O livro de memórias de Roger Vadim é tão absolutamente repleto de casos incríveis, de incidentes espetaculares, de momentos fantásticos, que o leitor tem todo o direito de duvidar um pouco. De gritar truco! De achar que ali tem muita ficção, criada por uma cabeça especialmente imaginativa, criativa.
Dizem que Lillian Hellman foi assim, em seus três livros de memórias. Ela teve uma vida incrível, espetacular, fantástica, e portanto não haveria necessidade, de forma alguma, de botar falsas cerejas num bolo já absolutamente apetitoso.
Então pode perfeitamente haver alguma ficção no livro fascinante de Vadim. Uma boa quantidade de cerejas saídas não da realidade dos fatos, mas da imaginação do cineasta. É até bastante provável.
Mas o fato é que se alguém dissesse que um único sujeito comeu Brigitte Bardot, Catherine Deneuve e Jane Fonda, qualquer ser humano teria todo o direito de protestar. Truco!
E no entanto sabemos que foi verdade. Por mais incrível, espetacular, fantástico que isso possa parecer, o filho da mãe de fato comeu Brigitte, Catherine e Jane – e não uma vez só, mas um porrilhão de vezes. Viveu com cada uma delas, foi casado no papel com a primeira e a terceira, teve filhos com a segunda e a terceira.
E isso para não falar que foi casado também com outro avião, outra deusa grega, na verdade dinamarquesa, Annette Stroyberg. E mais tarde com a milionária Catherine Schneider e a atriz Marie-Christine Barrault.
Mais ainda: soube manter-se amigo de todas as ex-mulheres, façanha rara, raríssima, e maravilhosa. Quando morreu, em 2000, aos 72 anos, foi enterrado em Saint-Tropez, sua praia preferida, por todas elas – Brigitte, Annette, Catherine, Jane e Marie-Christine estavam lá. Quem, além de Vadim, e de Bertrand Morane, o personagem central de O Homem Que Amava as Mulheres, de François Truffaut, teve um enterro desses?
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Vadim começou a namorar Brigitte quando ela estava com 16 anos, e ele, com 22. Catherine tinha 17, e ele, 32. Jane, rompendo uma tradição, já era maior de idade: tinha 24.
Diante desses fatos incontestáveis, os detalhinhos absolutamente inacreditáveis que ele conta aos borbotões até que podem mesmo ter acontecido.
Um exemplo, só para começar.
Para as filmagens de Barbarella, na Itália (o filme foi produzido por Dino de Laurentiis, em seu estúdio em Roma), em 1967, o casal Vadim-Fonda alugou uma casa na Via Appia Antica. “Era a mais antiga residência habitada de Roma. A torre acima do nosso quarto datava do século II d.C.”
Pode? A mais antiga residência habitada de Roma? Não parece um exagero?
Bem, mas isso é só um detalhe. O episódio realmente inacreditável virá a seguir.
O ator John Phillip Law, que faz o anjo cego em Barbarella, ficou hospedado na casa alugada pelo casal, relata Vadim. “Num domingo pela manhã, Jane e eu fomos despertados pelo eco de uma voz incrivelmente pura. Levantamo-nos, caminhamos ao longo do corredor, descemos as escadas de pedra antiquíssimas (…) e entramos na cozinha. Encontramos Joan Baez cantando enquanto preparava ovos com bacon para o ator John Phillip Law. (…) Convidara Joan Baez para o fim de semana.
“Eu estava presente na cozinha quando Joan e Jane se conheceram. Gostaram uma da outra, mas nenhuma das duas poderia imaginar que dois anos depois estariam liderando uma cruzada que, em certo sentido, mudaria o curso da história.
“As futuras heroínas políticas conversaram sobre Roma, música e filmes. John Phillip juntou-se a nós e devoramos os ovos de Joan Baez, que estavam deliciosos.”
Ah, Vadim… Truco!
Ou não? Quem sabe não aconteceu assim mesmo?
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Outra historinha, que, no livro vem logo em seguida a essa de Joan Baez.
“Uma noite Jane me estendeu o telefone dizendo:
“- É alguém que o conhece bem.”
Era Brigitte. Depois que o casamento de Vadim e Brigitte acabou, ela tinha tido diversos amantes e alguns maridos. Estava casada então com Gunter Sachs, um bilionário alemão. Continuavam se falando, Vadim e ela, como bons amigos – como deveria ser sempre entre ex-cônjuges, como eu mesmo tive a especialíssima sorte de vivenciar com minhas ex-mulheres.
E então naquele dia Brigitte disse que estava morando bem perto da casa que Vadim havia alugado durante as filmagens de Barbarella, na mesma Via Appia, na mansão que pertencia a Gina Lollobrigida. Convidou o ex-marido para visitá-la. Num domingo à tarde, ele foi. Gunter Sachs estava mostrando a mansão para alguns convidados. Vadim foi se encontrar com Brigitte numa sala do andar térreo.
“Brigitte estava no meio de uma sala imensa, vestindo jeans e camiseta. (…) Parecia atordoada e, acima de tudo, muito solitária. Quando se virou em minha direção, vi que escorriam lágrimas de seu rosto. Fazia tempo que não a via chorando.
“Sorriu.
“- Meu Vava, estou um pouco triste. (…) Estou aborrecida como nunca estive antes.” (…)
“No mesmo instante, Gunter e seus amigos entraram na sala. Cumprimentou-me calorosamente. Viu, então, sua mulher naqueles trajes.
“- Ainda não se trocou?”
“- O que há de errado com meu jeans? – Brigitte perguntou, subitamente irritada. – Não gosta do jeito como ele assenta em minha bunda? Pensei que gostasse… – Antes de deixar a sala virou-se e disse: – Vava, venha me ajudar a escolher um vestido. Ao menos você sabe como vestir as mulheres.
“- E despi-las – Gunter acrescentou, tentando arrancar risos de seus convidados e aliviar a tensão.”
E então subiram os dois para o quarto dela, onde Brigitte Bardot tirou toda a roupa, e escolheu um vestido – de jersey, e bem justo.
Enquanto ela se despia, ficava peladinha e depois se vestia de novo, conversavam como dois velhos amigos.
Ah, Vadim… Truco!
Ou não? Quem sabe não aconteceu assim mesmo?
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Mais uma historinha fantástica.
Ligações Perigosas, o filme que Vadim dirigiu em 1959 baseado no classicão de Choderlos de Laclos que seria mais tarde refilmado por Stephen Frears (Ligações Perigosas, 1988) e Milos Forman (Valmont – Uma História de Sedução, 1989) foi motivo de um processo judicial. A Sociedade de Autores entrou na Justiça contra Vadim e o filme.
O advogado do cineasta foi François Mitterrand. Ele mesmo, o socialista que viria a presidir a França.
“Durante o julgamento, (Mitterrand) pediu permissão para chamar uma testemunha.
“- Ele já se registrou com o escrivão? – indagou o presidente da Corte.
“- Não. Ela esta morta. Mas deixou um testamento por escrito – respondeu Mitterrand.
“Leu algumas cartas escritas por Choderlos de Laclos, em que ele prevenia a posteridade contra os moralistas que viriam a se ocultar sob a herança artística de autores falecidos. François Mitterrand venceu a causa, abrindo um precedente.
“O filme foi submetido à censura e proibido.”
Bem, esta história, apesar de notável – Mitterrand defendendo Vadim, e chamando como sua testemunha o escritor morto em 1803! –, deve ser verdadeira. Acho que Vadim não seria louco de inventar uma história envolvendo François Mitterrand e um julgamento público, porque poderia facilmente ser desmentido.
Vai ver que na verdade a vida do cara foi de fato mais cheia de peripécias incríveis do que a Bíblia e toda a obra de Shakespeare.
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Mais uma historinha envolvendo figura importantíssima da história política do século XX.
Durante as filmagens de E Deus Criou a Mulher, de 1956, o filme que transformou Brigitte em estrela internacional, Vadim e ela, casados à época, se encontraram com ninguém menos que Sir Winston Churchill, em Nice. O encontro e o diálogo entre o estadista que liderou a Grã-Bretanha na guerra contra o nazismo e a estrela de cinema lindíssima e sexy, relatado por Roger Vadim, foram assim:
“Após a costumeira troca de formalidades, houve um silêncio. Churchill tinha os olhos brilhantes ao encarar a jovem atriz, e não dizia uma palavra. Parecia estar imaginando que banalidade viria daquela boca sensual, feita para o amor e as telas. (…)
“- Quando eu tinha oito anos e o escutava pelo rádio, o senhor me assustava – falou enfim Brigitte. – Mas agora me parece tão gracioso, considerando que é uma lenda. (..)
“O grande orador permaneceu calado.
“- O que está fazendo em Nice? – perguntou Brigitte, a fim de quebrar o silêncio.
“- Pintando – respondeu Churchill. – Você é uma atriz, e eu sou um pintor. Temos a arte em comum. (…)
“- O senhor gosta de pintar?
“- Adoro. Mas jamais entrarei para a história ao lado de Cézanne.
“- Sabe, meus filmes não chegam nem perto de seus quadros. E nunca ganhei uma guerra.
“- Não fez tanta falta – concluiu Churchill.”
Ah, Vadim… Truco!, pô!
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Como tudo na minha vida hoje em dia vira texto, para usar a frase de minha filha, pensei em fazer um texto sobre Bardot, Deneuve & Fonda – As Memórias de Roger Vadim, que foi como o livro se chamou na edição brasileira, da editora, creio que hoje extinta, Best Seller, uma empresa que pertencia ao Grupo Abril. A edição brasileira, com tradução de Julio Fischer, provavelmente hoje só encontrável nos sebos, é de 1986, o mesmo ano em que o livro foi lançado originalmente, com o título de Bardot, Deneuve & Fonda.
(O excelente site Estante Virtual mostra que diversos sebos têm o livro em estoque.)
Vejo agora que não estou fazendo um texto, e sim reproduzindo trechos do livro.
Faz sentido. O que é um texto de Sérgio Vaz, comparado ao que Roger Vadim escreve que de fato viveu?
Mas aproveito essa interrupção na transcrição de histórias relatadas no livro de memórias do cineasta para dizer que não sou fã dele – pelo simples fato de que não conheço seus filmes. Acho que, dos 31 filmes que Roger Vadim realizou, entre 1956 e 1997, só vi seu episódio de Histórias Extraordinárias (o longa que reúne três curtas baseados em histórias de Edgar Allan Poe, dirigidos por Federico Fellini, Louis Malle e ele) e Barbarella.
Vadim é uma das muitíssimas falhas da minha pequena cultura cinematográfica.
Gostaria de ver alguns de seus filmes. É impossível deixar de admirar o sujeito que comeu as mulheres que ele comeu. E, além disso, tenho simpatia por ele, pelo fato de ele não ser queridinho dos críticos, exatamente ao contrário dos nouvelle-vaguistas Jean-Luc Godard, Claude Chabrol e Eric Rohmer.
Vadim começou a dirigir poucos anos antes de a nouvelle vague estourar como o movimento mais importante do cinema mundial após o neo-realismo italiano. Os grandes nomes da nouvelle vague vieram da crítica, em geral com alguma passagem pelos Cahiers du Cinéma, e foram todos endeusados pela crítica.
Vadim, ao contrário, não era da patota – um tanto assim como Anselmo Duarte, e também, a rigor, Roberto Farias não eram da patota do cinema novo da mesma época, finalzinho dos anos 50, início dos 60.
De uma certa forma, Vadim tem a ver com Claude Lelouch, outro que, por não ser da patota, nunca foi um autor bendito. A mesma crítica que descia a lenha nos filmes de Vadim meteria também a lenha nos filmes de Lelouch, com imenso prazer.
Tenho especial simpatia e apreço pela obra de Lelouch. De fato gostaria de conhecer a de Vadim. Gosto de quem não é da patota e leva porrada da crítica por ser “popular”, por fazer filmes que têm sucesso comercial.
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Não sou fã de Brigitte – e também não vi muitos filmes com ela. Até que andei vendo alguns, mais recentemente – e achei os filmes bobos, ruins, e a belíssima mulher tão dotada de capacidade interpretativa quanto a Vênus de Milo.
Mas babo por Jane Fonda e Catherine Deneuve há por volta de meio século, desde sempre, portanto – e foi basicamente por isso que quis ler as memórias de Vadim.
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E então volto às histórias que Vadim conta, que são muitíssimo mais interessantes que minhas opiniões sobre isso ou aquilo.
Vadim relata uma história absolutamente fantástica sobre Jean-Luc Godard, o realizador que 110 em cada 100 críticos consideram genial, que já admirei muito quando era um garoto pretensioso e hoje, velho, acho um dos sujeitos mais chatos de galocha que já puseram os pés neste planeta.
Era 1958, ou 1959 (Vadim não precisa direitinho as datas), e o cineasta dirigia exatamente Ligações Perigosas. O elenco tinha Gérard Philipe, o mais belo ator do cinema francês até então, a jovem e esplendorosa Jeanne Moreau, mais o compositor-cantor-ator Boris Vian e o também jovem e promissor Jean-Louis Trintignant – que havia sido amante de Brigitte quando ela ainda estava casada com Vadim, e que, por coincidência, haveria de emprestar seu nome e seu charme ao filme que tornaria Claude Lelouch conhecido no mundo inteiro, Um Homem, Uma Mulher, de 1966.
No elenco estava também a então sra. Vadim, a escandinava lindérrima Annette Stroyberg (na foto).
Conta Vadim que ainda estavam filmando nos estúdios Billancourt “quando um jovem, vestindo uma calça e um paletó surrados, impossíveis de serem descritos”, aproximou-se do diretor no bar do estúdio. “Usava óculos escuros muito antes de as estrelas do rock os transformarem em moda. Murmurou seu nome, mas não tive a indelicadeza de pedir que o repetisse.
“- Tenho um papel para sua mulher – disse ele.
“Sempre estive aberto para ajudar os jovens que querem vencer na selva do mundo cinematográfico. Apesar de estar sendo pressionado no set, roubei algum tempo para conversar com ele.
“- Você tem um roteiro? – perguntei.
“- Sim – disse.
“Estendeu-me uma caixa de fósforos aberta.
“Pude decifrar algumas palavras. ‘Ele é um baderneiro. Obcecado pelos heróis dos filmes americanos. Ela tem sotaque. É vendedora do New York Herald Tribune. Não é um amor de fato. É a ilusão do amor. Acaba mal. Bem, não. No fim acaba bem. Ou acaba mal.
“- É esse o roteiro?
“- Sim. – E completou: – Fiz documentários. Sou um gênio.”
Só na página seguinte Vadim dirá o nome da figura esdrúxula. Narrador ruim, revelei o nome antes de reproduzir a forma com que Vadim descreve o encontro. Mas a rigor não é uma surpresa. Qualquer cinéfilo, ao perceber a descrição do jovem esquisitão, de óculos escuros, já saberia o nome dele. E a menção ao jornal New York Herald Tribune não deixaria dúvida alguma. Não existe cinéfilo no mundo que não se lembre de Jean Seberg vendendo exemplares do New York Herald Tribune nas ruas de Paris em À Bout de Souffle, no Brasil Acossado, o primeiro longa de Godard.
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Na minha opinião, que não vale sequer uma nota falsa de 3 guaranis paraguaios, Godard é um dos maiores blefes da história das artes. Já o outro jovem crítico dos Cahiers que criou a história básica de Acossado, e que naquele mesmo ano de 1959 faria seu primeiro longa-metragem, Les Quatre Cents Coups, no Brasil Os Incompreendidos, é um dos mais geniais realizadores do cinema.
Vadim tem uma historinha, um caso a relatar sobre François Truffaut. Não há artista importante da segunda metade do século XX que Vadim não tenha conhecido, e sobre quem não tenha uma historinha, um caso para relatar.
Diz ele sobre o lançamento de E Deus Criou a Mulher:
“Um jovem crítico de cinema escreveu um longo artigo sobre E Deus Criou a Mulher numa das mais respeitáveis revistas de arte da época. Adorou o filme e vaticinou que ele deixaria marcas em seu tempo e abriria novos horizontes para o cinema francês, que estava se fossilizando. Seu nome era François Truffaut.”
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Repito mais uma vez: pode ser que Roger Vadim tenha acrescentado umas cerejas de imaginação a seu bolo já riquíssimo de elementos verdadeiros. Mas uma coisa é preciso reconhecer: ele foi corajoso ao relatar como, nos primeiros encontros com Jane Fonda, brochou inapelavelmente.
Lembrando: ele estava com 33 anos, era mundialmente famoso como o homem transformara Brigitte Bardot em estrela internacional – e, sobretudo, como o homem que havia sido casado com Brigitte, Annette Stroyberg e Catherine Deneuve (embora com esta última não de papel passado). Um tremendo de um, para usar a expressão exata, embora um tanto chula, pica doce.
Ela era a jovem atriz iniciante de 24 anos, a americana inocente filha de um pai severo, um dos maiores atores da história do cinema, Henry Fonda.
E ele brochou. Não uma, mas várias vezes. E relata isso direitinho.
“Voltou um minuto depois, completamente nua, e se deitou na cama. Despi-me e me juntei a ela. Porém algo aconteceu e não consegui fazer amor.
“Já tinha lido que amor em demasia pode tornar impotente um homem apaixonado, de modo que não me intimidei. Ao fim de uma hora, no entanto, tive que encarar os fatos. Estava bloqueado, humilhado e reduzido à total impotência.”
Talvez, pensando melhor, não seja preciso muita coragem para ele relatar esse fracasso – que durou alguns dias, segundo o livro. Qualquer outro homem poderia se envergonhar de contar isso – mas não Roger Vadim, certo?
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Então lá vai mais uma historinha que Vadim conta em seu livro.
Era 1954, e ele e Brigitte estavam em Roma. “Nosso amigo Daniel Gélin tinha raptado uma encantadora jovem germano-suíça, de dezessete anos, de um internato próximo a Genebra. Essa jovem, romântica e sonhadora em excesso, sofria com a vida agitada e as infidelidades de seu amante. Deixara sua família e seu país e corria o risco de ser apanhada pela polícia por causa de seu grande amor. Em Roma, percebeu rapidamente que fazia parte do harém de Gélin. Certa noite, chegou ao Hotel de la Ville em prantos, trazendo apenas uma pequena mala, perguntando se podíamos hospedá-la.
“- Minha pobre querida – disse Brigitte –, gostaríamos muito que ficasse, caso não se importe por termos somente uma cama. Ela é grande, veja só. Há lugar suficiente para nós três.
“E foi assim que me aconteceu de dividir uma cama com Brigitte Bardot e Ursula Andress por uma semana. Sei que meus leitores ficarão decepcionados, mas nós três não chegamos sequer a flertar, muito menos a fazer sexo. Brigitte nunca foi adepta de sexo grupal. Na verdade, sentia-me um tanto frustrado. Mas quanto prazer só de olhar para elas! Lembro-me de que, certa manhã, estava sentado no terraço em que o café acabara de ser servido. As janelas francesas estavam bem abertas, e o sol se derramava pela cama em que Brigitte e Ursula descansavam seus corpos nus e dourados, despudoradamente, ao calor do verão. Sussurravam segredos e uma à outra e davam risadinhas.”
Não é para gritar truco?
Mais uma vez, no entanto, dá para ficar em dúvida se há aí imaginação demais ou simplesmente sorte demais.
Basta lembrar das fotos daquelas mulheres todas no enterro dele, em Saint-Tropez.
Na foto acima, Brigitte, de bandana, Annete e Marie-Christine Barrault. O garotinho de gorro é o neto de Vadim, no colo de Vanessa, a filha dele e de Jane.
(Na foto acima, Annette, Brigitte e Jane. O rapaz entre as duas últimas é Christian, o filho de Vadim e Catherine – embora essa informação seja contestada em comentário que vai aí abaixo.)
Até mesmo Bertrand Morane, o personagem de O Homem que Amava as Mulheres, morreria de inveja de Roger Vadim.
Juquehy e São Paulo, novembro de 2013
Gostoso artigo, Sérgio. Será que algum dia vou encontrar esse livro de memórias do Vadim? Acho que nunca foi editado em Portugal. Se alguma vez te deparares com algum exemplar, avisa-me!
Não resisti, coloquei um link no Rato Cinéfilo, para possibilitar mais gente encontrar teu blogue.
Abraço
Que bom texto, melhor que compilações de Leitão, Sardenberg e Merdal.
Compilar Vadin deve ser mais prazeiroso, fico arrepiado ao saber que o Sérgio lê semanalmente as más notícias, apesar de JÁ publicadas pela PIG.
O texto acima é muito bom, compilaçoes de livro raro e que mereceria ser publicado, aqui, em capítulos à semelhança do romance do Sérgio Telles. creio que eu e Rato nos deliciaríamos.
Sérgio Vadim Vaz trucou, chamo SEIS.
Agradeço aos amigos Rato e Miltinho. Fico honrado por vocês me lerem!
Rato, estou acrescentando ao texto o endereço da Estante Virtual, um excelente site que reúne diversos sebos de livros existentes no Brasil. Vários deles têm o livro de Roger Vadim. Você deveria consulta-los para ver se enviam livros para Portugal. Creio que devem, sim, enviar – por que não?
Um abraço.
Ah, sim: Rato, o meu 50 Anos de Filmes já tem link para o Rato Cinéfilo há algum tempo!
Caro Sérgio, fico espantado consigo de vez em quando, que tema mais curioso o desta sua crónica. Penso que não vi nenhum filme do Vadim e nem tenho interesse nisso e quanto às suas proezas sexuais tão-pouco. Mas achei piada.
Sérgio, o texto, delicioso, nos proporciona um belo voyeurismo intelectual, se é que isso existe. Eu também gostaria de devorar os ovos de Joan Baez.
posso estar enganado,mais,vadin esta para ocinema frances,assim como carlos imperial esta para a musica brasileira! nao gosto gosto de conversa pela internet na verdade,odeio esses idiotas que se acham cricriticos,de cinema!bando de merdas! nao respondo nada!o livro autobigrafico de vadin eu tenho ,li,e muito engraçado.
Nossa! Até eu que sou mulher, e hetero, fiquei com inveja desse cara. HAHAHA!
Na última foto, em que Annette, Brigitte Bardot e Jane Fonda estão no enterro de Vadim, o rapaz entre as duas últimas NÃO É DE FORMA ALGUMA Christian, o filho de Roger com Catherine Deneuve! O filho dos dois é bastante bonito, enquanto que o homem da foto é ordinário.
Gostando ou não de Vadim, é necessário reconhecer que ele foi um dos melhores cineastas franceses e por que não dizer do mundo, haja visto que existe tanta porcaria sendo considerada como genio tanto no passado como no presente. ele foi um descobridor de estrela da magnitude de Brigitte Bardot e tornou Jane Fonda, um símbolo sexual.
Muito bons os comentários. Parabéns Sérgio Vaz, muito talento!
Nossa, recordar é viver, eu li esse livro, e na epoca pensava, so pode estar mentindo, são epocas fantasticas dessas mulheres, virei fã de todas apos ler o livro, espero um dia te-lo em minha coleçao. otima lembrança
Nem vou ler o texto, o título já é suficientemente nojento e grotesco. É lamentável que exista tamanha mediocridade machista em pleo século XXI.
Se repararem nas fotos de Vadin, verão o tamanho das mãos dele. Expliquei para todos os moços, a sorte do cineasta. De nada.
Meu, que texto bosta! Sexista, escroto pra caralho!
Horrível o título, são mulheres, seres humanos, e não uma comida. Nojento.
Que chamada machista, hipócrita. Sem respeito com as mulheres. Em primeiro lugar, Vadam não “comeu” ninguém..Nem poderia.. Ele não tem boca. Quem tem boca são as mulheres.!
Que escrita pobre e rasa, pudera com esse titulo ofensivo e raso pra chamar atenção, mirou no no sense de pudor frances, acertou na escrotice brasileira sexista.
Vamos melhorar esses título, né: “O cineasta francês gato e gostoso que foi traçado por estrelas de cinema” . Assim ficou bem melhor!
Ah, José, sem dúvida alguma desse título nenhuma pessoa do politicamente correto xiita iria reclamar!
Uma delícia!
Obrigado.
Sérgio
Tudo muito legal sobre o Roger Vadim e tal, mas chamar o Jean-Luc Godard de chato de galocha é muita pretensão. Burrice mesmo. Já parou pra pensar – porque não?
Onze anos depois de escrever esse texto, ao começar a escrever sobre “Barbarella”, resolvi mexer no título que foi tão criticado. Tirei o “comeu”, botei “viveu com” . Mas mantive no texto o verbo tão esculachado pela turma do politicamente correto. Uma concessão, e acho que está feito…
Sérgio
raro texto que merece ser lido na integra. nos dias de hoje encontra-se pouco coisa de valor. quanto aos comentarios, nem jesus cristo agradou a todos.
FILMES BOBOS DE BRIGITTE? NÃO CONCORDO. TALVEZ ALGUNS. ALÉM DE UMA SENSUALIDADE AGRESSIVA, ANIMALESCA E INGÊNUA , BRIGITTE BARDOT ERA EXTREMAMENTE TALENTOSA.