Dá uma preguiça das brabas escrever num feriadão modorrento como este do 7 de setembro, dia em que D. Pedro II assinou a Lei Áurea, que aboliu a escravatura no Brasil. Seria muito melhor estar na praia da Avenida Paulista, curtindo um sol, pegando uma onda, do que estar escrevendo pra coluna.
Epa! Tava pesquisando as informações no material didático do governo de São Paulo encomendado pelo governador Tarcísio de Freitas. Vou procurar outra fonte. Achei! Sete de Setembro é o nosso Independence Day, só que sem aquele espetáculo pirotécnico dos gringos.
Aqui, o nosso “espetáculo pirotécnico” é apresentado por políticos e membros de instituições que fazem parte do governo. Eles lançam seus rojões e o povo sai correndo atrás da vareta.
Dois assuntos espetaculosos foram parar nos trend topics da semana. E, garanto, nenhum deles proporcionou um show de diversão pro público.
Primeiro foi o “democrata” Lula da Silva com aquele papo de querer que os votos dos ministros do Supremo sejam secretos. Qualé, Luiz Inácio?
Isso não é coisa de ditaduras? Cadê a transparência, e, sobretudo, cadê o princípio básico da democracia onde a soberania é exercida pelo povo? Só porque tem uma Bic na mão (ah, não, essa era do outro – BIC, sei! Só se fosse cravejada de brilhantes), tá achando que pode ir sugerindo medidas inconstitucionais? Nananinão! Só pra lembrar, ceis só tão aí no poder porque foram escolhidos pela população, através dos votos. São chamados de legítimos representantes do povo e como tais deveriam representar a vontade dele.
Por acaso alguém perguntou pra algum eleitor se ele é a favor de votos secretos, sejam eles no Supremo, no Congresso, nas Assembleias estaduais ou até mesmo nas Câmaras municipais? Se não perguntou deveria perguntar e já vou adiantando a resposta: NÃO! A gente quer saber de tudo o que rola por aí.
A outra bomba foi estourada pelo excrementissimo, ops, excelentíssimo ministro do Supremo Dias Toffoli, que resolveu fazer o L com alguns meses de atraso.
Escancarou seu amor ao presidente Lula anulando todas as provas do acordo de leniência da Odebrecht que serviu de base para diversos processos da operação Lava Jato.
Bom, primeiro temos de saber que raios vem a ser esse tal acordo de leniência.
O MPF (Ministério Público Federal) troca uma informação por uma espécie de perdão pelo passado de uma empresa metida em propinas até o pescoço, desde que se comprometa, daí pra frente, a não adotar práticas ilícitas em seus contratos de serviços e a manter suas atividades de forma ética e sustentável.
Mas para Dias Toffoli, isso tudo não passou de uma grande “armação” para prender Lula, arquitetada por agentes públicos que tinham como objetivo a “conquista do Estado por meios aparentemente legais mas com métodos e ações contra legem” (vale até apelar para o latim pra lamber o saco do presidente). E vai mais longe: diz que a prisão de Lula pode ser considerada um dos “maiores erros judiciais do país “.
E ainda chamou o estratagema de “verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições”. Uau!
Olha aí, seu Lula! Se as decisões dos ministros do STF fossem secretas ninguém iria saber dessa paixão do Toffoli pelo senhor!
Viva o amor!
E viva o voto aberto!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 8/9/2023.