Bolsonaro sonha com conflito de rua

Jair Bolsonaro deve ter ficado frustrado com as manifestações de apoio que recebeu no Dia do Trabalho.

Faltou quebra-quebra, faltou confronto.

Ele procura um incidente que possa usar como justificativa para convocar as Forças Armadas e alegar que está reestabelecendo a ordem.

Parece ter percebido que as suas chances de reeleição diminuíram muito.

Não dá para confiar apenas nas já planejadas acusações de fraude nas urnas de 2022.

Por isto começou a estimular na internet a ida de grupos mais radicais de extrema-direita para as ruas. Sabe que existem boas chances de iniciarem um quebra-quebra, ou um confronto violento com manifestantes oposicionistas.

Bolsonaro está claramente com inveja daquelas manifestações violentas que viu no Chile. Na época, disse, com um tremendo olho grande, que poderiam acontecer aqui.

Alguns milhares de apoiadores dele saíram de casa no 1° de maio acreditando que algo muito grave está acontecendo no Brasil. Só não enxergam gravidade na negligência do governo quanto à pandemia.

Bolsonaro não tem muita imaginação e usa um truque truque muito velho. Mas existem muito poucas coisas em que os conservadores mais ingênuos que o apóiam se recusam a acreditar.

Segundo eles próprios alardearam, o golpe militar agora está devidamente autorizado pelo desfile embandeirado que fizeram no Dia do Trabalho.

Mas a torcida de Bolsonaro ainda não deu resultados desta vez. Vai ser difícil para os militantes mais extremistas começarem um conflito sem adversários por perto.

A maioria desses manifestantes simpáticos ao Mito são pessoas pacíficas, conservadoras, pouco dispostas a causar a desordem que ele deseja.

Porém, mesmo que aconteça algum incidente que ele possa chamar de seu, dificilmente vai dar para combinar com os russos das Forças Armadas.

Militares de alta patente são bem menos ingênuos.

E ultimamente os principais líderes fardados vêm agindo como se finalmente tivessem se lembrado da ficha suja de Bolsonaro no Exército.

Ele conta com um apoio muito maior nas Polícias Militares. Tenta, irresponsavelmente, provocar uma rebelião delas contra os governadores.

A simpatia das PMs por quem reprova Bolsonaro é, reconhecidamente, perto de zero.

Por isto a oposição não pode cair na armadilha e ir para as ruas neste momento. Seria impossível evitar o confronto que os radicais de direita tanto desejam.

Na verdade, Bolsonaro não teria competência para organizar um golpe de estado nem que as condições fossem favoráveis.

Começou recentemente a colecionar derrotas aqui e no exterior. Pouco a pouco vai tendo até que se livrar do peso de alguns dos seus ministros mais fiéis, jogando-os ao mar para o barco não afundar.

Sem ter como evitar a repercussão da surra de vara que estão preparando para ele na CPI, seria providencial um pretexto para ações repressivas da PM contra uma pretensa desordem social.

Bolsonaro já demonstra que está se sentindo acuado. Não foi mero acaso o linguajar extremamente belicoso utilizado nos sites da militância para convocar a última manifestação.

Um conflito de rua neste momento é o sonho dourado de Bolsonaro.

Maio de 2021

 

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