Desânimo!

Dia de escrever o texto para a coluna semanal e não consigo me inspirar com as notícias que leio.

Os números de mortos e de infectados pela Covid-19 são desesperadores.

A falta de medicamentos para os doentes nos hospitais públicos é aterradora. Saber que um paciente entubado pode acordar a qualquer momento porque acabou a anestesia é de chorar.

O descaso do governo federal, que lavou as mãos (mas não literalmente, porém. Bolsonaro vive esfregando aquele nariz sujo nas mãos antes de distribuir cumprimentos), é desalentador.

E para deixar bem claro que não está nem aí com a pandemia o presidente manda um recado para quem cobra atitudes da parte dele: “Vão reclamar com os governadores e com os prefeitos”, o que equivale a dizer fodam-se!

Falar sobre a rachadinha do Queiroz que está desaparecida também não me anima. Alguma hora ela será encontrada em algum sítio de Atibaia. Parece que lá tem um monte que se presta a esse tipo de serviço.

Então vou falar daquele agora ex-advogado dos Bolsonaros, o tal Frederick Wassef, embora seja outro assunto pouco animador.

É revoltante quando uma figura dessas sai por aí dando entrevista, contando o tanto de lorota que conta, achando que as pessoas são estúpidas o suficiente pra acreditar que ele não sabia de nada, nem mesmo que o Queiroz estava na sua casa.

Tem dó, cara! Com esse lombroso aí duvido até que seu nome seja esse mesmo. Se tiver de passar por um polígrafo, vai dar perda total no aparelho.

Bah! Não tô com saco pra isso.

Vou ver lá nos sites de notícias se tem um assunto mais estimulante.

O que encontro?

Entre apavorantes nuvens de gafanhotos que ameaçam acabar com as plantações e assustadoras nuvens de poeira que se deslocam do deserto do Saara, viajam 10 mil quilômetros pelo Oceano Atlântico, para empoeirar a Flórida e até mesmo Cuba, encontro essa bizarrice que o Fausto Macedo publicou no Estadão: “Vereador de Bragança Paulista pode perder o cargo após cheirar calcinha durante sessão”.

Oi? Como assim?

Pois foi isso que aconteceu numa sessão virtual da Câmara Municipal de Bragança Paulista desta quinta-feira, 25/6.

O vereador do PSC Ditinho do Asilo (ó o nome da figura) não sabia que a câmera estava ligada enquanto a vereadora Fabiana Alessandri falava sobre corte de árvores na cidade, e acabou indo pro ar cheirando uma calcinha. Isso mesmo, cheirando uma calcinha!

Aí vem a pergunta: é pá ri o pá chorá?

Pensar que um cidadão sai de casa pra votar numa pessoa que vai, supostamente, representá-lo no município e depois descobre que parte do seu salário vai para pagar um cheirador de calcinhas é de doer.

Imagina o que deve cheirar essa pessoa quando não está numa sessão da Câmara!

Fala sério! Dá pra gente se animar com este país?

Como diria Charles De Gaulle (que nunca disse) ou Winston Churchill (como citaria Eduardo Bolsonaro), “Le Brésil n’est pas un pays sérieux”!

Este texto foi originalmente publicado em O Boletim, em 26/6/2020.

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