#VemPraRua e muito mais

Com vícios que corroem quase todas as suas virtudes, a política encerra mais um ano sob o domínio de práticas menores, repugnantes, de dar vergonha. O vale tudo – até fazer o diabo – para se eternizar no poder, disseminado pelo PT, gangrenou a política na última dúzia de anos. E o que Dilma Rousseff antecipou para 2015 não é nada animador.

Métodos condenáveis de fazer política não foram inventados pelo PT nem por Dilma. Mas é inegável como o ambiente degringolou nos últimos anos.

A começar pela qualidade da representação, feita e mantida para separar os interesses dos eleitos da intenção dos eleitores. Algo que sequer precisa da tão propalada e nunca viabilizada reforma política para existir. Bastaria eliminar a enganação, punir severamente a mentira. Impedir embustes como o da propaganda eleitoral de Dilma que fazia sumir comida dos pratos e letras dos livros no caso de vitória do adversário.

A campanha ajudou. Mas tudo já havia apodrecido.

Interesses partidários e pessoais pairam milhares de quilômetros acima dos da coletividade. Compadrio, corrupção, roubalheira, bolsos abarrotados de dinheiro sujo viraram regra e não exceção. Tomou-se o Estado de assalto.

No plano institucional, as relações entre o Planalto e o Congresso Nacional tornaram-se exclusivamente negociais, com dinheiro correndo solto, legal ou ilegalmente, com o requinte de, por decreto presidencial, se oficializar o toma-lá-dá-cá.

Ideologia virou sucata, cuja serventia se limita a alimentar os xingamentos nas redes sociais, incentivados pela falsa divisão do “nós x eles”, ora travestida de “ricos x pobres”, que o ex Lula inventou e continua a usar, ainda que com menor apelo.

Ideias viraram produto escasso, quase em falta.

Para 2015, Dilma anunciou ministros que personificam o atraso. No método de partilha do latifúndio e no perfil. Gente que nada entende do riscado. Alguns de arrepiar, como o fiel Eduardo Braga (PMDB-AM), que de energia deve saber trocar lâmpadas, se muito. Cid Gomes (PROS-CE) na Educação e Aldo Rebelo (PC do B), um defensor da reserva de mercado, escalado para Ciência e Tecnologia.

De novidade, o ministério de Dilma traz o grupo liderado por Joaquim Levy, que, se tudo der muito certo, conseguirá dobrar a chefe para fazer o que é preciso: implantar uma política econômica similar à adotada com sucesso no final do século passado por Fernando Henrique Cardoso.

Quanto às práticas, quem tem o poder não quer saber de mudá-las.

Ir para as ruas não bastará para enterrar essa política que só serve aos mesmos poucos. Será preciso vigor, afinco e inteligência. E rua, sempre.

Como neste país o impossível é possível, feliz 2015.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 28/12/2014.

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