Os aloprados da extrema direita no Congresso Nacional estão mostrando os dentes para o STF, e vão ficar sem eles se insistirem na idéia mirabolante de aprovar uma emenda à Constituição permitindo submeter ao crivo do Congresso decisões da Corte que não lhes agradem.
Salta aos olhos que a aberração é inconstitucional. A separação de poderes é cláusula pétrea na Constituição de 88 e, por óbvio, nenhuma PEC pode afrontar a Constituição, como querem.
Andaram cheirando o quê?
Não cheiram? Então, andaram bebendo o quê?
Não bebem? Então, andaram fuçando em que esgoto para aparecerem com esse osso entre os dentes?
Se a capital da República ainda fosse o Rio de Janeiro, eu diria que foram à estação do emissário submarino de Copacabana se banhar. Se a capital fosse São Paulo, eu diria que foram tomar banho no Tietê. Mas como é em Brasília, fico pensando se o Lago Paranoá anda recebendo dejetos de origem humana ou animal para atraí-los.
Essa escória merece o repúdio dos representantes dignos desse nome no Congresso Nacional. É preocupante que até agora ninguém tenha se manifestado. Pode ser porque não dão importância aos porcos, mas isso é grave. Não se pode dar espaço à escória. Vimos do que ela é capaz na pandemia, atiçada pelo chefe no Palácio da Alvorada.
Se nem com PEC e muito menos com PL a porcaria vai funcionar, o que resta? Uma nova assembléia constituinte! Por que não tentam? Porque o assunto vai morrer na hora, como morreu o voto impresso, e aí não tem graça. O que tem graça para os anarcodireitistas é afrontar e hostilizar as instituições da democracia até que se rompam.
Agem assim na Europa, EUA e, mais recentemente, em Israel. Os Parlamentos não reagem: deixam a escumalha correr solta, em nome de uma suposta liberdade de expressão, utilizada como instrumento de desestabilização da democracia pelos anarquistas. Foi assim que os anarconazifascistas tomaram as rédeas do Estado na Itália e na Alemanha dos anos 20/30 do século 20.
Sugiro aos democratas a leitura de Fascismo: um Alerta, de Madeleine Albright, que teve em vida a missão de desmascarar a escória e traçar o passo a passo da derrocada da liberdade ante as ditaduras a leste e a oeste da Europa.
Mostra também a leniência dos liberais, que viam no fascismo italiano e no nazismo alemão um freio aos socialistas e comunistas — forças em ascensão na Europa desde a revolução de 1917 na Rússia. O corpo mole dos liberais abriu caminho para a extrema direita levar o mundo a uma Segunda Grande Guerra em um quarto de século, com violência e matança nunca vistas na história da humanidade.
Ela não pregava o confronto — era diplomata de carreira —, mas defendia o conhecimento das coisas como fonte do saber e da ação política. Um farol na escuridão.
Nelson Merlin é jornalista aposentado e estupefato.
5/10/2023