriam Tia Zulmira e Primo Altamirando – oposição eficiente! Na época do Sérgio Porto jornalista de oposição tinha nome de Carlos Lacerda hoje Augusto Nunes, o que faz qualquer crioulo doído.

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