Além de armar golpistas erigidos a patriotas, a farra armamentista do desgoverno anterior armou bandidos com a mesma facilidade de quem dá pirulitos para crianças na porta do colégio.
Quem descobriu não foram os odiados comunistas da oposição, mas o Tribunal de Contas da União.
E quem entregou alegremente as licenças de uso das armas aos bandidos foi o Exército Brasileiro!
O (ir)responsável por tudo isso desfilou em trio elétrico na Avenida Paulista três domingos atrás, lamentando-se de perseguição do Judiciário e de ser vítima de mentiras da oposição.
Vamos aos fatos. Num levantamento que o TCU realizou e o jornal que nunca foi de esquerda, o Estadão, publicou à frente de todos, o Exército Brasileiro concedeu licenças a mais de 6 mil bandidos, entre julgados, condenados e cumprindo pena em liberdade condicional.
Obedecendo a ordens superiores do comandante-em-chefe, o Exército nem piscou, nem sequer desconfiou e muito menos pediu à Polícia a folha corrida dos patriotas, antes de conceder-lhes a iguaria.
Se tivéssemos um Estado minimamente organizado, poderíamos saber quantas pessoas foram assassinadas com essas armas e munições e responsabilizar criminalmente os irresponsáveis como mandantes indiretos dos assassinatos. Vai ficar por isso mesmo.
Vivemos um estado de direito desorganizado supostamente enfrentando o crime organizado de milicianos e narcotraficantes, que recebiam ajuda extra do próprio Estado. Não à toa, estamos entre os líderes mundiais em execuções e assassinatos à luz do dia, nos campos, nas pequenas cidades e nas grandes capitais.
Uma vez, muito antes de ser candidato a presidente da república, o agora Imprestável dizia, em raros discursos na Câmara Federal — raros porque lá nem isso fazia —, que bandido bom era bandido morto, que direitos humanos eram para humanos direitos. Dizia também que quem se calasse diante de um delegado devia ir para o pau de arara.
Anos depois, o farsante arma bandidos, reclama seus direitos e se cala nos inquéritos da Polícia Federal. O que mais falta fazer para ser levado ao pau de arara?
Nelson Merlin é jornalista aposentado e alarmado.
11/3/2024