As coisas não andam boas para a direita e a extrema direita. O pesadelo começou no domingo, lotando praças e avenidas de todas as capitais e cidades menores contra a agora falecida PEC da Blindagem e o destrambelhado projeto de lei da anistia, que ainda respira, ou estrebucha, em estado terminal.
Seguiu na terça, com o discurso de Lula na ONU e o abraço de afogado de Trump no brasileiro — como se amigo fosse de longa data — após este descascar o outro da tribuna da Assembléia Geral.
E se completou na quarta, com a rejeição unânime da PEC pela CCJ do Senado (26 votos, inclusive os bolsonaristas!), enterrando de vez a pretensão de abrigar bandidos e organizações criminosas no Congresso Nacional, assembléias legislativas estaduais e câmaras municipais, a pretexto de defender mandatos parlamentares em processos da PGR e do STF.
Alguns senadores, como o ex-inefável Sérgio Moro e o filhote aprendiz Flávio Bolsonaro, ainda tentaram remendar o projeto para salvá-lo, mas bateram em retirada ante a avalanche de votos contrários na CCJ.
Na próxima semana tem mais. O PL da anistia — agora um cambalacho casuístico para reduzir a quase zero as penas do Jair e sua gangue – será votado na Câmara. É o que dizem. Pessoalmente, não acredito que votem. Se o fizerem, será como chutar cachorro morto. Ganham pirulitos de urtiga brava os que votarem a favor, depois das manifestações país afora no último domingo e do sepultamento em cova rasa da PEC da Bandidagem no Senado. Com direito a fotinhos 3×4 nas páginas do jornal O Globo. É de coisas assim que eles borram as calças.
Também na próxima semana Lula e Trump devem se reunir, a convite do primeiro, em teleconferência cujo assunto posso classificar como “As chantagens da direita dos EUA contra o Brasil por estar cheio de terras raras e não ter mais Bolsonaro no poder, mas às portas da cadeia”.
A conversa, se for para valer, pode render o fim das tarifas e das sanções pela lei Magnitsky, em troca de alguma concessão de acesso às terras raras brasileiras de que tanto precisam os gringos para fabricar tanques, mísseis e bombas nucleares, produzir baterias para celulares e veículos elétricos, naves espaciais, essas coisas. Lula terá a faca e o queijo na mão para fazer exigências e impor condições. O Laranjão corretor de imóveis terá de afinar, ou não leva nada.
Verdade. Lula não tem o que ceder: Bolsonaro está condenado pela Justiça e o Executivo nada pode contra isso. Não adianta Trump querer. Também não foi Lula que inventou as sanções. Foi “obra” do Trump. E sobre as tarifas, não foi Lula que as criou. Portanto, o único que tem o que ceder é Trump, e se ele quer conversar é porque a água subiu à bunda dele.
O que restar da direita após a próxima semana sinaliza aos seus seguidores Brasil afora que a saída é enrolar-se na bandeira das 50 estrelinhas e procurar asilo no abismo.
Bananinha está lá. Ele mostra o caminho.
Nelson Merlin é jornalista aposentado e apreciador de canções de velhos tempos, como “Deu pra Ti”, da dupla Kleiton&Kledir, para correr do baixo astral.
25/9/2025
