Manicômio!

Procurando ainda as palavras para definir a situação em que se encontra o mundo e, especialmente, a situação em que o presidente Jair Bolsonaro colocou o Brasil depois do seu pronunciamento da última terça-feira, mas não encontro.

Pelas redes sociais, muitas palavras, na maioria adjetivos desqualificativos, foram usadas para expressar a reação de cada um diante de um ato absolutamente insano do presidente que deveria estar mandando o povo ficar em casa para não colapsar o sistema de saúde, ao invés de mandar sair por aí, sem medo da “gripezinha”, do “resfriadinho”.

Mas como já usaram todas as expressões que eu conhecia, apelei para um antigo ditado que se encaixa direitinho neste momento em que vive nosso Brasil varonil: “Se cobrir com lona, é circo. Se fechar com muro, é hospício”.

Pelo que tenho acompanhado nas redes sociais, uma grande parte da população concorda que este país virou um circo, comandado por palhaço que não tem a menor graça e não entende nada da arte. E que, pior ainda, quer compensar sua falta de graça com atitudes desarvoradas e contrárias às do resto do elenco, só para mostrar que quem manda no circo é ele, o rei dos animais.

Outra parte acha que o Brasil virou um hospício, comandado por um louco cercado de loucos por todos os lados. Tem sentido! De repente, as informações sobre a crise do vírus que está assolando o mundo não devem ter transpassado as paredes reforçadas do manicômio.

Mas esse assunto já deu. Se ele gosta de bancar o imbecil diante de um assunto tão grave como esse, o problema é dele. Che me ne frega se isso lhe trouxer consequências políticas.

Quem tem um mínimo de inteligência, sabe que a quarentena é necessária, que temos de ficar em casa, sim. Que ninguém precisa ir dar lucro pro véio da Havan, o sonegador de imposto, ou pro seu Madero que tá cagando e andando se morrerem 5 ou 7 mil pessoas acometidas pelo Covid-19.

E neste país de meodeos, quando o próprio presidente não está fazendo uma besteira, seus filhos fazem por ele.

Esta semana Bolsonaro teve de ligar para o presidente chinês Xi Jinping para desfazer a burrada diplomática provocada pelo seu filho Eduardo Bolsonaro, o zero três (mais zero do que três) ao acusar a China de espalhar o Coronavirus pelo planeta.

Fico imaginando como foi a conversa.

Arô, Xinzinho!

Aqui é o Jair, pai do Dudu Bananinha.

Viu, tô ligando pra pedir pra você não dar bola pra ele. Dudu fala muita besteira. Acho que puxou o pai. Hahaha.

É blincadeila, talquei?

Vamos falar sério! Se a gente ficar de mal por muito tempo, os chinesinhos vão ficar sem nossa soja e nós brasileirinhos vamos ficar sem um monte de coisa que vêm daí. Se eu falar pra mulherada que não vai ter mais maquiagem e bijuteria baratinhas, elas me capam.

Entendeu, seu Xi?

Vamos esquecer essas bobagens e reatar nossos laços de amizade. Passa lá em casa um dia desses pra comer um pão com leite condensado. Tem também café flesquinho. Hahaha! Blincadeila, de novo!

Tamos conversados?

Então, tchau! Tenha um bom dia, ou já é boa noite?

Hahaha. Tô blincando.

Esta crõnica foi originalmente publicada em O Boletim, em 27/3/2020. 

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