De Pastores a Ministros!

Os destaques da semana vão para dois ministros: um do governo federal e outro (a) do STF/TSE, e de quebra, só pra variar, para mais um caso de pastor evangélico sacana.
Começando pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que perdeu as estribeiras em audiência pública da Comissão de Finanças e Tributação na Câmara dos Deputados na última terça-feira. Não foi bem uma postura esperada de um ministro que precisa ter jogo de cintura pra ver aprovados seus programas, mas, como ninguém é de ferro diante de tanta estupidez por parte dos oposicionistas, ele mandou brasa.

Era pra ser apenas uma reunião para discutir a política econômica do país, mas alguns deputados bolsonaristas resolveram cutucar a onça com vara curta. E levaram o troco. Kim Kataguiri (União Brasil-SP) levou um passa-moleque do Haddad quando questionou sobre taxar até os produtos importados mais baratinhos, que nós consumidores adoramos comprar da China. Esse assunto já tinha sido ventilado antes, mas deu ruim para a popularidade dos governistas. Na época, a “jênia” Janja até deu um pitaco pra acalmar os ânimos dizendo que quem iria pagar o imposto seriam os fabricantes e não nós, os ávidos consumidores de chinguelingues. (Oi? Seria esse o verdadeiro “negócio da China” pra gente?) ]

Nessa hora o clima esquentou. Haddad, que é a favor da taxação, perguntou pro deputado se ele não sabia que ICMS é um tributo que vai para o caixa dos governos dos Estados, e falou que se ele é contra que vá cobrar dos governadores, inclusive do Tarcísio de Freitas, que é da turma dele. E foi além: “O senhor deveria receber os empresários e ouvir o que eles têm a dizer. Fecha a porta pra ouvir e para de lacrar nas redes”.

Tava vendo a hora em que ele ia soltar um ah, vai te catá guiri, digo guri.

Fernando Haddad também teve de explicar para o deputado Abílio Brunini (PL-MT), que o chamou de “negacionista da economia”, que ele não é nada disso. Que acredita em vacina e que a Terra é redonda; em outras palavras, que negacionista é a mãe!

Aí enveredaram também pela cultura e toca Haddad rebater dizendo que o governo que eles defendiam quase enterrou a cultura no Brasil.

O que não é mentira. (Ele não falou, mas a maior prova disso foi Bolsonaro ter chamado Regina Duarte pra tomar conta do pedaço.) Em resposta ouviu um legal é patrocinar show como o da Madonna.

Por falar nisso, a comissão da Câmara aprovou neste dia 22 uma moção de repúdio ao show da Madonna no Rio, e ainda enfiaram no pacote os nomes de Pabllo Vittar, Anitta, Eduardo Paes e Cláudio Castro.

Não vi esses putanos, digo, puritanos, fazerem menção de repúdio aos pastores pedófilos e comedores de fiéis.

O nome que ocupou as manchetes da semana foi o do pastor Sinval Ferreira, que convencia seu rebanho em geral a transar coletivamente, e que os homens deveriam receber as “sete unções” (não temos a descrição do que seriam essas unções) nas suas partes íntimas para salvar seus entes queridos. Segundo sua visão privilegiada do futuro chamada de “dom da revelação”, pessoas queridas poderiam morrer em breve caso o fiel não fosse “abençoado” com seu divino sexo oral.

Não conhecia essa modalidade de salvação. É a primeira vez que se ouve falar em chupeta abençoada.

Voltando aos  ministros, quero agradecer aqui à ministra Carmem Lúcia por ter enriquecido meu vocabulário com tanta finesse. Prometo nunca mais chamar alguém de burro. Daqui pra frente vou chamar de desinteligente natural todos os desprovidos de massa cinzenta.

Foi assim que ela se referiu à agora ré Carla Zambelli (PL-SP), sobre sua iniciativa de contratar o hacker Walter Delgatti Neto para invadir o CNJ – Conselho Nacional de Justiça. Durante a análise da denúncia contra a deputada, Lucinha disse: “Eu começo a me preocupar agora não só com a inteligência artificial, mas também com a desinteligência natural de alguns que atuam criminosamente sem qualquer tracinho de inteligência”.

A deputada Carla Zambesta, como é carinhosamente chamada pelos internautas, não se manifestou a respeito.

Talvez porque ainda não tenha entendido a indireta.

Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 24/5/2024. 

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *