A marca de Lula

A desinteligência do mundo binário é mesmo desanimadora. Dito isso, pergunto: alguém consegue explicar por que diabos tantos cobram que Lula tenha uma “marca” nos 100 dias de governo? O que vem a ser uma “marca”? Quantos governos no planeta têm “marca” nessa fase? E não escapa um: os poucos que as têm são tachados de marqueteiros. 

Bem, Lula não tem marca – e não tem um bando de outras coisas. Anda para trás em várias frentes, tipo mudanças no marco do saneamento, no ensino médio, na lei das estatais; para lado em outras, ressuscitando, com modificações mínimas, seus antigos programas.

Agora, o fato é que em 100 dias pôs na rua uma proposta de regra fiscal (acho um horror o verbete arcabouço, que tem a sonoridade de algo fúnebre) no lugar do teto de gastos que todo mundo elogiava mas nem o seu criador conseguiu manter sem furos; deu gás no debate da reforma tributária. Iniciou campanhas maciças de vacinação, freou o garimpo ilegal em terras indígenas – salvou os Ianomâmis.

É pouco? Talvez seja. Até porque Lula perde tempo com besteiras e tem falhado no compromisso junto à frente ampla e na necessária pacificação do país.

Precisa fazer mais? Claro. Mas torço, sinceramente, para que não seja apenas por uma “marca”.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 11/4/2023. 

 

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