Inteligência Artificial ou…

Carlinhos olhava desolado para o que tinha nas mãos. A caixa onde guardava sua coleção de moedas havia ido ao chão e quebrado. Era peça antiga. E agora? Quanto custaria uma nova, caso encontrasse? Pensou na Inteligência Artificial para um conserto. Mas não sabia o que era isso. Procurou no Google. Lá estava, em uma das definições: “Que não é natural, dissimulado, fingido. Postiço.” 

Antes que pudesse desanimar de vez, surge o primo Julinho. “Vige, o que aconteceu?”. Carlinhos mostrou a caixa.

“Só isso?”- reagiu o primo. Procurou entre as tranqueiras de Carlinhos e encontrou o que queria. Um araminho. Pronto, a Pátria estava salva. Com esse pedaço de arame, e um alicate, resolveu o problema com uma das nossas práticas imbatíveis. O jeitinho.

Poderia o jeitinho brasileiro concorrer com a Inteligência Artificial? A resposta certamente é um sonoro não. Entrementes… Em outra casa, a de Leonardo, o problema era com o vizinho Otávio. Este orgulhava-se da frondosa árvore que crescera no seu jardim. Leonardo, nem tanto. A árvore estava invadindo a entrada de sua casa. Havia galho bem perto da porta.

Em comum acordo, os dois buscavam uma solução. Até que Leonardo resolveu agir. Pediu à empresa de um amigo um machado emprestado e uma escada. Pouco depois, posiciona a escada perto da árvore invasora, sobe nela armado com o machado e… quebra o galho! Em duplo sentido! Em matéria de quebra galho ninguém vence este País.

Um estudioso de nossas práticas encafifou-se com uma idéia. Existirá a burrice artificial? Como instituição certamente não. Mas na prática… O cidadão deve certa quantia para um agiota. No vencimento, sem possibilidade de pagar, diz a ele que dará o cano. Este se abespinha todo e começa com ameaças, até que aquele lhe oferece o cano que trouxera no carro, e é exatamente o que o outro precisa para a reforma da casa.

Classificação não artificial deste texto definida pelo autor. Perda de tempo!

Esta crônica foi originalmente publicada no blog Vivendo e Escrevendo, em 4/7/2025. 

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