O Hamas venceu

A Bolívia rompeu relações diplomáticas com Israel. A Bolívia está certa. Chile e Colômbia chamaram seus embaixadores de volta de Israel, primeiro passo para o rompimento diplomático. Chile e Colômbia estão certos. 

E o Brasil? O Brasil precisa fazer a mesma coisa, e eu espero que o faça logo depois de trazer para casa os refugiados brasileiros que estão retidos no posto de Rafah, na fronteira  da Faixa de Gaza com o Egito. 

Outros países estão na iminência de romper relações com Israel, e estão certos. 

O mundo vacilou quando os nazistas tomaram o poder na Alemanha, em 1932. Se tivessem rompido as relações diplomáticas com a Alemanha logo após as primeiras perseguições a judeus, ciganos, opositores, comunistas e homossexuais, talvez a história não nos tivesse levado à Segunda Guerra Mundial. 

Não se pode dar espaço aos extremistas para destamparem o esgoto que existe dentro deles. Devem ser sufocados dentro de seus próprios dejetos mentais. Não se pode ser tolerante com a intolerância. 

É horripilante e revoltante o que os extremistas do Hamas fizeram contra civis indefesos num festival de música e nas casas de cidadãos israelenses nas proximidades de Gaza em 7/10. 

É horripilante e revoltante o que as forças de defesa de Israel estão fazendo com a população civil da Faixa de Gaza desde 8/10 até hoje, mandando pelos ares bairros inteiros, com escolas, hospitais e parques infantis, porque os terroristas se escondem em túneis debaixo deles. 

Quase dez mil pessoas já foram mortas por Israel, mais da metade delas crianças e adolescentes, mulheres e idosos. Isso pode não querer dizer nada para Israel, mas tem a dizer para o mundo e o mundo diz NÃO. 

A extrema direita israelense tem que ser tratada como foi tratada a extrema direita alemã nos  julgamentos de Nuremberg: como criminosos de guerra genocidas. 

Por mais que os judeus mereçam um Estado, os palestinos merecem mais: merecem um Estado e a Vida. Não vão destruir o Hamas matando  crianças palestinas. O que vão conseguir com isso é o rebrotamento do ódio aos judeus mundo afora. E isso já começou. Por ironia, dentro da Alemanha.  

O ódio aos judeus é uma vitória do Hamas. Não precisam dar mais nenhum tiro, não precisam atirar mais  nenhum foguete sobre Israel. O Hamas, mesmo que pouco ou nada sobre dele, já ganhou a guerra. 

O mundo agora sabe o que um governo de extrema direita em Israel, eleito em eleições livres, como os nazistas na Alemanha, é capaz de ser e do que é capaz de fazer. 

Nelson Merlin é jornalista aposentado e alarmado. 

9/11/2023

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