Babadão envolvendo a Igreja Bola de Neve esta semana ganhou espaço na mídia por causa do velório pra lá de animado do fundador da seita, apóstolo Rina.
Teve bate-boca, gritaria, empurra-empurra, só porque queriam impedir a ex-mulher de assumir o cargo de presidente da Igreja, enfiando um pedido de renúncia dela no meio da papelada do enterro. A mulher viu, não assinou e partiu pra briga.
O caso só não ganhou maior repercussão porque um babado maior estava no ar envolvendo uma facção criminosa que queria se perpetuar no poder, planejando um golpe de Estado com direito a prisões e assassinatos de autoridades.
Por enquanto três militares da ativa e um da reserva foram presos na última terça-feira, além do policial federal do Rio de Janeiro Wladimir Matos Soares. Todos envolvidos nos planos de golpe contra a Democracia com a aquiescência do então presidente Jair Messias Bolsonaro.
Para Lula e Geraldo Alckmin, os cabeças do golpe pensaram num veneninho maneiro, que não deixasse vestígios, que poderia levar a crer que o presidente e o vice tinham morrido de morte morrida.
E como teria sido esse planejamento? Fico imaginando a conversa. entre eles:
– Tive uma ideia! Que tal convidar Lula e Alckmin pra uma festa e a gente servir um vinho com estricnina?
-Péra. Não vai dar certo. Verdade que estricnina é pra matar ratos, mas o Xuxu tá mais pra um hamster desses que as crianças criam em casa. Precisaria pensar numa outra coisa. E também porque o outro lá não ia querer vinho. Ele tá mais pra uma branquinha e aí a branquinha poderia mudar de cor se for batizada.
-Podíamos tentar whisky com arsênico. O arsênico é insípido, inodoro, provoca hipotensão e arritmia cardíaca. Induz a um laudo de infarto agudo do miocárdio, facinho, facinho.
-Boa! Será que alguém guardou aquela garrafa do Bebianno? Assim a gente nem precisa sair pra comprar.
Eles não contavam, porém, com a astúcia do Chapolin Colorado, que impediu o golpe, e agora estão todos numa enorme lista de indiciados da Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado, formação de quadrilha e por planejarem assassinatos de autoridades. A lista é uma bola de neve que deve crescer ainda mais. Nomes manjados como o de Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, Ramagem, Braga Neto, Valdemar da Costa Neto, Maurocida, ops, Mauro Cid, já estão lá, para a alegria dos brasileiros que correram o risco de serem comandados pra sempre por uma fação criminosa de alta periculosidade.
Mas ainda há quem os defenda. Flávio Bolsonaro, por exemplo, acha normal alguém querer matar outra pessoa: “Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido.”
Concordo que todo mundo, num dia de fúria, tenha dito quero matar aquele fdp. Mas sentar com um grupo e combinar como seria executado esse plano só não é crime na cabeça de um criminoso.
Não tem pano pra passar nesse caso, por mais que os bolsonaristas acreditem que a quadrilha estava cheia de boas intenções.
Só pra lembrar, eles queriam exterminar um político legitimamente eleito pelo povo pra assumir a direção do país só porque o chefe deles não queria largar o osso. Se vocês pensarem um pouquinho, um pouquinho que seja (não se preocupem: pensar não dói. Podem praticar à vontade), vão chegar à conclusão de que o Messias de vocês é um genérico do Maduro que não tá nem aí pra vontade do povo.
A sorte é que temos chapolins colorados pra nos livrarem desse mal, amém!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 22/11/2024.