O sujeito pára diante da prateleira do supermercado e olha para os adoçantes à sua frente. A mulher tinha alertado, umas semanas atrás, que um tipo de adoçante não podia. Mas qual, diacho?
Ele até tinha uma certa desconfiança de que era um que começava com as. As alguma coisa.
Encarou as fileiras de adoçante. Sucralose, dizia uma caixinha. O cara achava que sucralose podia – mas não tinha certeza, e in dubio, pro consulta à patroa.
– “Sucralose pode, né?”, indagou no zap-zap.
Depois de um tempinho, repetiu a pergunta. O novo barulhinho do zap-zap poderia atrair a atenção da mulher.
– “Sucralose pode, né?”
Nada.
– “Pode ou não pode? Última chance! Tô levando!”
Nada do lado de lá.
Uma meia hora depois, já em casa, resolve brincar: – “Trouxe sucralose pra casa! Montanhas de sucralose!”
Nada.
Meia hora depois, a mulher responde: – “Eu estava cochilando. Sucralose é ótimo. O que não pode é aspartame. Ama!!!”
O sujeito decide continuar brincando: – “Cochilar é ótimo. Melhor que sucralose.”
E aí radicaliza. Pega no pé da mulher, que nos últimos 90 dias passou apenas 10 em casa, tecnicamente já configurando abandono do lar: “Amar também é bom – mas amar de longe, ter saudade, não é tão bom assim. É que nem aspartame. Não deveria poder.”
Silêncio do lado de lá.
Ih, diacho! Será que ofendeu? Magoou?
Tenta de novo: – “É meu lado hiena. Tá na merda, mas não perde o humor!”
Silêncio sepulcral.
Mais uma mensagem: – “Sei, sei, sei…. Exagerei. Não pode. Deus castiga. Não tá na merda porra nenhuma.”
Silêncio abissal.
– “Mas é a piada, viu, Mozim? É só pra fazer a piada.”
Silêncio ensurdecedor.
Vixe: ofendeu. Magoou. E agora?
Tudo culpa do aspartêmio. Não, da sacalose.
Sacanagem!
22/9/2019
Nota do administrador: O autor assegura que o texto acima é puramente fictício, e qualquer semelhança com personagens e/ou fatos reais é pura coincidência. O administrador certifica e dá fé.