Sem jornal grande, estamos fritos

“Vendeme un diario con noticas, canillita, / Clarín o Crónica, La Prensa o La Razón. / Si el mundo fue ya no será una porquería, / porque en el mundo vivimos vos y yo.” (“Preludio para un canillita”, Astor Piazzola e Horacio Ferrer.)

Não sei se Crónica, La Prensa e La Razón sobrevivem. Os jornais morrem, como morreu, poucos dias atrás, o Jornal da Tarde, em que comecei no jornalismo, em que tive o privilégio de trabalhar ao longo de 14 anos, de 1970 a 1984.

O que sei é que, se depender de Cristina Kirchner, o Clarín vai desaparecer.

Por uma coincidência grande, como tantas que acontecem na vida, li hoje a entrevista do diretor do La Nación à revista Veja. La Nación está para o Clarín mais ou menos como O Estado de S. Paulo está para a Folha de S. Paulo. São competidores, rivais. Me lembro, embora vagamente, de ter lido muitos anos atrás uma entrevista com o Otavinho, Otávio Frias Filho, hoje, e já há algum tempo, diretor editorial da Folha, dizendo que na cidade de São Paulo não cabem dois grandes jornais, e que só um sobreviveria – o dele, é claro.

Acho estranho um dono de jornal torcer pelo fechamento de um jornal. Acho estranho jornalistas detestarem a existência de jornais, como se vê nas redes sociais tantos jornalistas – lulo-petistas, é claro – vociferando contra a existência de jornais e revistas, a tal da grande imprensa, como eles chamam. Mas tudo bem. A vida é cheia de coisas estranhas.

Na entrevista à Veja, o diretor do La Nación, Bartolomé Mitre, trisneto do fundador do jornal, que foi também presidente da Argentina entre 1862 e 1868, faz veemente defesa de seu concorrente direto, o Clarín. Ao contrário do Otavinho, que expressava seu desejo de que o concorrente morresse, desaparecesse, Bartolomé Mitre entende que ele e seu rival estão no mesmo barco.

Os jornais independentes dos governos, os jornais que irritam o governante de plantão, estão no mesmo barco. Eles são a garantia da democracia.

A grande diferença entre um regime democrático e um regime totalitário, ou filo-totalitário, está na existência, ou não, de uma imprensa livre, independente.

Ou, para citar pela milionésima vez a frase brilhante, genial, do editorial de Millôr Fernandes na edição de número 300 do Pasquim, “imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”.

Os jornais e revistas que sobrevivem à custa de anúncios do governo e suas empresas – Caixa, Petrobrás, Banco do Brasil, Correios, etc, etc -, tipo Carta Capital, Caros Amigos, Brasileiros – são armazém de secos e molhados. Não são imprensa.

“Cerca de 80% dos canais de televisão, dos jornais e das rádios já estão a mando do governo”, diz Bartolomé Mitre na entrevista à Veja. “Hoje, apenas o La Nación e o Clarín e uns poucos jornais podem dizer o que querem. Os veículos do interior, menores, não têm mais essa mesma capacidade. Eles não conseguem, como nós, sobreviver apenas com os anunciantes privados. Nós temos zero de publicidade oficial. Somos independentes. No interior, infelizmente, os jornais agora são todos bancados por anúncios do estado. Não podem escrever sobre uma série de temas. Servem como meros porta-vozes do governo.”

 ***

No auge da mais recente ditadura brasileira, a dos milicos de 1964 a 1986, o então vice-rei da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, fez com um jornal que lhe fazia oposição o mesmo que a horrenda Cristina Kirchner está fazendo agora com o Clarín. Acho que era o Jornal da Bahia, mas já não tenho certeza do nome, e uma busca rápida no Google não me deu garantias. ACM, governador indicado pelos milicos mais de uma vez, depois ministro dos milicos, asfixiou o jornal que fazia oposição a ele. Cortou toda a publicidade do Estado, das estatais, e usou mafiosamente sua influência sobre as grandes empresas para que elas não anunciassem mais no jornal.

O jornal fechou.

(Parênteses: na época, o Estadão fazia a defesa firme, rija, do Jornal da Bahia. A Folha dava ajuda aos milicos, aos torturadores, como bem mostra o documentário Cidadão Boilesen. Seu jornal popular, a Folha da Tarde, era assim uma espécie de Diário Oficial do Doi-Codi.)

Os métodos são parecidos. Cristina, tida como “de esquerda” (na verdade uma populista idiota, como todos os populistas, de Vargas a Lula, de Perón ao falecido Néstor Kirchner), faz tudo igualzinho a ACM ou Hugo Chávez. São todos iguais nesta noite latino-americana.

“Direita” e “esquerda” são conceitos antigos, velhos, caquéticos. Muitas vezes gente de “direita” e “esquerda” parecem gêmeos univitelinos – basta lembrar do pacto entre Hitler e Stálin pouco antes da eclosão da Segunda Guerra.

 ***

Os lulo-petistaas devem, com toda razão, sentir imensa inveja do que a horrenda Cristina está fazendo.

Ah, que maravilha los Hermanos argentinos que estão destruindo a Grande Imprensa! Que maravilha isso de sindicalistas impedirem que cheguem às ruas La Nación e Clarín! Já pensou, meu, um país sem Veja, O Globo, Rede Globo, Estadão!!!

Ah, como seria maravilhoso este país só com a Carta Capital, Caros Amigos, Brasileiros, mais a TV Lula! Bem, pode até ter a Record e o SBT, que esses mamam nas nossas tetas!

 ***

Estamos cercados por governos populistas ditos “de esquerda” por todos lados. Venezuela, Equador, Bolívia, Argentina.

Muitas vezes me pergunto por que, raios, nuestra América Latina virou o lixo da História, o único lugar do mundo onde países ainda teoricamente democráticos namoram tanto essa coisa defunta que é o comunismo.

Mas isso não importa.

O que de fato assusta é pensar que pode acontecer também aqui.

Por que não?

Se está acontecendo na civilizadíssima Argentina, o país da classe média forte, do povo educado, leitor de jornais, por que não poderia amanhã acontecer aqui também, neste paisão em que só 1% lêem jornais?

Por que não?

O que faz uma pessoa como Dilma Rousseff fingir que esqueceu seu passado de luta pela implementação de um regime comunista e dizer, fingindo que candidamente, que a melhor censura é o zapeador do controle remoto?

Falava-se do Efeito Orloff: o que acontecia lá, acontecia depois aqui.

Olha, é o seguinte: eu tenho um imenso medo do que pode acontecer a este país.

Novembro de 2012

16 Comentários para “Sem jornal grande, estamos fritos”

  1. Jornalismo, âncora da democracia.
    As virtudes e as fraquezas dos jornais não são recatadas. Registram-nas fielmente os sensíveis radares dos leitores. Precisamos, por isso, derrubar inúmeros desvios que conspiram contra a qualidade dos jornais.
    Um deles, talvez o mais resistente, é o dogma da objetividade absoluta. Transmite, num pomposo tom de verdade, a falsa certeza da neutralidade jornalística. Só que essa separação radical entre fatos e interpretações simplesmente não existe. É uma bobagem.
    Jornalismo não é ciência exata e jornalistas não são autômatos. Além disso, não se faz bom jornalismo sem emoção. A frieza não é humana e, portanto, é antijornalística. A neutralidade é uma mentira, mas a isenção é uma meta a ser perseguida. Todos os dias.
    A imprensa honesta e desengajada tem um compromisso com a verdade. E é isso que conta.
    Mas a busca da isenção enfrenta a sabotagem da manipulação deliberada, a falta de rigor e o excesso de declarações entre aspas.
    O jornalista engajado é sempre um mau repórter. Militância e jornalismo não combinam. Trata-se de uma mescla talvez compreensível e legítima nos anos sombrios da ditadura, mas que, agora, tem a marca do atraso e o vestígio do sectarismo.
    O militante não sabe que o importante é saber escutar. Esquece, ofuscado pela arrogância ideológica ou pela névoa do partidarismo, que as respostas são sempre mais importantes que as perguntas. A grande surpresa no jornalismo é descobrir que quase nunca uma história corresponde àquilo que imaginávamos.
    O bom repórter é um curioso essencial, um profissional que é pago para se surpreender. Pode haver algo mais fascinante? O jornalista ético esquadrinha a realidade, o profissional preconceituoso constrói a história.
    Todos os manuais de redação consagram a necessidade de ouvir os dois lados de um mesmo assunto. Trata-se de um esforço de isenção mínimo e incontornável. Mas alguns desvios transformam um princípio irretocável num jogo de cena.
    Matérias previamente decididas em guetos engajados buscam a cumplicidade da imparcialidade aparente. A decisão de ouvir o outro lado não é sincera, não se fundamenta na busca da verdade. É uma estratégia. O assalto à verdade culmina com uma tática exemplar: a repercussão seletiva. O pluralismo de fachada convoca, então, pretensos especialistas para declararem o que o repórter quer ouvir. Personalidades entrevistadas avalizam a “seriedade” da reportagem. Mata-se o jornalismo. Cria-se a ideologia.
    É necessário cobrir os fatos com uma perspectiva mais profunda. Convém fugir das armadilhas do politicamente correto e do contrabando opinativo semeado pelos profetas das ideologias.
    A precipitação e a falta de rigor são outros vírus que ameaçam a qualidade da informação. A manchete de impacto, oposta ao fato ou fora do contexto da matéria, transmite ao leitor a sensação de uma fraude.
    Mesmo assim, os jornais têm prestado um magnífico serviço no combate à corrupção e na construção da democracia. Alguém imagina que o saldo extraordinário do julgamento do mensalão teria sido possível sem uma imprensa independente? Os réus do mensalão podem fazer absurdas declarações de inocência, desmentidas por um conjunto sólido de provas. Podem até mesmo manifestar desprezo pelas instituições da República. Para o ex-presidente Lula, por exemplo, o povo não está interessado no mensalão, mas no desempenho do Palmeiras. A declaração, lamentável, pode até corresponder ao atual estágio da consciência política de grandes parcelas da sociedade. Mas o julgamento do mensalão, ao contrário do que pensa Lula, vai mudar muita coisa. Vai, sobretudo, dar um basta ao pragmatismo aético que tanto mal tem feito ao Brasil.
    O mensalão, que Lula pateticamente insiste em dizer que não existiu, não foi uma invenção da imprensa. Foi o resultado acabado de uma trama criminosa articulada no seu governo. A imprensa apenas cumpriu o seu papel de denúncia e de cobrança. É sempre assim. Foi assim com Fernando Collor. E será assim no futuro. Jornais de credibilidade oxigenam a democracia. As tentativas de controle da mídia, abertas ou disfarçadas, são sempre uma tentativa de asfixiar a liberdade.
    A democracia reclama um jornalismo vigoroso e rigoroso. Recentemente, Arthur Sulzberger Jr., chairman e publisher do jornal The New York Times, em entrevista a O Estado de S. Paulo, sublinhou a importância de uma marca de credibilidade, independentemente da plataforma informativa: “A tradição é a maior qualidade do nosso jornalismo. É a maneira como as coisas são vistas, é a precisão de investigar, são os core values com que trabalhamos. Queremos continuar fazendo algo em que se pode confiar. Mudar para o mundo digital significa apenas contar com novas ferramentas para fazer exatamente o mesmo. A experiência diária do jornalismo não muda, é essencialmente única”.
    É isso aí. Num momento de crise no modelo de negócio, evidente e desafiante, o que não podemos é perder o norte. E o foco é claro: produzir conteúdo de alta qualidade técnica e ética. Só isso atrairá consumidores, no papel, no tablet, no celular, em qualquer plataforma. E só isso garantirá a permanência da democracia. Por isso governos autoritários, apoiados em currais eleitorais comprados ao preço da cruel perenização da ignorância e, consequentemente, da falta de senso crítico, investem contra a imprensa de qualidade e contra os formadores de opinião que não admitem barganha com a verdade.
    O jornalismo tropeça em armadilhas. Nossa profissão enfrenta desafios, dificuldades e riscos sem fim. E é aí que mora o desafio.

    Carlos Alberto di Franco é doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais (IICS) – e-mail: difranco@iics.org.br

  2. Carta Capital, Caros Amigos, Brasileiros X Veja, O Globo, Estadão.
    Em qual o jornalismo confiar? O que é publicidade? O que é propaganda? Quem tem o compromisso com a verdade? Com quem está a verdade?
    Confesso ser um imbecil, confesso minha ignorância, mas preciso de notícias verdadeiras que me retirem da paquidermica inoperância política.
    Imagino que a luta pelo poder está no contrôle da imprensa. Jornalistas se ofendem nos jornais e internet demonstrando que a luta pelo poder passa por outras esferas. Tenho que concordar com meu guru e sentir também medo com o que pode acontecer a este país.
    “ …e como a experiência é a madre das cousas, por ela soubemos radicalmente a verdade”. (Duarte Pacheco Pereira)

  3. A tão lamejada democracia corre sério risco de ser novamente golpeada.A luta pelo poder do estado desencadeada por órgãos da imprensa, ou melhor da manipulação da mídia assume papel relevante no julgamento do mensalão. O STF guindado a estrela maior do mundo midiático, com o julgamento do mensalão passado ao vivo, diariamente pela TV, em “reality” imperdível e repassado exaustivamente nos tele-jornais, internet e jornais impressos (até quando?), vem assumindo papel antirepublicano na vida política do país. O STF formado por 11 ministros, escolhidos a dedo pelo executivo e referendado pelo congresso, assume mediante a opinião pública importância que lhe confere um poder que não lhe cabe, o de legitimar. Um novo golpe se prenuncia contra a democracia. Tal como nos idos de 1964 uma parcela da sociedade junto com os militares, estes que se achavam superior a classe política, resolveram colocar ordem no galinheiro, intitularam-se os galos mandões e elegiam o galo-mor(um general) para comandar a nação, a ferro, a fogo e a chumbo. Na época a opinião pública fôra devidamente manipulada pela imprensa contra os perigos do comunismo infiltrado nos sindicatos, no campo e em setores militares. O Brasil consentiu! Sufocou-se a imprensa, calou-se o congresso nacional e durante vinte anos suportamos mandos e desmandos. Novo golpe institucional se vislumbra, nosso medo é que o povo, deslumbrado com o novo “reality”, consinta que o STF passe a desempenhar papel não condizente com a democracia e passe a desempenar um autoritarismo agora aplaudido e de nefastas conseqüências. O processo e julgamento midiático tem produzido atores de diversos matizes, o erudito, o sábio, o engraçado, o técnico, a feminina, que se aproximam do público emnbevecido pelo saber e espírito de justiça dos ministros. Não sabe a patuléia que 8 dos ministros foram indicados, repito indicados aos seus cargos pelo presidente da república e por este motivo deverão, pelo menos, lealdade travestida de isenção. O julgamento do mensalão vai dar ao STF poder nunca conferido ao judiciário, transformando o órgão em caixa de ressonância do executivo. Afinados executivo , judiciário e legislativo mensaleiro restará ao povo exercer seu papel de “imbecis úteis” votando nos políticos corruptos de ficha limpadas por decisão judicial. Vem aí nova anistia aos políticos condenados em razão do exercício do dever de ofício.
    Os mensaleiros voltarão, após decisão do judiciário que julgarão, absolverão, apenarão e referendarão decisão que aos olhos da nação passará como justa e democrática.
    Tá tudo dominado, Joaquim o “Darth Vader” no poder do STF e seus 10 ministros. Vida longa a Sarney, Lula, Dilma,Dirceu, FHC, Serra, Haddad, etc…
    Moral e política se misturam no exercício e na legitimação do poder no Brasil.
    Maquiável ficaria ruborisado em sua obra.

  4. Engraçado, este “Miltinho” escreve tanto, tanto, tanto que parece que ele também é um dos Autores-colaboradores do 50 anos de Textos.

  5. Sérgio Vaz, como você vê, a aceitação da Cristina Kitsch despencou para 24% – embora não por suas investidas contra a imprensa. Será que há risco de ela mandar invadir as Malvinas?

  6. Amigo José Luís, você está certíssimo!
    Gostei demais da sua observação.
    E, Valdir, acho que o risco de uma aventura nas Malvinas existe, sim. A mulher é doida de pedra.
    Um abraço!
    Sérgio

  7. Uma informação: 70% da verba orçamentária do governo federal (administração direta) vai para a Organização Globo, isso significa que este governo investe em seus inimigos tb.

  8. Gostei demais de seus comentários. Devemos todos nós, cidadãos brasileiros, garantir que a imprensa seja sempre livre e independente.

  9. Caro Orivaldo,
    Obrigado pela mensagem.
    Esse governo pode ser o que for, mas bobo não é. Nem louco de rasgar dinheiro. Por mais que eles odeiem as Organizações Globo, não podem ignorar um grupo de comunicação que fala com mais da metade dos brasileiros.
    Caro Adams, agradeço imensamente sua mensagem.
    Um abraço.
    Sérgio

  10. A frase do Millôr foi dita quando?
    O que faziam a Folha, o Globo e outros grandes jornais na época?
    Quem enfrentou de fato a ditadura foram os nanicos.

  11. Sérgio Vaz, se a imprensa de conservadora (Organizações Globo, Folha, Estadão e Veja) não precisa das receitas oriundas do Governo Federal para sobreviver, não seria o caso dessa imprensa recusar-se a publicar a propaganda daquelas instituições?

    Já sugeriu isso a elas?

    É uma boa idéia para o Governo parar de gastar inutilmente o dinheiro do contribuinte, não acha?

  12. ACM “Cortou toda a publicidade do Estado, das estatais…” fez o correto, é um exemplo a seguir. Contudo, não deve ser cortado somente de uma ou outra empresa ou meio de comunicação e sim de todos.
    Propaganda governamental são duas palavras contraditórias. Propaganda de governos são na verdade exaltações governamentais. Além de servir como uma forma de coerção é um ruído no mercado publicitário. Empresas de menor porte não tem como competirem com o caixa sem fundo do governo.
    E que diabos me interessa bancar, com os meus impostos, que governos façam apologias de seu (des)governo. Todavia, as grandes empresas de comunicação e as de propaganda não querem abrir mão deste enorme patrocinador.
    Este Estado glutão e perdulário é a causa principal de nosso atraso. Não de hoje, mas de séculos. A sua influência nefasta sobre as empresas privadas, sejam através de benefícios ou de punições, inibem o avanço sócio-econômico-democrático. “Estado forte e sociedade civil fraca.

  13. Sérgio, seu temor já se faz presente. Eu mesmo senti na pele – e no bolso – a fúria petista quando está no poder. Não aceita uma imprensa independente e crítica. Em Porto Feliz, interior de São Paulo, além de não contar com verbas públicas, nossa revista – e eu pessoalmente – sofremos o que se pode chamar de “assédio jurídico”. Foram nada menos de oito processos contra mim, o editor, e a própria revista. A administração petista chegou a usar a própria estrutura do jurídico municipal para impetrar um processo contra a revista. Ou seja, fomos processados pela Prefeitura Municipal de Porto Feliz, acredite, por trazer matérias críticas contra a administração petista. Digo que se trata de um processo que vamos perder de qualquer jeito, porque mesmo que bem-sucedidos em nossa defesa nas instâncias superiores, as despesas terão de ser supridas pela municipalidade, da qual também somos contribuintes. Nesse caso, específico, ganhamos em primeira instância, assim como outros, mas os processos ainda correm em instâncias superiores. A falta de fôlego para arcar com os custos com advogados praticamente nos obrigou a “tirar o pé”. Depois de oito anos de administração petista, a revista ainda circula, graças apenas a nossa obstinação e paixão pelo jornalismo.
    abs

  14. Marcelo, o jornalismo enfrenta desafios, dificuldades e riscos sem fim. E é aí que mora o desafio.Em Porto Feliz sua obstinação haverá de superar os obstáculos impostos por instituições (partidos e judiciário) pseudo democráticas.O modêlo político-ecnômico-jurídico-administrativo precisa ser mudado para melhor. A atual regra do jogo beneficia o autoritarismo do estado legitimado pelo voto aos petistas. A regra do jogo precisa ser mudada, caso contrário, a democracia fica a mercê de uma eventual zebra. Devemos observar as regras, caso contrário podermos ser confundidos, ou retulados, com golpistas reacionários. Uma reforma política profunda precisa ser discutida com a sociedade descrente descrente. Não esmoreça Porto Feliz merece fazer jus ao nome.

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *