Bem que tentou, mas Jair Bolsonaro não conseguiu aparecer na foto oficial da posse do presidente argentino Javier Milei.
Só porque foi convidado para a cerimônia e porque fala a mesma língua do Milei – não o espanhol, a dos aloprados -, Jair Bolsonaro se esquece de que, além de ser um ex-presidente, agora é um político inelegível pelos próximos oito anos. Com sua peculiar cara de pau, tentou se juntar ao grupo de presidentes e de representantes de vários países que posavam para a foto oficial que vai pra parede da Casa Rosada.
Quando Jair foi percebido na fila, os presidentes do Uruguai, Paraguai, Chile e Equador sopraram pro chefe de cerimonial que a presença dele seria “imprópria”.
“Presença impropria”, na língua de chefes de Estado, é a maneira educada de dizer: tirem esse bicão inelegível da fila.
Mas para seu eterno lambedor de saco, ex-isso, ex-aquilo do governo Bolsonaro, Fábio Wajngarten, nada disso aconteceu. Desmentiu em postagem que Jair tenha sido impedido: “Eu estava lá o tempo todo”.
Mas o fato é que ele não saiu na foto, portanto…
Apesar disso, Jair e comitiva, que não era pequena – além da mulher, dos filhos Flávio e Dudu Bananinha, Bolsonaro foi acompanhado pelo presidente do PL Valdemar da Costa Neto, os governadores de São Paulo Tarcisio de Freitas, de Santa Catarina, Jorginho Mello, e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro. Além, claro, dos puxa-sacos em geral que sempre engrossam o cordão.
Provavelmente bancados pelo fundo partidário, ou seja, pelo dinheiro tirado dos furico dos brasileiros, os turistas tupiniquins passearam pelas cajes de Buenos Aires, comeram, beberam, e só não conseguiram dançar um tango com o presidente porque foram barrados no baile.
Politicamente, ainda é cedo pra saber se essa viagem vai render status pra essa turma, já que as promessas de Javier Milei que agradavam tanto à extrema-direita já estão indo ladeira abajo. Como candidato à presidência, meteu o pau no Lula e no Xi Jinping. Como presidente eleito, mandou representante levar convite em mãos para o presidente brasileiro, e ficou de quatro diante do chinês implorando a ele pra descongelar o acordo de 5 bilhões de dólares que tinha fechado com o governo anterior.
E, ao contrário do que prometeu, depois de sua posse a inflação saiu do ritmo de um tango normal para o de uma milonga acelerada.
Tenho cá pra mim que pagaram mico à toa. A conferir.
E quem também pagou um mico nesta última quarta-feira, durante sabatina de Flávio Dino, foi Flávio Bolsonaro. Dando uma de gostosão, partiu pra cima de Dino com o argumento de que político não tinha nada de querer ser ministro do Supremo. Que ele próprio foi sondado pelo pai se gostaria de ser indicado, já que estava procurando um candidato “terrivelmente evangélico”, e declinou: “Prefiro ser político”.
(Na verdade deve ter dito: Xapralá, pai. Tô muito bem aqui com minha loja banhando meu rico dinheirinho em chocolate (na época ainda não tinha estourado o escândalo da lavagem do dinheiro que vinha do esquema das rachadinhas), comprando meus imóveis com dinheiro vivo sem ninguém pra me investigar).
Nem é preciso dizer que a revelação de ter sido cogitado pro Supremo arrancou gargalhadas dos internautas e estupefação geral da nação por causa das suas “qualificações”.
Alguns acrescentaram que, diante dessa possibilidade, dava até para achar que a escolha de Kassio Nunes Marques foi uma dádiva de Deus ao povo brasileiro.
Olha a que ponto a gente chega. Ter de dizer amém pro que é ruim pra não ter de engolir o que é pior!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 15/12/2023.