Brasil, 28/04/2020.
“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”, “Mas é a vida. Amanhã vou eu. Logicamente, a gente quer ter uma morte digna e deixar uma boa história para trás. O que eu mais quero é entregar um Brasil muito melhor do que eu recebi para quem vier me suceder.”
Que pessoa educada, humana, fina, que se compadece com a dor alheia, que se preocupa com a saúde da população, com o bem-estar de todos (tudo entre aspas, tálquei?), pronunciaria tais canalhices em meio a pior pandemia de todos os tempos?
Só mesmo um presidente tosco e irresponsável, chamado Jair Messias Bolsonaro, que de Messias só tem o nome. Aquele que não está nem aí com os familiares dos que estão morrendo. Aquele que não está nem aí com os profissionais da Saúde, que estão dando a vida (alguns literalmente) nessa batalha diária contra o Coronavírus. Aquele que não está nem aí com o povo que o elegeu.
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Precisar não precisa, mas não dá pra segurar a língua sobre essa outra fala estupida, que revela o mais insensível dos seres (não vou colocar humanos aqui, porque parece que ele não faz parte dessa classe), diante de mais de 5000 mortos pela Covid-19.
Ele já tinha dado várias demonstrações de insensibilidade quando deixou bem claro que estava mais preocupado com a Economia do que com o “virusinho” que ia matar um monte de véio, mas com essa declaração selou sua estupidez.
Destituir o ministro da Saúde porque ele insistia no isolamento social, e colocar uma assombração no lugar dele, foi o ó do borogodó.
Tirar o Mandetta que se baseava em números e estatísticas para tomar as devidas providências e colocar esse espectro para ocupar o cargo – Teich fez uma “aparição” na última quarta para dizer que não sabe quando será o pico da doença e que ninguém sabe – é uma clara demonstração de que ele, Bolsonaro, está se lixando para a contaminação e pelas mortes provocadas pelo Coronavírus.
Ele liga o seu “e daí? (leiam foda-se!) e toca o barco como se estivesse navegando em águas calmas.
Até seu amigo Trump ficou porraqui com ele.
Mas o bicho é duro na queda. Pra piorar as coisas, semana passada armou aquele salseiro todo e conseguiu tirar o Sérgio Moro do ministério da Justiça, só porque quer porque quer, dar o cargo de chefe da Polícia Federal, ao risonho Ramagem (só existe aquela imagem do Alexandre Ramagem ou ela tá sempre sorrindo?), e Moro não concordou.
Não concordou porque ele sabia das verdadeiras intenções do presidente Bolsonaro em relação à Polícia Federal. A de interferir na PF colocando um amiguinho dos filhos lá dentro, inteiramente ao seu dispor, que pudesse barrar as investigações sobre as rachadinhas do Flávio Bolsonaro e sua ligação direta com as milícias, ou sobre a investigação do outro filho Carluxo, envolvido até o pescoço com a farta produção e distribuição de Fake News, y otras cositas mas.
Mas, por enquanto, o Ramagem virou paisagem. O ministro do Supremo Alexandre de Moraes vetou a sua nomeação atendendo a uma ação movida pelo PDT, que declara “ilegalidade” na indicação.
No entanto, Bolsonaro falou que não vai desistir desse “sonho” e que ainda vai, não se sabe como, colocar o homem lá dentro. Foi o que ele disse durante o culto, digo, a cerimônia de posse do novo ministro da Justiça André Mendonca, um advogado que atuou até semana passada na AGU – Advocacia Geral da União – “terrivelmente evangélico”.
E isso é bom ou ruim?
Sabemelá! Mas como pastor ele deve saber como conduzir o gado (desculpa aí o trocadilho!).
Resta saber qual será o tom do berrante!
Oremos!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 1º/5/2020.