A semana foi bem pesada em matéria de notícias ruins.
Na quarta-feira, mais de 300 deputados votaram a favor do Pacote do Veneno – é como tá sendo chamado o projeto que muda as regras do uso de substâncias que combatem as pragas das lavouras. Mudaram nome de agrotóxico para pesticida, para minimizar o impacto, e mandaram bala.
Com essa aprovação será permitido que produtos cancerígenos e outras substâncias nocivas à saúde, já abolidas pelo resto do mundo, possam ser usados desde que estejam dentro de “níveis aceitáveis”.
Como é que é? Existe algum nível aceitável para que a população consuma produtos empesteados de substâncias cancerígenas?
Eu não aceito esse e nenhum outro tipo de “nível aceitável” de porcarias em alimentos. Fico horrorizada, por exemplo, quando alguém encontra pelo de rato no molho de tomate, envia para análise e recebe como resposta que está tudo dentro das normas sanitárias.
Só falta dizerem pros consumidores: Eh, vá! Quanta frescura! O que é um pelo de rato numa macarronada?
Essas coisas me revoltam, então vou mudar de assunto e falar só de coisas boas.
Péra! Tô aqui procurando ainda. Vamos ver.
Falar de apologia ao nazismo que algumas antas televisivas e teleinternéticas andaram propagando por aí não é uma coisa boa. Dá muita raiva pensar que ainda existe esse tipo de gente que glorifica a crueldade e a insanidade. Daí logo me lembro do Bolsonaro elogiando o torturador da ditadura, coronel Carlos Brilhante Ustra, que o Diabo o tenha, e me irrito mais ainda.
Vou pular esse assunto.
Sobre o brutal assassinato do garoto Moïse, não vou conseguir comentar sem chorar. Chorar de tristeza pela morte de um jovem que procurou o paraíso pra viver e encontrou o inferno ao morrer. Chorar de tristeza por constatar que o animal racional é muito mais irracional do que qualquer outro animal selvagem. Pulo esse também.
E falando em irracional, sobrou pra quem? Pro presidente, claro. Pra variar, na última quinta-feira falou besteira no cercadinho; disse que em breve vai acontecer uma coisa que vai salvar o Brasil: “Pessoal, qual a diferença entre uma ditadura feitas pelas armas, como a gente vê, por exemplo em Cuba, Venezuela e outros países, de uma ditadura que vem pelas canetas? Qual a diferença? Nenhuma. Vocês sabem o que está acontecendo no Brasil, né? Eu acredito em Deus e nos próximos dias vai acontecer algo que vai nos salvar no Brasil, tenho certeza”.
O que ele quis dizer com isso? Que vai dar um golpe e reinar soberano, sem as instituições, como sempre sonhou?
Ou será que vai desistir da candidatura à Presidência para disputar um cargo de senador ou de deputado federal por medo de perder a eleição e ter de trocar o foro privilegiado pelo furo privilegiado em Bangu?
Essa hipótese, convenhamos, é bem animadora e realmente salvaria o Brasil. Sem ele no páreo, Lula seria carta fora do baralho, já que lidera nas pesquisas porque carrega uma boa parte dos votos dos desgostosos que lacraram 17. Nem um, nem outro? Ô, Glória! Essa, sim, seria uma ótima notícia, mas por enquanto é só uma elucubração.
E, ainda em busca de uma boa nota, me deparo com esta: A cidade de Campinas, aqui pertico de onde moro, está estudando a possiblidade de erguer um busto para o guru do Bolsonaro, Olavo de Carvalho. O negacionista que morreu de Covid recentemente, provando do próprio veneno.
A proposta partiu do vereador, seu conterrâneo, Nelson Hossri, e já conta com a ajuda financeira do governo federal, conforme sinalizou o secretário Especial de Cultura, Mário Frias, aquele que gastou quase 80 mil reais pra bater um papo “urgente” com um lutador de jiu-jítsu nos Estados Unidos.
Cadê o lado bom dessa história? Passada a raiva de saber que vão gastar nosso dinheiro com quem ajudou a matar centenas de milhares de brasileiros induzindo nosso governo a não comprar vacinas no início da pandemia, passei a olhar a notícia por outro prisma.
Me animei sabendo que os pombos vão dar a esse imbecil o tratamento que merece!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 11/2/2022.