Hoje, dia de escrever a coluna, acordo e começo a passear pelos sites de notícias procurando por um tema que não fosse Bolsonaro, porque, confesso, até eu já cansei dos meus textos que mencionam esse maledetto.
Mas aí, para minha não surpresa, leio o quê? Que Putin começou a guerra contra a Ucrânia.
Triste tema porque já começaram a aparecer os números de mortos de civis, entre eles crianças, decorrentes dos bombardeios iniciais.
É difícil imaginar que em pleno século 21 essas coisas estejam acontecendo, mas por outro lado uma guerra não é tão inesperada quando se dá poder a insanos. Estamos vendo todos os dias como o mundo está andando pra trás – basta olhar para os atos e palavras do nosso presidente.
Alá! Já tô falando desse cara.
É que fica difícil dissociar um insano do outro. Lá na Rússia, tem um Putin, que já está sendo chamado de Hitler do século 21, em cócegas pra usar todo o material bélico que conseguiu produzir até agora. Do lado de cá tem um presidente que, em recente visita ao maluco, declarou sua solidariedade a ele como se nós, pobres famintos e desgraçados brasileiros, fôssemos a favor de mais um genocídio.
Já não basta o que vimos, e que ainda estamos vendo, nessa pandemia?
Vou procurar alguma manifestação do Jair no Twitter, como estão fazendo os líderes de nação do mundo todo, com uma tênue esperança de que ele tenha tido algum lampejo de lucidez para lamentar essa triste situação que ainda pode acabar numa terceira guerra mundial.
Mas qual. Ele só posta foto do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, inaugurando estradas que já foram inauguradas um dia, tal qual campanha de candidato a vereador trazendo melhorias pra sua cidade.
De lá de cima, só houve um comunicado do vice-presidente Hamilton Mourão declarando que o país não está neutro em relação ao conflito: “O Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano”.
Até esse momento, nenhuma linha da sua parte sobre a guerra que ele, Bolsonaro “teria evitado”, segundo seus babadores de ovo e segundo ele mesmo. Nem sequer pra justificar sua fala de Pai Dinah proferida em 16 de fevereiro: “Leitura que tenho de Putin é de alguém que busca a paz”.
Estamos vendo! Só se ele quis dizer pás, no lugar de paz. Aí sim. Putin vai precisar de muitas pás pra enterrar os mortos resultantes dessa sua insanidade.
E já que estou falando do Coiso, vou tocar num assunto que não tem nada a ver com o outro.
Viram quanto custaram aos nossos bolsos as férias do moleque sem noção que foi se divertir em Santa Catarina passeando de jet ski e bancando o pateta em parque temático enquanto tragédias aconteciam no país?
A bagatela de novecentos mil reais.
E daí?, perguntam os passadores de pano. Não é ilegal. O presidente tem direito a férias e a gastar o dinheiro dos cofres públicos para isso.
E é verdade. Não é ilegal. É só imoral.
Mas como esperar moralidade de um presidente que muda as chefias da Polícia Federal para proteger seu filho de investigação por corrupção?
Moralidade, decência, empatia, a gente não vê por aqui.
Para piorar ainda os ânimos já abalados com as notícias que nos chegam, vemos lá que as pesquisas apontam uma diferença menor entre o primeiro e o segundo colocados na corrida dos cavalos que tentam cruzar a linha de chegada da Presidência.
Não que eu tenha apostado num ou noutro. É que dá uma tristeza enorme saber que dois “pangarés”, no sentido pejorativo da palavra, estejam ainda nessa disputa pelo prêmio, sabendo de antemão o tipo de hipismo que eles vão praticar no jockey clube.
Por via das dúvidas, vou jogar todas as minhas fichas num azarão. Quem sabe.
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 25/2/2022.