Ainda repercutindo a fala do técnico de futebol Joel Santana proferida num caminhão de som no último domingo, em um inglês de fazer inveja até a William Shakespeare.
Péra! Acho que estou confundindo professor com aluno. Na verdade, quem rasgou o verbo na língua quase inglesa foi aquele inelegível candidato à presidência da República, o réu, Jair Messias Bolsonaro, que encarnou um Odorico Paraguaçu na Avenida Paulista e caprichou no embromation. Tá todo mundo rindo até agora das popicorni e dos aicicrins que a pessoa inseriu no discurso que pede anistia para os golpistas do 8 de janeiro. Aqui entro para dar meu pitaco sobre a palavra “golpistas” usada para fins legais. Eu a substituiria tranquilamente por idiotas.
Sim. Idiotas que mal sabiam o que estavam fazendo lá e da gravidade do ato que estavam cometendo. Ouvi depoimentos bizarros de alguns participantes do evento de domingo que me deixaram assim, ó, de boca aberta. Um chegou a dizer que prenderam injustamente algumas pessoas só porque derrubaram uma “estátua velha”. A outra que, sem medo de passar vergonha diante das câmeras, afirmou com convicção que lutava pela liberdade porque “estamos vivendo numa ditadura”. Certamente quem faz uma declaração dessas não tem a menor noção do que seja uma ditadura. Os que acreditam nisso mal sabem que ditadura é o regime que eles defendem. Com Bolsonaro no poder através de um golpe, iríamos ver vários Brilhantes Ustras ressuscitados, prendendo e quebrando os ossos de quem não pensasse como o mito.
Enfim, Bolsonaro arrebanhou um gado relativamente pequeno na avenida (muito menor do que o esperado), repetiu a mesma ladainha de sempre, tascou seu inglês inaudível e “inelegível”. Só que, diferentemente de Odorico Paraguaçu, não conseguiu to kill the snake and show the dick (graçazadeus, né?).
Lá do lado de cima do Equador, o outro pateta também tem dado o que falar.
Anda brincando de dono do mundo, fazendo um estrago generalizado com suas intempestivas decisões pra ver no que vai dar até perceber que dá no que já está dando: bolsas do mundo inteiro despencando toda vez que abre a boca, retaliação de todos os países prejudicados com a super taxação sobre seus produtos e um clima de incerteza até mesmo entre seus apoiadores.
E pra compensar o banho de shit que está dando na economia mundial, decide dar um banhão de ducha na população americana. Na última quinta-feira assinou um decreto revogando normas estabelecidas nos governos anteriores de Barack Obama e de Joe Biden, que limitavam o fluxo de água das torneiras americanas. Justificou a medida dizendo que não quer mais banho de pingos porque gosta de lavar seu “lindo cabelo”.
Aliás, seu lindo cabelo tem estado mais branquinho ultimamente, notaram?
Será que sua tinta cor de laranja era importada e com a super taxa criada por ele sumiu do mercado?
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 11/4/2025.