É para mudar. É para libertar o país

Participar do compromisso patriótico hoje me deixou feliz, com a alma lavada. Delícia estar junto de um monte de gente que tem esperança de mudar este país.

Pessoas alegres. Gente sorridente. Grupos de senhoras de cabelos grisalhos, grupos de garotas adolescentes, bonitas, animadas, algumas carregando grandes cartazes. Famílias inteiras – avós, os pais, as crianças. Muitas famílias inteiras, os pais e os avós visivelmente felizes por estarem levando os pirralhos para uma festa da democracia.

Grupos de rapazes – dos 20 e pouquinhos aos 30 e bastante – de terno, pessoas que saíam do trabalho, de um dos muitos escritórios ali da região da Faria Lima, Pinheiros. Muitos já sem as gravatas, mas ainda com os paletós, até porque estava um abençoado frio de uns 18 graus neste início de primavera quente e seco. Mas todos com adesivos amarelos com o número 45.

Algumas mulheres usavam adesivos até nos cabelos.

Muitas bandeiras, bandeiras demais – bandeiras específicas da campanha de Aécio Neves, mas também muitas bandeiras do Brasil, este país que queremos reconquistar para todos, e que foi usurpado há 12 anospor um grupo que se considera dono e pai do que chamam de povo.

Muitas pessoas com adesivos de fora PT. Muitas palavras de ordem de fora PT. Faz todo sentido. Não é que apenas queremos Aécio e seu bom time no comando do país. Queremos isso, sim, mas queremos também sentir o gosto bom de libertar o Brasil das mãos sujas do PT.

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Há muito jingle gostoso na campanha de Aécio. E muito compositor fundamental o apoiando, Milton Nascimento, Fernando Brant, e tantos outros. Mas, dentro da minha cabeça, me lembro especialmente de Renato Teixeira.

Renato dizia que nunca gravaria nada em apoio a político algum.

No seu disco de 1985, o ano em que acabou a ditadura, com a posse de um presidente civil, Renato Teixeira comemorou: “Nós estamos retomando a nossa terra tão querida, tão querida. Nós estamos retomando a nossa terra tão querida, tão querida.”

Em 1985, nós retomamos o Brasil, que havia sido tomado de assalto pelos milicos em 1964.

Há agora a possibilidade de retomarmos, no dia 1º de janeiro de 2015, a nossa terra tão querida que foi roubada de nós pelo PT.

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Fui sozinho. É um tanto estranho estar sozinho em uma festa coletiva, mas havia muita gente solta, como eu. Algumas delas puxaram conversa, com frases como “tá bom”, “o pessoal tá animado”.

Sim, está bom, e o pessoal está animado. Não sentimos a mesma coisa em 2010, nem em 2006, nem em 2002. Não havia esse clima de confiança quando perdemos para Lula duas vezes e para o poste que ele inventou. Aécio trouxe de fato uma união maior, um entusiasmo maior do que pudemos ter das vezes anteriores.

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Não reconheci ninguém, ao longo das 2 horas e meia em que participei do ato e da caminhada. Achei isso muito estranho: sempre que participava de algo assim, no passado, via vários conhecidos.

Quando, de volta em casa, comentei isso com Mary, ela achou bom. Disse que é muito melhor não sermos sempre os mesmos velhos conhecidos.

Tá certa ela. Como sempre.

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Cheguei ao Largo da Batata um tanto ressabiado: diabo, e se tiver bem pouca gente?

Foi um lance ousado, a convocação para esses atos nesta quarta-feira, dia 22, em São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e outras capitais.

Foi muito em cima da hora. A convocação surgiu na página do PSDB do Facebook no meio da tarde da terça-feira, dia 21.

O portal do Estadão deu a notícia às 13h50 da quarta, 22, com o título “FHC convoca população para ato em favor de Aécio e contra a ‘podridão no Brasil’”. A matéria era de Ana Fernandes e da minha amiga Beth Lopes. Foi publicada exatas 5 horas e 10 minutos antes do início do ato.

Hêhê… Este ano, parece que os tucanos, em geral e sempre de alma atormentada, de profundas dúvidas metafísicas, de medo de parecer grosseiros, agressivos, sempre gentlemen, resolveram ser corajosos, ousados.

Mas cacete – e se não fosse ninguém? E se só aparecessem uns 10 gatos pingados?

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Fui de ônibus, desci no último ponto antes do Largo da Batata. Não dava para ver nada ainda, mas havia um som alto.

Fazia um tempinho que eu não passava ali. Me impressionei como está imensa a área do Largo da Batata – é hoje seguramente uma das maiores áreas para concentração de multidão em São Paulo. Está ficando muito bonito, a Igreja de Pinheiros ao fundo – um belo espaço, e o atual prefeito não tem nada a ver com isso. É resultado da obra da estação Faria Lima do metrô e das administrações Serra-Kassab.

Contornei a multidão pelas bordas, como gosto de fazer quando vou a shows na pista em estádios de futebol. Sim, tinha gente. Ah, dá pra ficar tranquilo, tem gente pacas.

OK, pelo caminhão de som passou o que poderia haver de melhor, e de uma campanha que, no segundo turno, é plural, não é PSDB apenas. Teve Paulinho da Força. Teve Walter Feldman da Rede de Marina Silva. Teve Samuel Moreira, presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, eleito deputado federal no dia 5 de outubro. Teve Eduardo Jorge, com uma beleza de discurso, e muito, muito aplauso – grande Eduardo Jorge. Teve José Serra, dizendo ter voltado mais cedo de Dourados, no Mato Grosso do Sul, para participar daquele ato.

Teve, luxo dos luxos, Fernando Henrique Cardoso.

E, de quebra, para configurar a parte show, Ronaldo Fenômeno, Wanessa Camargo.  Nada contra, muito antes ao contrário.

Os caciques todos estavam lá, é verdade. Correndo o risco de uma convocação tão em cima da hora resultasse num fiasco.

Não foi um fiasco. Foi um baita sucesso.

Enquanto se fazia a caminhada pela Faria Lima, ocupando as três faixas no sentido Pinheiros-Itaim, fui até a frente, caminhando rápido pelo passeio da direita ou pelo passeio do meio da avenida, e depois voltei até o final, onde os carros da Polícia Militar fechavam o cortejo. Olha, conseguimos encher umas três ou quatro boas quadras da Faria Lima.

Perguntei para um PM se ele tinha ouvido de colegas uma estimativa de quantas pessoas estavam ali – e ele disse 10 mil. As estimativas da PM são em geral conservadoras, para baixo.

Se pensarmos – e é pra pensar – que ninguém ali estava ganhando um real para participar, que não havia CUT ou coisa alguma forçando neguinho a participar, que ninguém estava ali lutando para manter sua boquinha em um dos mais de 25 mil cargos de confiança distribuídos à companheirada, que eram pessoas que trabalham de fato, que garantem seu sustento e o de suas famílias com o trabalho, enfim, se pensarmos que todo mundo que estava ali, convocado ridículas 24 horas antes, estava apenas e tão somente porque quer um país melhor…

Puta que pariu! Foi uma coisa maravilhosa!

22 e 23 de outubro de 2014

2 Comentários para “É para mudar. É para libertar o país”

  1. Enfim o PSDB aprendeu o que é ser militante. Domingo os murros não serão mais em ponta de facas, serão nas urnas. Mudará o govêrno mas as desigualdades continuarão.Mudança de gerentes não significa reforma política, continuaremos tentanto nos livrar dos lobistas no congresso,das empreiteiras, dos cartéis,dos bancos,do PIG maldito. Os roubos e rombos no BB, SABESP e na Petrobrás certamene continuarão mas de forma mas discreta e eficiente, com a marca tucana.
    Mas certamente teremos uma oposição, mais aguerrida e acostumada às ruas.
    Bem vindos à rua por uma constituinte exclusiva pela reforma política, esta e a palavra de ordem, nossa nova bandeira, novo murro em ponta de faca. A luta continua!
    Marina neles!

  2. 22.out.2014 – A quatro dias do segundo turno das eleições 2014, simpatizantes do candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) realizaram uma passeata na avenida Faria Lima, zona oeste de São Paulo, na noite desta quarta-feira (22). Com faixas pró-Aécio e um carro de som comandado pelo deputado federal Paulinho da Força (SD) no microfone, os militantes pediram mais educação, mais saúde e a saída do PT do governo federal. “Fora, PT, leva a Dilma com você”, diziam. Também xingaram a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) e, em coro, gritaram: “Viva a PM!”
    Bárbara Paludeti/UOL

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