Meu Deus do céu e também da terra, não existem “negros”, ou “brancos”. Para começo de conversa, existem seres da raça humana, uma única raça. Para término de conversa, todo mundo é mestiço. Somos todos mestiços, resultados dos cruzamentos que se fazem há milênios entre as pessoas de pele mais escura com as de pele mais clara. E com os “amarelos”, e os “vermelhos”.
Alguém já disse – num momento de extrema felicidade – que o único brasileiro “branco” seria o filho de Xuxa com Tafarel.
O bom Ancelmo Gois perpetra, em sua coluna no Globo do domingo, 20 de novembro, esta barbaridade:
“Nos dez bairros mais pobres do município do Rio, 63% são negros (pretos ou pardos), há 6,4% de analfabetos e a renda média varia de R$ 317 a R$ 488. Já nos dez bairros mais ricos, só 13% são negros (pretos ou pardos), a taxa de analfabetismo é de 0,6% e a renda média vai de R$ 3.737 a R$ 6.160.”
Como assim, cara-pálida: negros = pretos ou pardos? Por quê? Como assim?
“Pardo”, crioulo, mulato, moreno, mestiço, jambo, seja lá o que for, é resultado da mestiçagem do que é dito como “branco”, “caucasiano”, com “preto”, “negro”, “descendente de africano”, “africano-americano”, ou qualquer outro termo.
Se é resultado de mestiçagem, de mistura, por que o “pardo”, crioulo, mulato, moreno, mestiço, jambo, seja lá o que for, se soma aos pretos, e não aos brancos?
Se é meio preto, meio branco, porque tem que ser considerado negro, e não branco?
Ah… Deve ser pela forma americana de entender a cor da pele. Nos Estados Unidos da América, aquele país em que se cultiva o odioso, infame racismo, definia-se como negro qualquer pessoa que tivesse uma gota de sangue negro. Nego (pelamordedeus, nego no sentido brasileiro do termo, ou seja, qualquer pessoa) podia ser mais branco do que a Xuxa, ou do que o inexistente filho da Xuxa com o Tafarel, mas era considerado negro caso um tataravó tivesse por sua vez um tataravó que tivesse um tataravó crioulo, moreno, moreninho, escurinho, queimadinho, ou qualquer outro termo.
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Mas, então, péra lá, não estou compreendendo direito. Os racialistas estão usando os critérios racistas dos filhos da puta dos americanos lazarentos e imperialistas para tratar do que acontece no Brasil?
Estão jogando fora a História?
Como se a História não fizesse diferença?
Nunca houve no Brasil qualquer tipo de legislação favorável à discriminação racial. Muito ao contrário. A Lei Afonso Arinos, que considera a discriminação um crime, é de 1951. Nos Estados Unidos, até meados dos anos 1960 a legislação de vários estados garantia a discriminação, a separação, o apartheid.
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Aí pergunto de novo: quando os racialistas botam todos os “pardos”, crioulos, mulatos, morenos, mestiços, jambos, na categoria pretos, aplicando a metodologia que era a americana até uns 50 anos atrás num país que teve uma História completamente diferente daquela dos Estados Unidos, eles acham que estão fazendo exatamente o quê?
Lutando pelos direitos dos oprimidos – ou incitando à luta racial que nunca houve antes neste país?
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Que uma minoria idiota procure Malcons X no Brasil, em vez dos Martin Luther Kings, faz parte do jogo. As minorias idiotas estão aí é para isso mesmo.
Ver esse tipo de idiotice ser defendido na coluna de Ancelmo Gois é profunda, profundamente deprimente.
E no entanto – fazer o quê? –, a coluna de Ancelmo Gois apenas espelha este país.
Triste, tristíssimo país.
Estamos criando um problema racial que não existia. Estamos usando o imenso poder de um Executivo hiper-atrofiado, com o auxílio de parte da imprensa, para criar um ódio racial até então inexistente.
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Um dos maiores problemas do Brasil, ou seguramente o maior, ao lado da corrupção tornada norma pelo “governo de coalizão”, é a injustiça social, o absurdo desnível entre os muitíssimo ricos e os muitíssimo pobres. O problema não é a cor da pele.
O governo que aí está faz tristes nove anos empenha-se em concentrar renda – conforme comprova, por a + b, como na resolução irrefutável de um teorema, brilhante artigo da jornalista Suely Caldas publicado no mesmo domingo, 20 de novembro, no Estadão, que todos os brasileiros deveriam ler.
Como é um governo de pouca ou nenhuma ação e muita garganta, muito discurso, muita falação, arrota a cópia de políticas de um país de triste passado racista como solução para a injustiça social. Bazófia, mentira, dissimulação, blefe – como é típico dele, faz nove tristes anos.
Não se resolve injustiça social criando privilégios para apenas uma parte dos muitíssimo pobres.
Muito menos fazendo uma conta de somar idiota, sem sentido, que procura tingir de negro, à força, a fórceps, o que é maravilhosamente, abençoadamente, mestiçado, misturado, jambo, crioulo, moreno, queimado, escurinho. Ou até mesmo, vá lá, embora o termo seja feio feito o diabo, pardo.
Sérgio Vaz é, como a imensa maior parte dos brasileiros – com a exceção, talvez, do filho de Xuxa e Tafarel que jamais vai existir -, descendente de pessoas ditas “negras” e “brancas”.
A ilustração – brilhante – que coloquei aí em cima foi descoberta na internet pela Mary. Não tinha o nome do autor, infelizmente.
Excelente Caro Sérgio, concordo inteiramente consigo.
E,já agora, acrecento que penso que segundo os cientistas não existem raças nenhumas, nem na nossa espécie e nem nos animais domésticos.
Todos os cães são cães – Canis lupus familiaris
e todos os homens são homens – Homo sapiens.
E etc..
Credo! Que Sergio grosso! Diaga-me, só para lhe entender: Voce é Petista, esquerdista comunista? Ah. tá explicado!
Proliferou essa história de arco-iris, com a ideia de jerico de estabelecer cotas e favorecimentos com base nesses padrões…
Cara Cibele, acho que você não compreendeu direito o que eu quis dizer.
Sou anti-petista. Me parece que isso fica bem claro no meu texto.
Um abraço.
Sérgio
De Portugal, distante portanto desse Fla x Flu petistas x anti-petistas, meu amigo José Luís Fino Figueiredo envia dois endereços que podem ajudar a quem tem interesse em raciocinar sobre os fatos:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Homo_sapiens
e
http://biologiaevolutiva.wordpress.com/2009/09/25/sobre-caes-racas-e-preconceito/
Agradeço imensamente a ele.
Sérgio
UM, v. foi ao ponto. Congratulações, essas coisas…
Sugestão: em vez de “raça”, não seria melhor empregar “espécie”, no caso espécie humana, ou ainda espécie racional? Usar o termo”raça” pode trazer à tona a idiotice do racialismo, que você tão bem critica, como também o faz o sempre bom Demétrio Magnolli. Abs
O negócio é que depois que o governo resolveu ser mais dadivoso com os “negros”, com as cotas para faculdades, empregos, etc.etc, o número dos mesmos aumentou.Lindas artistas da TV fazen questão de se mostrarem negras,eriçarem mais os cabelos, sei lá o que.O Brasil ficou mais idiota depois desse negocio de separar pretos e brancos.Éramos felizes e não sabíamos.
Oi, Sérgio
Mas “saiteito” sofre, hein? Vc q já chamou o Lula de apedeuta e vive mexendo com o mesmo e com a Dilma ser confundido com um petista, essa doeu rsrsrs! E vc não resistiu e respondeu, até educadamente demais.
Mas mudando de assunto, magnífica a sua reportagem, li também o link q vc colocou da matéria da jornalista Suely sobre a situação da Educação no Brasil, q é uma preocupação nossa e deveria ser de todo o povo conscientizado e com um mínimo de preparo intelectual.
Acho q um dos problemas com o racismo q, veladamente, impera em nosso país, q só copia as coisas negativas dos EUA, é q as pessoas q são vítimas dele não reagem, aceitam passivamente essa discriminação, mesmo sabendo q teriam armas legais para lutar contra ela. O povo brasileiro, de um modo geral, é muito acomodado, são raros os indivíduos como vc e eu que reinvidicam seus direitos!
Guenia Bunchaft
http://www.sospesquisaerorschach.com.br
Preto com branco = mestiço
so por analogia tente misturar cafe com leite que cor sai? branco? não é obviu, pois a cor negra é mais fortee o leite continua escuro…nunca ficara branco.
vc no minimo deve ser um mestiço que esta indiguinado com sua propria cor.
no futuro os brancos serão minoria no mundo a maioria da população sera mestiça e negra.
Muito bom o texto, eu sempre questionei esses critérios, exatamente usando sua lógica, por um filho de de um pai negro com mãe branca ou vice versa tem que ser negro e não branco ? achei ridiculo os ataques ao ronaldo fenomeno quando ele disse que não era negro, pra mim ele não é negro tb.. se for assim FHC é negro tb.. mas como é um politico rico e estudado ninguem ousa em chama-lo de negro, essa coisa do governo perguntar raça é ridicula.
Muito bom artigo Sr. Sérgio Vaz. Eu só (se o senhor me permite) gostaria de fazer uma pequena observação. No início do seu artigo, (como eu disse, muito bom e esclarecedor) o senhor faz referência à raça humana. Penso que a referência deva ser à Espécie humana, única, com suas variações de raças. Essas sim, são muitas. A branca, a negra, a amarela, a de pele vermelha e a dos pigmeus. E delas, a miscigenação relativa. Um abraço.
(voce disse:Meu Deus do céu e também da terra, não existem “negros”, ou “brancos”. Para começo de conversa, existem seres da raça humana, uma única raça.Só corrigindo essa declaração raça são várias e uma única “espécie”: a humana. Foi assim Deus criou os humanos “uma espécie” com várias características “raça”. Nenhuma delas devem ser discriminadas. Isso é coisa de quem pintou Jesus Cristo loiro de olho azul. O povo hebreu, judeu não tem essa característica. Abraço
O Brasil foi colonizado por uma nação latina, (Franceses, Espanhóis, Italianos, Portuguêses) que adorava leis imperiais similar a “gota de sangue” nos Eua: Portugal. Por ser pais pequeno de dimensão, era preciso se proteger pela miscigenação pelo estreito de Gibraltar, quando a Coroa veio para o Brasil, acentua-se o “apartheid”. O que vale é a linha machista latina. Preto sim, mas filho de europeus. A mulher era rapariga de rapto, um troféu, nas mãos dos racistas, em um pais latino, “negros e brancos” podem definir apenas um machismo europeu. A cultura latina é diferente. Não existe branco anglo saxão como dominantes no Brasil.
Ao meu entender, diante de tudo que estudei desde criança e de tudo que li e observei, existe a espécie de ser vivo humana e as variações conforme local de origem, que é chamado “raça”. Essas características únicas se misturaram a outras características únicas e nasceram pessoas mestiças, que jamais podem ser consideradas brancas, negras, indígenas, amarelas em sua totalidade, pois houve uma “mistura”, como aprendi na escola: negro com branco era considerado mulato, índio com negro considerado cafuzo, índio com branco caboclo ou mameluco….eram apenas nomenclaturas referente às misturas de “raças”, pois um branco com índio, por exemplo, não poderia ser considerado branco e nem indígena e sim a mistura dos dois. Essa é a verdadeira lógica, questões políticas à parte.