Diga-me com quem andas…

… que eu te direi quem és. Bolsonaro desperta a curiosidade de muita gente. É natural. Um tenente expulso do Exército (foi a capitão por ser norma da época). Em seguida é eleito deputado e no Congresso passa 28 anos nas sombras, sem deixar uma marca positiva, apenas um ou outro relato de alguma ação negativa, resolve, junto com seus filhos, que vai ser presidente da República e consegue esse objetivo, tem mesmo que despertar curiosidade. É natural. Mais curiosidade ainda desperta a qualidade dos amigos que cultiva.

Podemos começar com o inacreditável Queiroz, sempre muito elogiado por Bolsonaro&Filhos. Pelas fotos onde aparecem os cinco amigos (o pai, os três zeros e o sorridente Queiroz), podemos perceber a forte ligação que os unia antes do Queiroz se transformar em um dos fantasmas da ópera na qual vivemos. Mas nada nos dá o direito de duvidar se a amizade persiste. São, é claro, almas gêmeas que se cultivam.

Mais recente é a amizade carinhosa entre Bolsonaro e o inconcebível Sergio Camargo, um negro que ocupa o cargo de presidente da Fundação Cultural Palmares que, como diz seu edital, é a “primeira instituição pública voltada para a promoção e preservação dos valores culturais, históricos, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira”.

O negro certo na fundação certa? Não, Leitor, é apenas o amigo do Bolsonaro que por gostar de holofotes foi premiado pelo amigão com esse cargo. Presente de grego aliás, já que o surpreendente Camargo.acha que a sua fundação abriga o movimento que ele adjetiva como ’escória maldita’ composta por ‘vagabundos’. O amigo de Bolsonaro ofende Adna dos Santos, a Mãe de Santo que ele chama de macumbeira, e a cantora Alcione, a quem agride de forma brutal. Tudo isso é fato, mas a foto da dupla Camargo-Bolsonaro é muito simpática ao revelar a alegria sorridente de Camargo ombro a ombro com o amigo.

Não tem moças no círculo de amigos fiéis do presidente, aqueles que com ele têm uma intensa afinidade? Claro que tem, sobretudo as pérolas plastificadas Zambelli e Sara Winter. Seus corações batem em uníssono com o de Bolsonaro.

E os militares? Cristo da Abadia, esses são amigos do peito que por um lapso expulsaram o tenente de suas fileiras, Hoje são os pilares do governo. São quem mais define quem é Jair Bolsonaro.

Por tudo isso eu penso que não é necessário acionar psiquiatras ou psicólogos para definir e explicar Bolsonaro, basta o velho ditado :” diga-me com quem andas que eu te direi quem és”.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, na Veja, em 5/6/2020.

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