O ungido

Não sei, não. Mas desde o primeiro momento acho que o 01 está mentindo. Não seria uma novidade! Acho que o 00 disse a ele, no cantinho do xadrez, bem baixinho, só pra ele ouvir, numa confidência de quem vai ficar fora do ar por 27 anos, que ele é d’agora em diante o cabeça da famiglia. Nada más. 

     Vai daí, o pimpolho que fez fortuna vendendo chocolate na esquina saiu do xadrez da PF alardeando ser o ungido de papai para a eleição de 2026.

     Eles pensam que estão no Vaticano, nos tempos em que os papas ungiam seus sucessores para não dar briga. 

     Ora, a suposta unção caiu como uma bomba no meio político e nos mercados de capitais, a tal ponto que no dia seguinte ele já dizia que podia desistir antes mesmo de começar. E no fim do mesmo dia dizia também que “Tarcísio é o melhor cara do nosso time”. 

     Nunca vi uma pré-candidatura virar pó em 24 horas, triturada pelo próprio interessado. Mas, para não ser chutado como cachorro morto, disse que sua desistência teria um preço. E qual o preço, cara pálida? Que toda a direita se una para: 1. votar a anistia no Congresso para todos os crimes que culminaram no 8/1, de preferência nesta semana; 2. incluir o presidiário no trem da alegria; 3. devolver os direitos políticos ao condenado para ele disputar a eleição de 2026. 

     Como se vê, chocolate é pouco. O pimpolho quer a lua!!! Não sei se alguém da direita vai pôr a mão no bolso. Que eu saiba, Tarcínico, Zema, Ratinho e Caiado precisam manter a famiglia a uma boa distância para atrair os votos do eleitorado centrista, mais os indecisos e os descrentes. Com o 00 atrás das grades, quem vai querer arrumar sarna pra se coçar? 

     E mais. Em todas as pesquisas de opinião, antes da unção, 01 perde longe para Micheque e Tarcínico, que aparecem nessa ordem como os preferidos do eleitorado da direita. 

     Como se vê, as rachadinhas, isto é, as rachaduras no teto da direita estão por todas as partes. 

     No pé em que marcha o cortejo, não tem anistia, não tem candidatura única, não tem nada. É cada um por si e Deus por ninguém. 

     A unção mais parece ter sido uma extrema-unção.

Nelson Merlin é jornalista aposentado e apreciador de quebra-cabeças, mesmo que os mais inusitados. 

8/12/2025

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