Ao Direito o que é do Direito

O ministro Edson Fachin assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal em meio a enormes expectativas. Com seu estilo discreto, Fachin toma para si a missão de restaurar a autocontenção do Supremo e de reafirmar valores como moderação, transparência, separação de poderes e decisões colegiadas. Tempos de comedimento e austeridade se anunciam. Emblemática a sua recusa de realizar a festa de posse, tradicionalmente financiada por lobby de associações de juízes. Continue lendo “Ao Direito o que é do Direito”

O futuro nas mãos do Senado

O sepultamento unânime da PEC da Blindagem na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, depois de o despautério ter sido aprovado por larga maioria na Câmara, recuperou duas premissas políticas: a força da pressão popular e a magnitude da Casa revisora no sistema bicameral. A voz das ruas, ainda que imbatível, exige mobilização permanente e improvável, o que torna a eleição do Senado ainda mais decisiva. Tão ou mais importante do que a de presidente da República, embora a disputa ao Planalto roube a energia e a atenção dos eleitores. Continue lendo “O futuro nas mãos do Senado”

Baixo astral

As coisas não andam boas para a direita e a extrema direita. O pesadelo começou no domingo, lotando praças e avenidas de todas as capitais e cidades menores contra a agora falecida PEC da Blindagem e o destrambelhado projeto de lei da anistia, que ainda respira, ou estrebucha, em estado terminal.  Continue lendo “Baixo astral”

A sentença que encerra um ciclo

Pela primeira vez, a Justiça brasileira levou ao banco dos réus e condenou generais de quatro estrelas e um ex-presidente da República por tentativa de golpe. Um feito inédito, com profundo significado histórico. Mais do que isso: o Brasil está virando uma página de sua história, que atribuía às Forças Armadas o papel de tutora e guardiã moral da Nação. Continue lendo “A sentença que encerra um ciclo”

Cenas

 O fechamento das estações de metrô na Avenida Paulista, de responsabilidade do governo estadual, e os carros da Guarda Municipal, de responsabilidade da Prefeitura, avançando contra o povo no final da manifestação de domingo em São Paulo, mostram à luz do sol o grau de degradação a que chegaram Tarcínico e Nunes em suas cruzadas ideológicas contra as liberdades democráticas. Continue lendo “Cenas”

Mais que um domingo

A direita radical acostumou-se a encher as avenidas desde 2013. Para isso se vale dos evangélicos e suas lideranças, majoritariamente bolsonaristas e golpistas. Suas manifestações são político-religiosas. Continue lendo “Mais que um domingo”

Sem blindagem e sem anistia

Sem cerimônia para o escárnio, a maior parte das excelências da Câmara dos Deputados não para de agir contra o país. Não bastasse a aprovação da PEC da Blindagem, popularizada como PEC da Bandidagem, insistem na anistia para golpistas, rebatizada como PL da dosimetria, que, em vez de perdão, propõe reduzir as penas daqueles que atentaram contra o Estado. Um engodo travestido de “pacificação” que, além de não acalmar os ânimos do bolsonarismo, que só admite o ex livre da cadeia e elegível, insulta os brasileiros, majoritariamente contrários à anistia, mesmo que limitada aos ignaros úteis do 8 de janeiro. Continue lendo “Sem blindagem e sem anistia”

Novos tempos

Uma vez os subversivos éramos nós, porque queríamos restabelecer a democracia derrubada por um golpe militar. Hoje, os subversivos são eles, os golpistas, por tentarem restabelecer uma ditadura no Brasil após 40 anos da redemocratização.  Continue lendo “Novos tempos”

Puxadinho

Está criado o Primeiro Comando da Câmara federal. O novo PCCf é um puxadinho da organização criminosa que surgiu em São Paulo na primeira década do século. Se a PEC da Blindagem, isto é, da Impunidade, isto é, da Bandidagem, for aprovada também no Senado, aí o puxadinho avança para Primeiro Comando do Congresso.  Continue lendo “Puxadinho”

A política está nos reels e no TikTok

A política contemporânea já não é encenada apenas nos palanques, nos plenários ou nos telejornais. A proliferação dos vídeos curtos, em formato vertical, sinaliza uma transformação estrutural na mediação entre representantes e representados. É uma linguagem concebida para o celular — para ocupar a palma da mão e infiltrar-se na intimidade da nossa rotina. Assistimos ao político no ônibus, na fila do banco, durante as refeições — e, muitas vezes, no exato instante em que ele publica sua mensagem. Continue lendo “A política está nos reels e no TikTok”

Missões Impossíveis

Estou admirado com a capacidade do ministro Alexandre de Moraes de acumular funções. Depois que mandou o Execrável para prisão domiciliar, além de ministro, juiz e relator do processo por golpe de estado virou chefe da agenda de visitas do condenado. 

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Sem virar a página

Se a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de militares de alta patente tem dimensão histórica em um país que jamais puniu quem atentou contra o Estado, ela está longe de fechar um ciclo na política brasileira. Ao contrário. Não há qualquer indicativo de recuo dos golpistas ou de que o digladio entre os extremos, que há anos emperra o país, vá arrefecer. À direita e à esquerda. Continue lendo “Sem virar a página”

Definições

Não foi pelo conjunto da obra, mas por atos específicos iniciados em meados de 2021 para dar um golpe de Estado, caso fosse derrotado nas eleições de 2022. No conjunto da obra estão pelo menos 300 mil mortes, do total de 700 mil durante a Covid-19, que poderiam ter sido evitadas com as medidas sanitárias que ele bombardeou e com as vacinas que boicotou e tardou a adquirir, de caso pensado.  Continue lendo “Definições”

A síndrome do vôo de galinha

Desde o início dos anos 1980, a economia brasileira padece do mal conhecido como vôo de galinha. Ela bate as asas, levanta vôo, mas logo em seguida perde o fôlego. Essa tem sido a rotina: alternância de surtos de crescimento de curta duração com longos períodos de estagnação, recessão ou de crescimento meramente vegetativo. Continue lendo “A síndrome do vôo de galinha”

Domingo no parque

Não foi no escurinho do cinema. Foi numa tarde de sol radiante e temperatura amena na capital paulista, sem nenhum outro concorrente por perto e com o padrinho político preso em casa, que Tarcínico de Freitas criou coragem e saiu do armário.  Continue lendo “Domingo no parque”