2013: não foi só por 20 centavos

Há dez anos inaugurava-se no Brasil uma nova forma de mobilização, com as jornadas que reuniram multidões em diversas cidades do país. Fenômeno semelhante tinha acontecido antes, com a chamada “Primavera Árabe” e os “Indignados” na Espanha. Em comum, tais movimentos fugiram do escopo das manifestações tradicionais, organizadas de forma vertical por partidos políticos, sindicatos ou movimentos sociais, na maioria das vezes de esquerda. O novo fenômeno foi chamado de “enxameamento”, porque as pessoas saiam espontaneamente das redes sociais para as ruas, sem estruturas hierarquizadas e de forma horizontal. Continue lendo “2013: não foi só por 20 centavos”

O fantasma da censura

De tempos em tempos a realidade imita a ficção.  A recente onda de censura a livros em escolas e bibliotecas dos Estados Unidos nos faz lembrar da sociedade distópica e autoritária do livro Fahrenheit 451, de Ray Bradbury. Na sociedade imaginária livros são proibidos e queimados pelo governo, com o objetivo de controlar o pensamento e a opinião pública. Continue lendo “O fantasma da censura”

O Brasil na Era do Talento

Sempre que aborda um tema, o fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, alarga nossos horizontes. Em debate com Luciano Huck, publicado no jornal O Globo, ele descortinou qual o lugar que deveria ser ocupado pelo Brasil em um mundo de transformações sistêmicas, complexas e de movimentações extremamente rápidas. Otimista aos 85 anos de idade, Schwab enxerga uma grande oportunidade para o Brasil ter um papel relevante em um mundo multifacetado. Mas há uma condicionante: o Brasil tem de entrar no que ele define como a “Era do Talento”. Continue lendo “O Brasil na Era do Talento”

De volta ao passado

Desde os anos 80 o Brasil vive acentuado processo de desindustrialização, em decorrência do esgotamento do modelo de substituição das importações. Baseado em subsídios e reserva de mercado, esse modelo gerou um parque industrial de baixa produtividade sem conseguir se inserir nas cadeias produtivas globais. Continue lendo “De volta ao passado”

O alerta que vem do Chile

Cinquenta anos após o golpe do general Augusto Pinochet, a ultradireita chilena provoca um novo abalo sísmico nos Andes. Desta vez pela via do voto. O Partido Republicano de José Antônio Kast obteve uma vitória acachapante na eleição dos 51 membros do Conselho que irá elaborar a nova Constituição. Depois do porre do primeiro processo constituinte, a esquerda do Chile amarga agora enorme ressaca. Continue lendo “O alerta que vem do Chile”

Liberdade de expressão e regulação digital

O advento das redes sociais pode ser considerado um grande avanço uma vez que democratizou de forma horizontal a participação dos cidadãos na esfera política. Mas, paralelamente, escancarou o fenômeno milenar das fake news. Continue lendo “Liberdade de expressão e regulação digital”

Inimigo íntimo

O Abril Vermelho do Movimento dos Sem-Terra, com a volta das invasões de terras produtivas, tornou-se em enorme dor de cabeça para Lula. Tudo o que o presidente não precisa é confronto com o agronegócio, responsável por 25% do PIB brasileiro, e com a bancada ruralista, uma das maiores e mais atuantes do Congresso. Continue lendo “Inimigo íntimo”

O alinhamento de Lula

Quando Lula visitou a China pela primeira vez, em 2004, vivíamos em um mundo unipolar, hegemonizado de forma absoluta pelos Estados Unidos. Os valores da democracia ocidental tinham se afirmado como vitoriosos diante da hecatombe do chamado “socialismo real”. Os americanos eram então nosso principal parceiro comercial. Apenas 5% das exportações brasileiras destinavam-se ao mercado chinês. Continue lendo “O alinhamento de Lula”

Oportunidade perdida

Há cem dias, havia a esperança de que Lula pacificaria o país. Esse sentimento parecia se confirmar com a promessa do novo presidente, em seu discurso de posse: “Vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim. Vou governar para todos e todas, olhando para nosso luminoso futuro em comum, e não para o retrovisor de um passado de divisão e intolerância”. Continue lendo “Oportunidade perdida”

Retrocesso no Ensino Médio

A descontinuidade de políticas públicas já causou muito mal à educação brasileira, trazendo enormes prejuízos para nossa juventude e ao país. Mais uma vez estamos diante desse risco. Apesar de ter chegado ao chão da escola apenas em 2022, o Novo Ensino Médio vem sendo bombardeado por corporações sindicais de professores, entidades estudantis e por parlamentares do campo da esquerda. Advogam sua revogação pura e simples, sem apresentar nenhuma alternativa a não ser o retorno ao velho sistema. Continue lendo “Retrocesso no Ensino Médio”

Forças Armadas ensaiam a volta aos quartéis

Depois de quatro anos de ordens do dia laudatórias ao 31 de março de 1964, este ano não haverá pronunciamento das Forças Armadas. A decisão tomada pelo ministro da Defesa, em sintonia com os três comandantes militares, se deu sob o impacto negativo do 8 de janeiro e tem objetivos de curto e longo prazo. No imediato visa a não jogar lenha numa fogueira cujas labaredas ainda não se extinguiram totalmente. Não falar da data – nem contra nem a favor – é uma maneira de distensionar o ambiente. Dentro e fora dos quarteis. Continue lendo “Forças Armadas ensaiam a volta aos quartéis”

Assassinato na sala de aula

Riobaldo, personagem imortalizada por Guimarães Rosa na sua obra seminal Grande Sertão: Veredas, dizia que viver é perigoso. Parafraseando o grande escritor, dar aula passou a ser perigoso diante da onda de problemas com a saúde mental que invadiu o ambiente escolar, agravados no período da pandemia. Continue lendo “Assassinato na sala de aula”

A “ressureição” do anticomunismo

O anticomunismo jamais deixou de existir no Brasil. Ora submerge nas camadas profundas da sociedade, ora vem à luz do dia, com uma eco nas massas. Tem sido assim desde os primórdios da Revolução Russa. Imaginava-se que, com o fim da “Pátria mãe do Socialismo” – a extinta União Soviética –, ele havia desaparecido da face da Terra e do Brasil. Ora, se o comunismo tinha deixado de existir, não havia mais sentido, nem base material, para o temor de sua implantação em nosso país. Continue lendo “A “ressureição” do anticomunismo”

Nicarágua, a Revolução traída

O escritor Eric Nepomuceno foi um entusiasta da Revolução Sandinista desde o seu primeiro momento. Estava em um apartamento em Paris onde iria encontrar Regis Debray quando recebeu um bilhete do escritor francês, desculpando-se por faltar ao encontro porque estava partindo para a Nicarágua onde chegava ao fim a sanguinária ditadura de Anastasio Somoza. Por 40 anos Somoza governou o país como se a Nicarágua fosse uma grande fazenda de propriedade de sua dinastia. Continue lendo “Nicarágua, a Revolução traída”