A prisão do general Braga Neto – o primeiro militar de patente máxima a ir para o cárcere em um regime democrático no Brasil – levanta uma questão que não é semântica: afinal, estivemos diante de uma tentativa de golpe de militares ou de um golpe militar? Continue lendo “Golpe militar ou de militares?”
Acordo Mercosul-União Européia é resposta ao protecionismo
Quando Fernando Henrique Cardoso e Jacques Chirac, então presidente da França, anunciaram no Rio de Janeiro, em 1999, o início das negociações para o acordo Mercosul-União Européia, o mundo era inteiramente diferente dos dias atuais. A globalização da economia estava em marcha ascendente, as cadeias produtivas globais estavam em formação, a China não era uma ameaça à hegemonia econômica dos Estados Unidos, não havia a possibilidade de uma nova guerra mundial e a democracia se afirmava como grande valor vitorioso ao final do século 20. A guerra fria, por sua vez, era coisa do passado. Continue lendo “Acordo Mercosul-União Européia é resposta ao protecionismo”
Lula, o populista e o estadista
As condições eram as mais favoráveis possíveis para o governo fazer um ajuste fiscal consistente, com medidas estruturantes para equacionar a questão da dívida pública. Hoje é o principal gargalo para o crescimento sustentado. Não lhe faltaria apoio no Congresso Nacional, largamente reformista, nem entre os agentes econômicos. A própria sociedade tem consciência da necessidade de se evitar o retorno da inflação. A conjuntura lhe dava a oportunidade de ouro de fazer o ajuste em um bom momento da economia, com o PIB crescendo além das expectativas e o emprego em expansão. Continue lendo “Lula, o populista e o estadista”
Leitura dos brasileiros vai ladeira abaixo
O nível da leitura de um povo é indicador relevante do estágio cultural de um país e do seu grau de desenvolvimento. Nós vamos muito mal neste requisito, como revelou a sexta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (*). Na comparação com o levantamento realizado em 2020, perdemos quase 7 milhões de leitores. Continue lendo “Leitura dos brasileiros vai ladeira abaixo”
O dia seguinte ao G20
A diplomacia do governo Lula teve o seu melhor momento na Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro no início desta semana. Chegou-se ao que parecia ser impossível, um documento final consensual. Isso não aconteceu nas duas últimas reuniões do grupo dos principais 20 países do mundo. Para Lula, houve um sabor especial de vitória a criação de uma Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, tido pelo presidente brasileiro como o maior legado do seu mandato à frente da presidência do G20. Continue lendo “O dia seguinte ao G20”
Trump deixa o mundo de cabelo em pé
Nada autoriza expectativas otimistas quanto ao mundo que se descortina após a vitória de Donald Trump. Será um erro grave subestimar as consequências de sua agenda econômica protecionista – e de sua visão da geopolítica. Continue lendo “Trump deixa o mundo de cabelo em pé”
Ajuste fiscal – agora vai?
O agravamento do cenário econômico emparedou o governo Lula. O presidente corre contra o relógio para apresentar ainda nesta semana seu pacote de ajuste das contas públicas por meio de um corte de despesas. A equipe econômica entrou no modo “agora vai” depois da péssima repercussão da declaração de Fernando Haddad de que não havia pressa para anunciar as novas medidas econômicas. Na verdade, o ministro da Fazenda paga o preço de, quando da aprovação do arcabouço fiscal, ter cometido o erro estratégico de buscar o equilíbrio fiscal exclusivamente pelo aumento da receita. Continue lendo “Ajuste fiscal – agora vai?”
O abraço dos afogados
As urnas foram cruéis com Lula e Bolsonaro. Naufragou a intenção dos dois de fazer das eleições municipais o tira-teima da disputa presidencial de 2022. No campo de Lula, a esquerda mergulhou em profunda crise de identidade, com seu principal partido, o PT, na “zona do rebaixamento”, como caracterizou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. E Bolsonaro perdeu o status de voz única da direita, amargando derrotas importantes ao confrontar outras lideranças de uma direita que deixou de ser monocromática. Continue lendo “O abraço dos afogados”
Marçal fez escola
Com Pablo Marçal fora da disputa, imaginava-se um segundo turno mais civilizado em São Paulo, com os dois contendores – Ricardo Nunes e Guilherme Boulos – travando um debate em torno das questões reais de interesse dos paulistanos. As esperanças se justificavam porque no primeiro turno sobraram cadeiradas, socos e muita baixaria em um jogo de vale-tudo. Sem Marçal, tudo seria diferente. Continue lendo “Marçal fez escola”
Polarização em baixa
Ainda não é o fim, mas a polarização entrou em maré vazante nas eleições municipais. Há dois anos, o país saiu da disputa presidencial praticamente dividido ao meio por dois campos ideológicos rígidos. Suas lideranças, Lula e Jair Bolsonaro, se empenharam para manter o país tensionado com vistas a um acerto de contas entre a direita e a esquerda na próxima eleição presidencial. Neste quadro, a disputa eleitoral deste ano seria tanto um terceiro turno entre os dois campos, como uma prévia da disputa presidencial de 2026. Continue lendo “Polarização em baixa”
Esquerda paga o preço de não ter se renovado
Fracassou a estratégia de Lula de fazer da eleição municipal a antessala da disputa presidencial de 2026. Continue lendo “Esquerda paga o preço de não ter se renovado”
Bets, a nova tragédia nacional
As apostas esportivas online – as chamadas bets – são o novo elefante na sala. Estão aí há seis anos, corroendo, como cupim, o tecido social brasileiro. Geram graves problemas sociais, econômicos, de segurança e de saúde pública, mas sua ação deletéria tem sido solenemente ignorada pelo Congresso Nacional, pelo governo Lula e pela própria sociedade. Ao contrário, a propaganda vende a ilusão de que as apostas online são uma atividade divertida, saudável e que traz riqueza. Continue lendo “Bets, a nova tragédia nacional”
Fim do encanto
Há um ano Lula discursou na abertura da Assembleia da ONU em meio a enorme expectativa. Lá anunciou que o Brasil estava de volta ao concerto das nações, após os quatro anos de negacionismo do governo Bolsonaro. O presidente renovou seus compromissos com a democracia e enfatizou que o Brasil passaria a ter papel importante no enfrentamento da crise climática mundial. Seu otimismo estava lastreado na convicção de que o país poderia dar uma contribuição de porte à mudança da matriz energética mundial. Continue lendo “Fim do encanto”
Essa é a vida que eu quis
Entre 13 e 22 de setembro de 2024 o Rio de Janeiro sedia o Rock in Rio, cuja primeira edição começou em 11 de janeiro de 1985, quando o Brasil passava por um momento histórico de transição política. Continue lendo “Essa é a vida que eu quis”
As lições do Ideb
Muito se falou sobre o resultado frustrante do Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico – Ideb – de 2023, revelado recentemente. De fato, os números falam por si. Temos um quadro crítico nas etapas finais do ensino fundamental e médio, especialmente no ensino médio, tão decisivo para o futuro de nossos jovens. Atingimos a meta apenas nos anos iniciais do ensino fundamental. Continue lendo “As lições do Ideb”