O Ministério da Saúde, comandado pelo ministro que se perpetuou como interino, anunciou essa semana a nomeação de um médico veterinário para coordenar o Programa Nacional de Imunização.
Depois de ler, reler, ouvir os noticiários e os comentários dos jornalistas, me convenci de que não era uma piada, embora parecesse uma.
Laurício Monteiro Cruz é especialista em saúde animal e presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Distrito Federal e agora foi designado para tratar da saúde dos brasileiros.
Ahn? E o que esse senhor vai fazer no Ministério da Saúde num momento tão importante quanto este de pandemia?
Supostamente o mesmo que o general Eduardo Pazuello está fazendo. Nada!
Até então todas as medidas de prevenção contra a Covid-19 tinham sido determinadas pelo ex-ministro Henrique Mandetta, e agora, com Pazuello, além de nenhuma providência ter sido tomada, o que já tinha sido implantado foi esquecido. Desde que esse senhor assumiu a cadeira o Brasil partiu para competir com os EUA em número de mortos e de infectados pelo vírus.
E não é porque ele não é médico, não! O José Serra (que Deus o tenha e que o Diabo o carregue se ele estiver mesmo envolvido em falcatruas), também não era, mas fez um excelente trabalho quando foi ministro do Efeagacê.
Pazuello, no entanto, se resignou em ser capacho de um presidente negacionista e adotou um caminho totalmente adverso ao do bom-senso
Pelo que se tem visto do presidente Jair Bolsonaro, a impressão que dá é que a ideia dessa nomeação partiu dele próprio com o único objetivo de “tirar uma” da cara do povo.
Tipo, vocês aí ficam chamando meus seguidores de gado? Pois tomem um veterinário pra cuidar de vocês. Eu não duvidaria disso. Ele tem todo o jeitão daquele tipo de engraçadinho que pede pra alguém puxar seu dedo só pra soltar um pum na cara do inocente, e gargalhar em seguida.
Pensando bem, a coisa toda faz sentido. Como o presidente já disse que ninguém pode obrigar ninguém a tomar a vacina, dando a entender que ele próprio não tá nem aí com ela, supõe-se que o departamento de Imunização seja só pra inglês ver mesmo.
E por falar em ignorância, a semana foi repleta de cenas inconcebíveis nesse momento em que as pessoas estão morrendo de baciada por causa de um vírus.
Aqui no Brasil, praias lotadas como se o Corona não frequentasse esses lugares. As imagens foram chocantes para quem só sai de casa pra botar o lixo fora. Gente grudadinha uma na outra, garçom servindo bebidas temperadas com perdigotos, vendedores de todo tipo de salgadinhos coronados, enfim, uma festa de arromba.
Mas teve jornalista bolsonarista que tentou amenizar a situação e espalhou fake news dizendo que o Estadão estava publicando fotos antigas de praia cheia no Rio. Coisa feia, seu Guilherme Fiuza. Passou recibo de otário à toa!
Lá fora, ficamos sabendo das manifestações no Reino Unido, na França, na Alemanha…de gente contra o uso de máscaras e contra a vacina.
Igualmente chocante. Especialmente por saber que não existe mais o Primeiro Mundo.
Que o que sobrou foi o cu do mundo, todos juntos, todos misturados no mesmo patamar de ignorância, e como resultado, um vírus que não para de circular. E de matar.
Só Jesus na causa com a ajuda dos Guardiões do Crivella.
E que Deus nos acuda!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 4/9/2020.