Um novo espetáculo para embalar fãs empolgados poderá agitar novamente o Autódromo de Interlagos. No mesmo espaço do recém terminado Lollapalooza, surgirá o… Lullapallocci. Isto é, Lulapalocci. Como, se o ex-ministro não poupou o ex-presidente em seus depoimentos à Justiça?
É que entrou um “tudo pela causa”. E a causa é esquecer pelo menos momentaneamente os rancores e tratar de içar o partido. A pièce de rèsistance será a leitura que Lula fará de seu artigo publicado na Folha do último domingo.
Mas, dirão os recalcitrantes, esse a militância já leu. Mas, ponderam os mais sábios, uma coisa é ler. Outra é ouvir a voz do líder, acompanhar a dramatização inconfundível de seus discursos. É possível quase senti-las quando se imagina como dirá:
– Duvido que tenham sono leve os que me condenaram numa farsa judicial.
– Nada encontraram para me incriminar.
– Era preciso impedir minha candidatura (à Presidência) a qualquer custo.
– Tudo o que quero é que apontem uma prova sequer contra mim.
– Por que têm tanto medo de Lula Livre, se já alcançaram seu objetivo que era impedir minha eleição se não há nada que sustente essa prisão?
Não haverá palco, mas sim o velho palanque de guerra. As atrações virão setorizadas. Tesoureiros condenados, por exemplo, serão chamados de uma vez. Para divertir a militância, surgirá, como convidada especial, Dilma Rousseff. Zé Dirceu não vai, porque ficaria esquisito ele em liberdade e Lula preso.
Espera-se, entre a platéia, animação semelhante à do Lollapalooza. Neste caso com camisetas vermelhas, cartazes, faixas – o kit completo. Mas há exceções. O “Lula-lá” está vetado, pois nos tempos de hoje esse “lá” poderia ser mal interpretado.
É preciso explicar que a realização do evento depende de a Justiça autorizar os presos a deixarem suas celas. Os advogados deles estão batalhando para conseguir autorização, mas a decisão talvez demore mais do que o desejável. O Supremo é o limite.
Abril de 2019