Quem não se comunica se trumbica, dizia o Velho Guerreiro. Chacrinha estava certo quando apregoava o bordão. Mas no que dependesse dos meios de comunicação daqueles tempos não era fácil. Pegava-se folha de papel e caneta. Lançava-se a escrita e levava-se ao correio. Ou redigia na máquina de escrever… e depois, correio.
O telefone, comunicação rápida, deixava de fora a maioria da população. Então (1972) surgiu aquele abrigo em forma de feijão, com um telefone público dentro. O orelhão salvava a situação. Já o fax, da década de 1980, servia empresas.
Eis senão quando, fins de 1990, surge o encantador telefone portátil. Logo o celular não é mais só um telefone. Além de câmara fotográfica, calculadora, gravador, leva a comunicação aos píncaros. Os usuários agora trocam mensagens de texto por aplicativos, eficientes e gratuitos.
Alguém se deu conta da novidade? As pessoas voltaram a redigir, como nos tempos das cartas. Textos geralmente curtos, muitos em grupos, como os da família, que colocam a comadragem (perdão, perdão) em dia. São… bilhetes digitais. Sem preocupação com a caligrafia e erros de português, pois a letra é uniforme e o corretor de texto, se obedecido, preciso.
Converso com Sergio Vaz todo dia, mas há muito tempo não ouço sua voz. Comentamos o noticiário, falamos sobre os textos que mando, como este de agora. Começa com um aviso: “Mandei textinho”. Ele devolve: “Maravilha”. Outros colaboradores oferecem textos mais completos, geralmente longos. Imagine quantas folhas de papel precisariam seguir pelo correio, se estivéssemos na época do Chacrinha, e Vaz tivesse uma publicação de papel.
Aproveitando as facilidades de hoje (e que não precisamos selar e pagar), estou pensando em mandar uma mensagem para minha irmã Yara, no Guarujá. Começa assim: “Espero que esta vá encontrá-la gozando de plena saúde…”. Na última troca de mensagens, ela me contou que a família havia ganhado um canarinho que não parava de cantar. Para eu entender melhor, me mandou uma mensagem de voz – no caso o canto da ave.
Julho de 2020