Haja!

Quase nove horas da noite de uma quinta-feira, e o texto que vai ser publicado no dia seguinte e que já deveria estar revisado pela minha equipe de copy-desks (😂 acreditaram?) ainda não tinha ainda sido sequer esboçado na minha mente.

Decidi então que esta semana passaria batido. Mas aí fiquei pensando na minha legião de leitores (😂acreditaram de novo?) e fui dar uma fuçada no Twitter pra ver se achava algum assunto menos paubroxante dos que já tinha visto durante a semana.

Revi o presidente mentindo (pra variar), falando que não falou que falou que era contra a vacina da Covid-19, apesar de todos os vídeos em que ele afirma isso, e de todas as postagens em que dizia que não ia comprar a vacina e ponto final. Teve de correr para apagar essas publicações, e aproveitou para apagar também as outras em que encarnava o garoto propaganda da cloroquina e da ivermectina, depois que os próprios fabricantes declararam que elas não funcionam contra essa doença. Adiantou não! Tá tudo lá printadinho! Não tem mais como a pasta de dente voltar para o dentifrício, diria nossa ex-presidenta.

Sobrou pra sua marionete Eduardo Pazuello ir se explicar na PF – ou tentar se explicar – por que foi desovar o estoque desses medicamentos logo no Estado do Amazonas, no momento em que a pandemia atingia o ápice, com dezenas pessoas morrendo por falta de ar porque o governo federal ignorou os alertas sobre o fim do oxigênio.

Como o assunto estourou esta semana, fuça daqui, fuça dali e a Folha de S. Paulo descobriu que o Ministério da Saúde desviou da Fiocruz a produção de cloroquina destinada ao combate à malária para o “tratamento precoce” contra a Covid, tratamento esse inventado pela dupla “um manda o outro obedece”.

Teve também aquela história do presidente da Câmara, Arthur Lira, tirando os jornalistas do salão perto do plenário projetado para eles por Oscar Niemeyer, mandado-os para as catacumbas do prédio onde são realizadas as sessões. Com que objetivo? Segundo os analistas políticos, com o único objetivo de não ter que dar satisfações de seus atos aos jornalistas. É o popular quem tem cu tem medo se fazendo presente nessa atitude pouco, ou quase nada, democrática.

Vou checar o WhatsApp e vejo que tem umas fiasdasputas fingindo aplicar vacina nos velhinhos. Esse tipo de gente desperta em mim os piores instintos, então volto pro Twitter.

Sigo procurando por um assunto menos paubroxante, corro o dedo pelos portais de notícia e dou de cara com uma foto dos três patetas com a legenda: Jair Bolsonaro, Fernando Collor e Ernesto Araújo. Daí a gente se pergunta: mas que catzo fazem esses caras juntos? Vou procurar e descubro que agora são tão amiguinhos que o presidente até convidou Collor para participar de uma reunião com Paulo Guedes a fim de discutir soluções sobre o aumento de preço dos combustíveis.

Bom, pelo menos o assunto não era broxante. Até conseguiu arrancar de mim uma bela gargalhada!

O que sobrou de bom na semana? De bom mesmo, sobrou que a minha véinha de 100 anos foi vacinada na quarta-feira. E, melhor ainda, já se passaram mais de 30 horas da imunização e ela não virou jacaré!

Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 12/2/2021. 

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