Se Manuel Bandeira estivesse vivo, aposto que, da mesma forma com que odiava a ditadura da Espanha franquista, fascista, odiaria a ditadura cubana.
Faria um poema forte, corajoso, virulento, emocionado, vibrante.
Algo assim:
Cuba no coração:
No coração de Neruda,
No vosso e em meu coração.
Cuba da liberdade,
Não a Cuba da opressão.
Cuba republicana:
A Cuba de Castro, não!
Velha Cuba de Martí,
De Cabrera Infante!
Cuba de honra e verdade,
Não a Cuba do paredão!
Cuba de Gutiérrez Alea,
Não a de Diaz-Canel!
Cuba republicana:
A Cuba de Castro, não!
(…)
A Cuba de Castro, não!
Cuba republicana,
Noiva da liberdade.
Cuba atual de Padura,
De Perugorría, de Orlando
Zapata morto na prisão!
Cuba no coração
De Pablo Neruda, Cuba
No vosso e em meu coração!
***
“No vosso e em meu coração”, o maravilhoso poema de Manuel Bandeira, foi publicado em seu livro Belo Belo, de 1948. Eis a íntegra:
No vosso e em meu coração
Espanha no coração:
No coração de Neruda,
No vosso e em meu coração.
Espanha da liberdade,
Não a Espanha da opressão.
Espanha republicana:
A Espanha de Franco, não!
Velha Espanha de Pelaio,
Do Cid, do Grã-Capitão!
Espanha de honra e verdade,
Não a Espanha da traição!
Espanha de Dom Rodrigo,
Não a do Conde Julião!
Espanha republicana:
A Espanha de Franco, não!
Espanha dos grandes místicos,
Dos santos poetas, de João
Da Cruz, de Teresa de Ávila
E de Frei Luís de Leão!
Espanha da livre crença,
Jamais a da Inquisição!
Espanha de Lope e Góngora,
De Góia e Cervantes, não
A de Felipe II
Nem Fernando, o balandrão!
Espanha que se batia
Contra o corso Napoleão!
Espanha da liberdade:
A Espanha de Franco, não!
Espanha republicana,
Noiva da Revolução!
Espanha atual de Picasso,
De Casals, de Lorca, irmão
assassinado em Granada!
Espanha no coração
De Pablo Neruda, Espanha
No vosso e em meu coração!
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