Depois da bancada da bala e da bancada do boi, está nascendo na Câmara dos Deputados o bloco da cloroquina. Não cura doença, mas pode salvar o presidente.
Deve-se o feito a Arthur Lira, candidato à presidência da Casa. Ele deu um drible em Baleia Rossi, favorito do presidente Rodrigo Maia, que está de saída. Avançou sobre deputados de partidos simpáticos a Maia, como o PSL. A maioria dos deputados do partido está se bandeando para o bloco encabeçado por Lira.
O pulo do gato está em que Lira, líder do Centrão, é apoiado pelo presidente da República, que ainda por cima é Jair Bolsonaro. Um presidente fragilizado, acuado por erros e fracassos no combate à pandemia, ouvindo ecos crescentes dessa palavrinha impertinente, impeachment.
Como ele retribuirá a tamanha boa vontade dos deputados de bom coração que estão traindo seus partidos para apoiá-lo nesta hora difícil? Quanto vai gastar na criação de cargos e liberação de verbas? Quanto vale segurar um impeachment?
Um deputado não pode resolver mudar de partido, dizer adeus a este e bom-dia a um outro. Mas tudo se arranja. Lira conseguiu a assinatura de 36 dos 53 deputados do PSL, e a mesa diretora deu aval. Simples.
22/1/2021