Vaginação

No dicionário, a palavra vaginação é sinônimo de imaginação.
Não tem nada a ver com a vagina mencionada pelo canalha José de Abreu, quando abriu a tampa do seu esgoto para atacar Regina Duarte.
Mas tem a ver com sua vaginação sórdida.
Atacar a nova secretária da Cultura – e consequentemente as mulheres em geral –  com a frase “vagina não transforma fascista em ser humano” só confirma o que sempre se soube a seu respeito: um mau caráter com crachá e carteirinha!

Me pediram para escrever sobre esse episódio, para que eu brincasse com as palavras como costumo fazer, mas aqui não cabe nenhuma piada, e não sei se vou conseguir escrever sem baixar o nível.

Vou tentar, embora não consiga pensar nesse verme sem deixar brotar em mim um lado ruim que aflorou enquanto chorava a morte do meu marido Sandro Vaia.

Quem acompanhou a carreira do Sandro como jornalista sabe que ele sempre agiu com lisura de caráter como repórter, como editor e como diretor de um dos maiores jornais do país.

Já aposentado, passou a usar as redes sociais para ajudar a combater a corrupção que rolava solta no Brasil, durante os governos do PT, sob a batuta de Lula.

Isso provocou a ira de muitos e, em especial, a desse sujeito que não merece que se repita o nome.

No dia em que o câncer de pâncreas abateu o homem sábio, ilustre, inteligente, bom caráter, probo, abriu-se uma vaga para que um canalha, sórdido, sujo, mau caráter e outros adjetivos que prefiro não citar surgisse no Twitter e publicasse umas das maiores infâmias de que se tem notícia sobre a morte dele.

Para mim já bastava isso pra vomitar todas as vezes em que ele aparecesse na tela.

Mas ele insiste em continuar provocando esse mal estar nas pessoas, cuspindo (às vezes literalmente) veneno, como se ele, o atorzinho barato, fosse o suprassumo dos seres humanos (tenho minhas dúvidas de que seja um).

Tem muita gente contra a ida de Regina Duarte para a Secretaria de Cultura, por motivos vários. Por acharem que ela não terá carta branca nesse governo que já se mostrou “nazista” em relação às artes na voz do seu antecessor, ou por acharem que ela poderá vir a fazer parte do esquema seletivo imposto por esse pensamento moralista que está invadindo o país, e que, no fundo, está em cócegas para desenterrar a velha caneta da censura usada na ditadura.
Mas até essa última terça-feira, não tinha aparecido um ataque tão escroto quanto esse.

Vi algumas postagens falando que a namoradinha do Brasil era uma bobinha, uma deslumbradinha, uma tontinha que não tinha percebido ainda em que pau foi amarrar sua égua, e por aí vai. Mas, claro, nada tão agressivo quanto esse post da Besta em forma de zé.

Ufa! Consegui, mantendo o nível possível, botar pra fora todo o meu desprezo por esse canalha.

Mas não sei, porém, o quanto mais vou me segurar, se comentar as recentes pérolas estapafúrdicas do nosso presidente: “se puder, confino ambientalistas na Amazônia” ou, pra fechar com chave de ouro, “pessoa com HIV é despesa para todos no Brasil”.

É muita canalhice numa semana só! Melhor parar por aqui!

Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 7/2/2020. 

Um comentário para “Vaginação”

  1. Graaande Vera Vaia. Esse canalha não merece nada, quanto mais um texto tão bom. Mas fazer o quê? Nossa tarefa (e a do Sandro sempre foi) é tentar impedir que os canalhas se apropriem do planeta. Cada vez está mais difícil. Mas a gente tenta. E você faz isso com brilhantismo. Bjs.

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