Legado da morte

Um recorte que me chamou a atenção no velório do outro domingo na Paulista foi a referência a Israel, com direito a fala de um dos discurseiros e a bandeiras israelenses agitadas pelo gado assistente.

Disse o discurseiro chamado mito pela multidão que “nós respeitamos Israel”, insinuando que o presidente Lula e a esquerda desrespeitam. 

Israel não merece respeito algum pela matança que comete contra civis, a imensa maioria crianças, mulheres e idosos, na Faixa de Gaza. E é merecida a comparação que Lula fez com a matança de judeus por Hitler antes e durante a II Guerra Mundial. 

Alegar que uma coisa é diferente da outra porque a matança de Hitler foi muito maior, é o mesmo que legitimar assassinatos coletivos menores porque houve maiores. 

Os 30 mil assassinatos de Israel em Gaza em 100 dias de massacres  são tão criminosos quanto os 9 milhões de Hitler nas câmaras de gás  contra judeus (6 milhões), ciganos, testemunhas de Jeová, homossexuais, opositores políticos, comunistas, escritores, intelectuais, africanos e deficientes físicos (3 milhões) por toda a Europa e norte da África, nos 12 anos de trevas entre 1933 e 1945. A dor dos judeus é a mesma dos outros, eles não são mais humanos que os demais. 

E, diferentemente dos nazistas, Israel mata crianças, mulheres e idosos palestinos sob bombardeios de fósforo branco (proibidos pelas leis internacionais) em busca de ratos nos porões. Faz do morticínio e da dor a sua vingança, e a comemora com discursos criminosos no Knesset, por representantes que fariam corar os nazistas de Hitler e os fascistas de Mussolini. 

Os crimes de Israel e do Hamas são revoltantes e, na essência, os mesmos. Israel se igualou aos facínoras do Hamas. E o crime de Lula, onde está? Onde está sua hostilidade ao povo judeu, se o considerou vítima do fuhrer nazista? É crime denunciar a matança de civis palestinos? É crime denunciar um genocídio cometido não às escondidas, como Hitler fez, mas à luz do dia e na cara da comunidade internacional, como faz Israel com mulheres que não mais darão à luz a prole de sua descendência? Como faz Israel com bebês e crianças que dariam continuidade à existência do povo palestino?

O legado de Israel para a humanidade é a ruína das cidades palestinas e o assassinato das crianças, mulheres e idosos, “para que os palestinos nunca esqueçam o que fizeram aos judeus”. Não sou eu que digo, mas uma doida que responde pelo Ministério da Igualdade de Israel, ou coisa assim. 

O legado da morte, do extermínio e da desolação. 

Nelson Merlin é jornalista aposentado e indignado. 

4/3/2024

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