Alô, DeepSeek: quem é Sérgio Vaz?

Na terça-feira, 28/1, apenas um dia depois de a chinesa DeepSeek abalar o capitalismo mundial – as sete grandes empresas norte-americanas de tecnologia perderam US$ 1 trilhão em valor de mercado –, Mary perguntou a ela, a DeepSeek, sobre Sérgio Vaz.

Um trilhão, meu! Perda de um trilhão em único dia! Só a Nvidia, que fabrica chips para operar sistemas de inteligência artificial, perdeu US$ 589 bilhões, o equivalente a quase sete vezes a Petrobrás, a maior companhia brasileira.

A danada da chinesa demorou um pouquinho, mas depois disparou a falar sobre Sérgio Vaz – e, entre uma e outra verdade, escreveu um monte de asneiras.

Escreveu –  e abre aspas, como dizem o Bonner e a Renata –

“um crítico e comentarista de cinema conhecido por suas análises e resenhas sobre filmes”.

Cacete! Não sou crítico de cinema. Nem sou conhecido por minhas análises e resenhas sobre filmes, sua china doida!

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Bem… Vou tentar relatar como foi, da forma mais exata possível.

Sempre afeita a uma novidade tecnológica – característica que herdou do pai, Seu Jamil –, assim que soube do aplicativo R1 da chinesa DeepSeek Mary rapidinho o baixou, como já havia feito com aquele americano, o ChatGTP.

Digitou lá: “Fale-me sobre o jornalista Sérgio Vaz”.

O aplicativo chinês que fez as magnificent seven do Vale do Silício perderem um trilhãozinho respondeu:

“Sérgio Vaz é jornalista, poeta e ativista cultural brasileiro.”

Nessa resposta o aplicativo de inteligência artificial se mostrou de uma burrice atroz. Misturou dois Sérgio Vaz – euzinho aqui, jornalista ativo nas redações por quase 40 anos, e um outro mais novo e muito mais famoso, o Sérgio Vaz que se define como poeta da periferia, ativista cultural.

Com uma calma quase oriental, Mary explicou pra inteligência artificial chinesa:

“Não é esse. É um jornalista que trabalhou no Estadão.”

Parece que a inteligência artificial é como uma criança esperta, safa: ela vai aprendendo. Você dá um toque para ela, e ela aprende. Depois que Mary deu essa dica, o aplicativo chinês respondeu:

“Ah, entendi! Você está se referindo ao Sérgio Vaz, jornalista que atuou em veículos como O Estado de S. Paulo, Agência Estado e Marie Claire. Esse Sérgio Vaz é um profissional conhecido no meio jornalístico brasileiro, com uma carreira sólida e diversificada.

“Ele trabalhou por muitos anos no Estadão, um dos jornais mais tradicionais do Brasil, onde cobriu uma variedade de temas, com destaque para política, economia e cultura. Além disso, atuou na Agência Estado, que é uma das principais agências de notícias do país, fornecendo conteúdo para diversos veículos de comunicação.

“Sua passagem pela revista Marie Claire também é marcante. A Marie Claire é uma publicação conhecida por abordar temas como moda, comportamento, cultura e questões sociais, e Sérgio Vaz contribuiu com reportagens e artigos que refletem sua versatilidade como jornalista.

“Embora não seja tão midiático quanto o Sérgio Vaz da Cooperifa, esse jornalista tem uma trajetória respeitável no jornalismo brasileiro, com uma carreira dedicada à cobertura de assuntos relevantes e à produção de conteúdo de qualidade. Se você tem mais detalhes ou quer saber algo específico sobre ele, é só perguntar!”

Mary comentou que Sérgio Vaz escreve sobre cinema. Aí o aplicativo chinês mandou ver o seguinte:

“Ah, agora ficou claro. Esse Sérgio Vaz é um crítico e comentarista de cinema conhecido por suas análises e resenhas sobre filmes. Além de seu trabalho online, Sérgio Vaz também contribui para revistas e jornais. É responsável pelo site 50 Anos de Filmes (e também pelo 50 anos de Textos). É um nome conhecido no meio cinematográfico brasileiro, especialmente por sua dedicação à crítica e análise de filmes.”

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Meu, que fantástica mistura de algumas informações corretas e um monte de asneiras! Enfiam-se frases feitas que não têm absolutamente nada a ver com a realidade dos fatos. Nunca fui “um nome conhecido no meio cinematográfico brasileiro, especialmente por sua dedicação à crítica e análise de filmes”. Na verdade, nunca fui um nome conhecido – a não ser pelas pessoas com as quais trabalhei nas redações, ao longo de quase 40 anos. E é verdade que passei por redações importantes, e com uma trajetória de alguma importância – em ordem cronológica, o Jornal da Tarde, a revista Afinal, a Agência Estado, a revista Marie Claire, a Agência Estado de novo, o portal estadão.com.br e, finalmente, o jornal O Estado de S. Paulo.

Nunca fui um nome conhecido fora das redações nas quais trabalhei – mas devo dizer que, felizmente, entre muitas pessoas que trabalharam comigo, deixei um nome honrado.

O que, naturalmente, nenhum aplicativo de inteligência artificial teria a obrigação de saber.

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Algumas semanas antes de Mary perguntar ao aplicativo da DeepSeek sobre a minha pessoinha, recebi do Roberto Bascchera – com quem tive o privilégio de dividir o Mesão do Estadão, juntamente com gente do calibre de Roberto Gazzi e Durval Braga, sob a chefia de Sandro Vaia – mensagens e uma série de fotos. “Fuçando meus arquivos, descobri essas fotos de 2006. Não sei se tens, mas são boas lembranças”, disse ele. Eram as fotos da festinha que me ofereceram quando aceitei participar de um daqueles PDVs, planos de demissão voluntária, dados para que a S/A se livrasse de pelo menos alguns dos velhinhos de muitos anos de casa, salário bom e muita preguiça – este último item não era o meu caso, como me foi dito e repetido,

Não tinha essas fotos – e, diacho, elas são históricas, são do dia em que me despedi das redações, o último dia de trabalho antes do pedido de aposentadoria, que, aliás, foi encaminhado pelo próprio RH da S/A ao INSS, e concedido não muito tempo depois.

Estão aí na foto grandes jornalistas, pessoas formidáveis, amigos maravilhosos com quem tive a honra e a sorte de trabalhar… Meu Deus do céu, que time!

(Da esquerda para a direita: Roberto Bascchera, Dalmo Moreira, Ricardo Gandour, Luiz Rila, Mariangela Hamu, Sérgio Vaz, Viviane Kulcynski, Roberto Gazzi, Cida Damasco, Serginho Pompeu, Irene Ruberti, Durval Braga, Cláudio Augusto, Flávio Pinheiro e, sentados, José Maria Mayrink, Arnaldo Afonso e J.C. C afundo de Morais. As fotos são de Wilson Pedrosa.)

 

 

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Comecei este texto falando do que a bos#@% da inteligência artificial fala de mim, e vim parar num agradecimento ao caríssimo Bascchera pelas fotos da minha despedida do Estadão. Porque a tal da IA está longe demais da verdade, do que de fato importa. Ainda, é claro. Ela aprende rapidamente, e daqui a pouco, quem sabe, será até talvez capaz de dizer de Sérgio Vaz – e de qualquer outra pessoa, ou fato, ou coisa – algo mais do que mentiras e algumas obviedades.

Alguns dias de janeiro e fevereiro de 2025

3 Comentários para “Alô, DeepSeek: quem é Sérgio Vaz?”

  1. Servaz Será que aquela coisa também te conhece assim? Quem procura acha. Eu não me dei ao trabalho de me importar com ela. Casualmente, a Mary consultou meu nome (eu jamais teria feito isso) e veio aquele pequeno texto agradável. Ora, se não fosse assim, minha reação seria um italianissimo me frego…

  2. Não entendo nada de deepseek, nem pretendo entender.
    Para mim basta saber que Sérgio Vaz é um amjgo virtual que admiro muito pela cultura, pelos textos que publica.

  3. A IA é uma máquina doida. Informa constantemente o inexistente, raramente acerta. E se não for corrigida, lamentacelmente fica valendo o que ela diz de sua pessoa. Vai demorar ainda um tempo para ser útil de verdade em se tratando desse tipo de informação.

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