Desde que a “famosíssima” dupla paranaense Brenno e Matheus jogou no ventilador a música (música?) “Nóis Vai Descer pra BC”, a coisa se espalhou pelos tiquetoques da vida contaminando as redes de esgoto, digo, sociais, mexendo com o grande público apreciador da obra.
“Nóis vai descer, vai descer. Descer lá pra BC (Balneário Camboriú) no finalzim do ano”. O refrão que virou moda entre a moçada e a velharada, é repetido incansavelmente pelos que enfrentam filas nas estradas que levam ao litoral do país inteiro e, ultimamente, tem servido de propaganda de uma grande loja de departamento dos Estados Unidos. Péra, do Brasil. Confundi a nacionalidade por causa da Estátua da Liberdade erigida na frente de cada loja aberta em vários pontos do país.
A propaganda usa o refrão “nóis vai descê” em alusão à queda de preços dos produtos vendidos na loja, e o “garoto” propaganda é o famoso véio, puxador de saco de um certo político corrupto de maneira bastante acintosa.
O Louro José do Bozo nunca teve vergonha de se expor fantasiado de papagaio. Mas é que motivos não lhe faltavam: pelo menos 168 milhões de motivos.
Essa era sua dívida com a União na época em que alisava a pança do seu querido presidente. Foram muitas aparições ao lado dele, fazendo micagens e distribuindo sorrisos para os adoradores de mitos.
E não é que esses afagos lhe renderam frutos? Conseguiu um parcelamento em suavíssimas prestações a serem pagas em 115 anos. Ficou tão contente com o parcelamento – afinal, quando estiver com apenas 175 anos de idade terá conseguido quitar sua dívida – que comprou um avião de 250 milhões pra comemorar.
Voltemos ao assunto. A propaganda que está circulando em horário nobre da TV é, no mínimo, de gosto duvidoso, e expressei minha opinião numa postagem no falecido Twitter: “Esses anúncios da Havan, com o próprio véio da Havan, provocam vergonha alheia do começo ao fim. 🤦♀️”.
Para minha surpresa, no dia seguinte recebo a seguinte resposta desse senhor: “Aqui a gente entrega entretenimento junto com a propaganda. 😂🤣”.
A princípio pensei em responder algo como “Tem gosto pra tudo nesta vida. Até pro mau gosto”, mas, quando comecei a receber uma enxurrada de comentários defendendo o véio, achei melhor não responder. Seria muito nóis vai descer o nível.
Me chamaram de invejosa, de Véia Vaia, de fracassada, e li frases do tipo “vergonha alheia é ter um ladrão na presidência” (como se eu fosse responsável por isso e como se o mito dele fosse honesto), “continue assim, Luciano. Sua alegria e seu sucesso incomodam os demônios esquerdistas”. Teve também citação do provérbio 14.30: “a inveja faz apodrecer até os ossos” (pra esse tive vontade de responder: a burrice também, mas me contive). Mas teve um comentário em letras garrafais que me fez soltar uma gargalhada das boas: “fale apenas por você, por mim falo eu. Adoro essas propagandas com o véio da Havan. Muito melhor que as propagandas fajutas da @magalu”. Ele não percebeu que eu estava falando por mim e não em nome dele. Não respondi porque fiquei com pena da pessoa que se dói tanto pelo adorador de mito, a ponto de enfiar até a Luiza Trajano na parada.
Não vou citar todos os comentários porque são, mais ou menos, no mesmo nível de imbecilidade. Também não respondi a nenhum, mas se fosse dar uma resposta geral, diria para esses seguidores que, quando se virem em situação econômica crítica, procurem o véio e peçam um parcelamento de 115 anos de seus carnês. Se conseguirem, que aproveitem para comprar roupas novas, pra quando forem passar férias na Riviera de Gaza! Certamente já devem estar se programando pra isso, porque se o mito alaranjado falou que vai fazer, é porque deve ser coisa boa.
E que não se esqueçam de levar seus bonés vermelhos com a inscrição: Make Gaza Great Again.
Esta crônica foi publicada originalmente em O Boletim, em 7/2/2025.