Se as vendas são um sucesso, o maluco Javier logo vai taxá-las para levar alguns trocados às combalidas arcas do Tesouro argentino. Quando se vai para um exílio, principalmente nas três Américas, a primeira coisa a fazer é não dizer onde está arrumando dinheiro para sobreviver. Isso tem que ser um segredo guardado a 70 chaves.
Os motivos para tal sigilo são variados. Não vou me ater a eles. Todo mundo sabe ou é capaz de saber perguntando a ex-exilados ou a quem viveu no estrangeiro em certa época de sua vida, como eu.
O que me chama a atenção é o desfrute. O cara pensa que eu vou acreditar que ele está se virando vendendo pulseirinhas verde-amarelas em Buenos Aires! Pensa que eu também sou idiota? Não basta ele ser, quer que eu seja também?
Salta aos olhos — quase perdi os dois ao ler essa matéria no UOL — que a maior parte desses brazucas, parece que são mais de 50, estão por lá porque arrumaram uma grana de alguém aqui. E quem poderia ser?
Ora, essa é outra obviedade ululante. A grana pode ter duas origens: o bolso de quem pagou os ônibus e a estada dos patridiotas no acampamento em frente ao QG do Exército em Brasília e alhures, ou uma vaquinha dos “nobres” parlamentares bolsonaristas cujos mandatos pagamos do nosso bolso. Ou as duas coisas juntas.
Vender pulseirinhas verde-amarelas em Buenos Aires é a mesma coisa que um argentino vender bandeirinhas com as cores azul celeste e branco no Maracanã em dia de Fla-Flu.
Quem vai comprar?
Ainda mais que os argentinos não morrem de amores pelos brasileiros, e vice-versa.
Está certo o Xandão malvado mandar recolher essa turma. Eles têm que pagar por seus crimes, juntamente com seus mandantes. Ninguém marcha para a Praça dos Três Poderes daquele jeito, com paus e pedras, para fazer turismo — como alegam seus brilhantes advogados.
Havia idiotas lá? Sem dúvida.
Há idiotas bolsonaristas de norte a sul do Brasil, aos milhões. Mas todos se deixaram usar pelas lideranças nazifascistas anti Lula, anti PT e pró ditadura que nada têm de idiotas. São inimigos da liberdade travestidos de defensores dela. O que querem é a liberdade de acabar com a liberdade da democracia e substituí-la pelo regime da tortura, perseguição e morte que vigeu de 1964 a 1985 e da qual nos livramos a duras penas e milhares de mortos.
Cadeia neles! Aos tontos e aos mandantes! Anistia, jamais!
Nelson Merlin é jornalista aposentado e militante pela vida.
11/6/2024;