Acabou a entrevista, você é um otário, vontade de encher tua boca de porrada, não tenho que conversar com vocês, você tem uma cara de homossexual terrível, Queiroz cuida da vida dele eu cuido da minha.
Já adivinharam quem é o autor de todas essas frases “polidas” lançadas contra jornalistas?
Claro que sim. Não é difícil adivinhar quem seria seria capaz de lançar flechas envenenadas com curare na direção de quem exige explicações para as rachadinhas praticadas pelo filho, justificativas para os depósitos feitos na conta da primeira-dama, esclarecimentos sobre o monte de dinheiro movimentado pelo Queiroz, um reles “vendedor de carros”, segundo ele, que por acaso era assessor direto do Flávio Bolsonaro e explicações para compras de imóveis com dinheiro vivo pela família toda.
(Aliás parece que esse pessoal não tem medo de assalto pra andar por aí com tanto dinheiro no bolso, ou na bolsa. A ex-mulher do Bolsonaro e uma nora também andaram fazendo suas comprinhas. Impulso que chama? Passam na frente de um prédio, tem apartamento pra vender, entram e compram?).
Na psicologia, essas reações são chamadas de mecanismos de defesa. Quem não tem como se explicar ataca para meter medo e fazer calar a boca de quem pergunta. Na linguagem popular isso é mais conhecido como “quem tem cu tem medo”.
A frase mais recente “acabou a entrevista” aconteceu no último dia 24/02 no Acre, quando um jornalista tentou perguntar para Bolsonaro o que achava da decisão da Quinta Turma do STJ que anulou, por 4 x 1 a decisão anterior do juiz Flávio Itabaiana, da Primeira Instância, de quebrar os sigilos bancários do seu filho Flávio.
Vamos ao caso. A Quinta Turma jogou um balde de água fria nas investigações sobre as falcatruas do filho do homem, alegando que o juiz não fundamentou a necessidade da medida. E o que vem a ser isso? Seguinte: Itabaiana mandou quebrar o sigilo bancário baseado apenas no pedido do MP, sem explicar com suas próprias palavras, o porquê da decisão. Tinha que ter deixado claro que Flavito não é florzinha que se cheire e que tinha sim necessidade de quebrar o sigilo bancário para tentar descobrir por que em sua loja Kopenhagem o bombom valia tanto.
Mas vamos deixar a desonestidade de lado, porque afinal, para seus fiéis escudeiros, que o que ele e sua família praticam não é roubo (o que seria? Rachadinha do Bem talvez?), e vamos falar de competência.
Pensando bem, entre a desonestidade e a incompetência desse governo, tá difícil escolher a pior. A inépcia no caso da condução da pandemia, já configura crime contra a saúde pública. Esta semana o país ultrapassou a marca de 250 mil mortes por falta de leitos, de vacina e de vergonha na cara. E quando tem imunizante os trapalhões ainda se enrolam na distribuição. O “expert” em logística que também ocupa a cadeira de Ministro da Saúde, confundiu Amapá com Amazonas e acabou trocando as bolas. O Amazonas, onde os casos de COVID-19 não param de crescer, recebeu apenas duas mil doses de vacina enquanto o Amapá ficou com as 78 mil que seriam destinadas a ele. Caraca! Nem pra isso servem?
Bom, já vimos que os dois assuntos abordados até agora não são nada animadores, então vamos falar da PEC que quer acabar com a impunidade dos políticos!
Hã? É isso mesmo? Verdade que a gente paga esses espertalhões para que possam cometer crimes e usem seus cargos pra livrar o próprio rabo?
Não, não vou falar. Vou guardar minha indignação para as urnas! Mas pra ter certeza de que vou acertar o voto, acho que vai ser preciso mudar de país!
Outra coisa: vocês, parlamentares e presidente, não têm vergonha de cogitar tirar dinheiro da Saúde e da Educação para pagar auxílio emergencial? Não pensam em enxugar os altíssimos gastos do governo?
Respondam por favor, mas que fique claro: não aceito “acabou a entrevista” como resposta!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 26/2/2021.