Neste domingo, 2, fez um ano que o Sandro Vaia partiu. Piscamos o olho e já faz um ano. No meu desconsolo, lembrei de um caso dos bons tempos do Jornal da Tarde.
Uma terrorista, assim chamados os da luta armada, foi presa no Mappin. A loja da Praça Ramos de Azevedo estava sempre cheia. Nos elevadores lotados, o ascensorista cantava, a cada parada. Primeiro andar, cama, mesa e banho. Segundo andar, móveis e eletrodoméstico… assim por diante.
Um atentado na loja seria uma tragédia. Devidamente pautado, entrei e me misturei à clientela. Fiz discretas perguntas, mas não havia como não entrevistar balconistas e funcionários que tinham presenciado os fatos.
Estava até com um bom material, quando fui detido (sim, detido) pela segurança. Tentei argumentar, mas não teve jeito. Me levaram para a sala de um graúdo, na diretoria.
O homem me recebeu com um risinho divertido; devia achar curiosa a minha pretensão de cobrir um caso desses no Mappin. A loja era grande anunciante do Estadão. Páginas inteiras, para anunciar a liquidação anual – “queima total do estoque” – ou outras promoções.
Se bem lembro, perguntou quem era meu chefe, e o número do telefone. Respondi. Discou, e começou a explicar essa curiosidade de que um repórter do jornal havia tentado levantar informações sobre um pequeno incidente ocorrido na loja. Ouviu o seguinte (Sandro me contou depois):
– Esse caso transcende os interesses do Mappin.
Imagino o tom em que falou, pois o sujeito fez um ar de incredulidade e não se arriscou a argumentar. O fato é que fui libertado. No dia seguinte, o JT saiu com um título em caixa alta (maiúsculas), no meio da página, de uma margem a outra: “Terrorista armada presa no Mappin”.
Notem. Sandro não pediu um tempo, não foi falar com Ruy Mesquita, nem com ninguém. Decidiu a parada.
5/4/2016
Bela lembrança, caríssimo Valdir. O Sandro era assim, despertando inveja (da boa) em tdos nós. Grande Savaia, Grande SV2.
Valdir, grande sua lembrança ao Vaia.
A presa era realmente terrorista ou militante politica?
Miltinho, a polícia a prendeu como terrorista. O que aconteceu a seguir seguramente teve espaço nas edições seguintes do JT, mas não na minha memória.