Que Mentira, Que Lorota Boa!

Quando alguém chegava contando uma mentira na rodinha, a criançada se unia em coro e repetia bem alto o refrão “que mentira, que lorota boa…”. Nem sei se fazia parte de alguma música ou se era só isso mesmo, mas o fato é que o mentiroso ficava com aquela cara de cuzão, metia o rabinho entre as pernas e caia fora.
Não com as mesmas palavras mas com o mesmo tom de indignação, os internautas nesta semana reagiram à mentira contada por Lula em Angola.

Por ignorância (duvido), por maldade (aí sim) ou por se esquecer da globalização (também da essebetização, da bandeirantização, da ceeneenetização…), que faz os fatos chegarem aos quatro cantos do mundo ao mesmo tempo, Lula disse que Dilma sofreu mesmo um golpe porque nunca praticou pedaladas fiscais em seu governo.

Ora, seu Lula! Que nome se dá então ao ato de um governo que, no desespero de esconder o buraco nas contas públicas, não repassa as verbas aos órgãos que deveriam recebê-las, atravancando assim o desenvolvimento em vários setores?

Verdade que esse truque já foi usado algumas vezes por governantes que querem tapar o sol com a peneira e nada aconteceu, mas daí dizer que o impeachment foi injusto, inconstitucional, que foi golpe, são outros quinhentos.

Ele simplesmente distorceu a medida tomada pelo TRF-1 – Tribunal Regional Federal da 1ª Região -, que arquivou a ação de improbidade atribuída a Dilma por entender que ela já tinha sido punida com o impeachment e que, portanto, não caberia mais nenhum outro tipo de punição no caso.

Em seu discurso, Lula quis fazer parecer que arquivar é o mesmo que inocentar. E assim, como num passe de mágica, ela se tornou “inocente” como ele, que, com a ajuda do ministro Edson Fachin, acabou virando uma “grande vítima de perseguição política” nos casos do apartamento do Guarujá e do sítio de Atibaia.

Fachin determinou que o Paraná era incompetente para julgar esses processos e que eles deveriam ser julgados em Brasília. Daí deu no que deu. O tempo passou e, pimba! O PT e os adoradores de mitos barbudos decretaram a inocência do meliante, digo, do presidente.

Em juizêz, incompetência quer dizer que não compete a determinado órgão ou local julgar tal processo. Nesse caso, porém, a incompetência foi em todos os sentidos. Se não fosse pela incompetência do ex-juiz, ex-ministro de Bolsonaro e agora quase ex-senador Sérgio Moro, Lula poderia estar preso até hoje pagando pelos seus crimes.

Porém, e sempre tem um porém, se isso tivesse acontecido hoje estaríamos aínda nas mãos do outro bandido, que se perpetuaria no poder e continuaria a encher as burras da família com a roubalheira a céu aberto que cometeu ao longo dos anos como parlamentar e como presidente.

“Que tistreza”, diria o ex-candidato à presidência Luiz Felipe D’Avila.

Mas nesse meio político tem mentira que até nos faz rir. Esta semana ri muito com a declaração cara-de-pau do senador idem, Flávio Bolsonaro, sobre as investigações “injustas” que envolvem seu irmão Renanzinho: “ele não tem onde cair morto “. Eu não ri sozinha. O deboche foi geral nas redes sociais e surgiram sugestões como: que tal morrer na mansão em Brasília ou no apartamento de 1 milhão em que mora no Balneário Camboriú, ou ainda em qualquer um dos 150 imóveis (sabidos) da família?

Já Dudu e Carluxo não se meteram a besta (parece impossível, né?) pra defender o irmão que, ao que parece, está envolvido até o bigodinho em crimes barra pesada. Foram logo botando a culpa no pai que “sempre deixou que Renanzinho aprontasse sem muita trégua. Pois a conta chegou”.

E agora, Bolsonaros? Quem tá mentindo aí?

Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 1º/9/2023. 

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